Linguistica Textual
Exames: Linguistica Textual. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: vnogueirabrito • 20/8/2014 • 9.400 Palavras (38 Páginas) • 543 Visualizações
APRESENTAÇÃO:
A abordagem desta disciplina, “Teorias do Texto”, abrange o estudo teórico do texto e contexto a partir da perspectiva Sócio-interacionista e da Lingüística Textual, visando a destacar as principais teorias de processamento cognitivo do texto. Sendo assim, este estudo acerca do universo textual
será desenvolvido considerando um panorama que vai desde o nascimento de uma Lingüística do Texto no contexto das análises transfrásticas, passando pela caracterização e diferenciação das modalidades oral e escrita, até as inter-relações que a Lingüística Textual faz com as diferentes
linhas teóricas de estudo do texto: a Sociolingüística, a Pragmática, a Análise da Conversação e do Discurso, bem como, enfaticamente, as principais teorias de leitura de texto.
Tal panorama pautar-se-á pelo caráter multi e transdisciplinar dessas teorias, cuja preocupação maior é o texto (como processo complexo de interação e construção social de conhecimento
e de linguagem que envolve ações lingüísticas, cognitivas e sociais na sua organização, produção e funcionamento), e que levam o aluno a refletir sobre o funcionamento da língua nas diversas situações de interação verbal e social, sobre o uso dos recursos que a língua lhe oferece, sobre a adequação dos textos a cada situação, bem como sobre o papel da leitura no processamento cognitivo do texto, tendo em vista o leitor analisador e leitor (re)construtor.
1 A LINGÜÍSTICA TEXTUAL E SUAS FRONTEIRAS: PERCURSO HISTÓRICO, OBJETO DE ESTUDO, CATEGORIAS TEÓRICAS E DE ANÁLISE
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1. O nascimento de uma Lingüística do Texto
Por mais que pareça óbvio entender o texto como unidade de análise lingüística e por mais que se faça evidente a necessidade de estudá-lo em sua estrutura e construção, desvendando o
seu processamento, organização, modalidades e gêneros, é bom lembrarmos de que isso nem sempre foi um consenso e que tais idéias nem sempre foram aceitas (superficialmente, entenda-se
por “Lingüística” a ciência da linguagem).
O campo científico denominado Lingüística Textual nasce de um intenso e extenso esforço teórico que defende que toda a Lingüística é necessariamente Lingüística