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Fatos Reais e Questões Políticas, Religiosas, Econômicas e Geografias

Por:   •  17/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.155 Palavras (9 Páginas)  •  218 Visualizações

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Criméia

Contexto Histórico

No século 18, a Criméia foi absorvida pelo império russo, e a base da Frota do Mar Negro foi fundada.  Entre 1853 e 1856, mais de 500 mil pessoas morreram na Guerra da Criméia entre a Rússia e o Império Otomano, o último apoiado pelo Reino Unido e França. O conflito resultou em uma virada no quadro diplomático da Europa, e serviu como precursor da Primeira Guerra.  Em 1921, a península, então povoada principalmente por tártaros adeptos do islamismo, se tornou parte da União Soviética. Os tártaros foram deportados em massa pelo líder soviético Joseph Stálin, no final da Segunda Guerra, por supostamente colaborarem com os nazistas.  Em 1954, a Crimeia foi transferida à Ucrânia, outra república soviética, por decisão de Nikita Khrushchev, sucessor de Stálin e ucraniano.

Fatos Reais e questões políticas, religiosas, econômicas e geografias

A crise na Ucrânia teve início, em novembro de 2013, quando o então presidente Viktor Yanukovich (deposto recentemente, em fevereiro) rejeitou assinar o acordo de livre-comércio e associação política com a União Européia (UE), declarando que buscaria firmar relações com o seu principal aliado comercial, a Rússia. A Rússia, em troca, ofereceu ao governo ucraniano um pacote de ajuda financeira avaliado em US$ 15 bilhões e, ainda, a redução do valor do gás importado para o país.  A União Européia, na verdade, esperava firmar acordos com mais cinco ex-repúblicas soviéticas, a saber: Geórgia, Moldávia, Bielo-Rússia, Armênia e Azerbaijão. No entanto, ela só conseguiu com a Geórgia e a Moldávia, que são pequenos países sem grandes projeções econômicas.

 Das quatro que rejeitaram o acordo com o bloco econômico europeu, a Ucrânia é a mais importante, sobretudo, por sua localização estratégica tanto pelo acesso ao Mar Negro e, a partir deste, ao Mar Mediterrâneo quanto à Europa Oriental, como também por seu potencial econômico (tecnologias bélica e aeroespacial de ponta, extração de minério de ferro e produção de aço, principal produto de exportação de Kiev), entre outros. Para a Federação Russa, motivos não faltam para justificar a sua pressão sobre o governo ucraniano para fechar acordos comerciais com Moscou e abdicar da aproximação com o Ocidente através da União Européia. Além de fortes laços históricos e culturais, que os mantêm ligados, herança do período da Guerra  Fria e de outros registros, que servem como esteio às relações políticas e comerciais, a Ucrânia firmou um acordo com a Rússia, desde 2010, no qual ela autoriza a presença de forças armadas de Moscou na República Autônoma da Criméia.

A Ucrânia abriga, até hoje, instalações militares e mísseis da antiga URSS. Ademais, é dependente do gás natural e do petróleo da Rússia, além de ser considerada de grande relevância geoestratégica para os russos em razão do escoamento destes combustíveis fósseis através de gasodutos e oleodutos em seu território.

 

Pois bem, logo após a rejeição ao acordo com a União Européia, uma onda de manifestações populares, denominada de Euromaidan ("Europraça"), marcou o país na tentativa de fazer o governo ucraniano voltar atrás em sua decisão,exigindo a integração do país à UE.  Mas, como reflexo de sua grande diversidade étnico-cultural, as divergências políticas também se mostraram na população, dividida, quanto apoio às partes desta relação comercial com a União Européia ou com a Rússia. Em razão deste seu legado histórico e cultural, marcado, entre outros fatos, com o seu ingresso na URSS (1922) e, depois, com a sua independência após o desmantelamento da União Soviética (1991) e, ainda, no âmbito da Guerra Fria, com a anexação da República Autônoma da Criméia em seu território (1954), a população ucraniana se mostra dividida, nos levando a perceber que o seu território é assinalado por mais de uma Ucrânia, tal como cita FERNANDES (2014), em seu artigo “Ucrânia: as três dimensões do conflito”:

Por fim, está sempre presente a diversidade regional, histórica,

cultural, religiosa e linguística da Ucrânia,

que se traduz em mentalidades e interesses

por vezes opostos entre a Ucrânia Ocidental e a Oriental

— para não falar na Criméia —

e que se pode resumir numa fórmula:

‘Há várias Ucrânias’.”

 Ou seja, o conflito iniciado após a desistência do governo em associar-se, política e comercialmente, com a União Européia - sob forte pressão da Federação Russa - foi  alimentado pela posição controversa de sua população dividida, concentrando a oposição nas regiões Norte e Oeste do país (inclusive, na capital Kiev), onde se verificam tendências ocidentais (européia), favoráveis à associação comercial à UE. Em contrapartida, nas regiões Leste e Sul da Ucrânia, a população é predominantemente russa ou mantém costumes russos, sobretudo, a língua. A população destas regiões demonstrou total apoio à decisão do presidente Viktor Yanukovich. Étnica e culturalmente, cerca de 20% da população ucraniana é de origem russa. A crise se agravou com a intervenção violenta da polícia nas manifestações populares, com registros de feridos e de prisões de manifestantes. As primeiras vítimas fatais ocorreram em janeiro deste ano, aumentando mais ainda o clima hostil entre as partes (manifestantes x manifestantes e manifestantes x governo). Em janeiro do ano em curso, as negociações estabelecidas entre a oposição e o governo não tiveram sucesso. Outros fatores contribuíram para o acirramento dos conflitos, como a insatisfação da população com o regime autoritário e corrupto do governo na Ucrânia e, posteriormente, com a intervenção direta da Federação Russa, inclusive, com ameaças de sanções comerciais ao país e a presença de tropas russas em seu território (terrestre e marítimo). Atendendo as reivindicações dos manifestantes e, ao mesmo tempo, alegando que sua atitude foi uma tentativa para solucionar pacificamente a crise, o Primeiro Ministro da Ucrânia, Mykola Azarov, renunciou ao seu cargo no final do mês de janeiro, mas de nada adiantou, pois os protestos nas ruas continuaram. O governo ucraniano, então, sancionou novas leis que limitam os protestos populares e reprimiu severamente, com muita violência, os manifestantes, sobretudo, aqueles que tomaram praças e prédios públicos. Armas de fogo foram usadas por ambas as partes e o número de mortos, no final de fevereiro, chegou a oitenta e duas vítimas fatais. No dia 22 de fevereiro, o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich foge do país, indo para a Rússia. Ele é deposto pelo Parlamento. Com isso, um novo governo, interino, passa a ser montado, cuja responsabilidade de reestruturação do poder fica a cargo da própria oposição ao governo, grupos de manifestantes e ativistas, os quais foram denominados de Comitê ou Conselho de Maidan (principal acampamento dos protestos em Kiev, capital do país). Um dia depois da deposição de Viktor Yanukovich, foi nomeado - como o presidente interino (Chefe de Estado) – o líder do Parlamento, Oleksander Turchinov, que ficará no cargo até às próximas eleições presidenciais, as quais foram antecipadas para o dia 25 de maio. A nomeação do novo Chefe de Governo (Primeiro-Ministro) aconteceu no dia 24 do mesmo mês, para o qual foi nomeado Arseniy Yatsenyuk, líder do Partido Fatherland e um dos principais nomes da oposição durante as manifestações de rua. Tais medidas foram consideradas pela população Pró-Rússia (população das regiões Leste e Sul da Ucrânia), assim como da Criméia e da própria Rússia, como um Golpe de Estado. Com isso, as tensões separatistas na região da Criméia se intensificaram com o embate entre os grupos de manifestantes pró-Rússia e pró-Kiev. Rumores foram espalhados, no mesmo dia da nomeação do Primeiro-Ministro, sobre a separação da região da Criméia ser discutida na mesma sessão. Boato este, desmentido pelo presidente do Parlamento, Volodymir Konstantinov. Durante tal confronto, os manifestantes anti-Rússia (pró-Kiev) chegaram a invadir o prédio do Parlamento da Criméia. Em virtude da crescente tensão militar na República da Criméia, o Senado russo aprovou o pedido do presidente Vladimir Putin, e tropas russas foram enviadas para a região, agravando o clima de instabilidade política. Nesta conjuntura, a crise da Criméia é instalada não só com os confrontos populares diretos, mas  também pela presença de tropas da Rússia região. A República Autônoma da Criméia acabou tornando-se alvo de disputa e de grande tensão entre os dois lados, a chamada “Ucrânia Ocidental” e a “Ucrânia Oriental”.

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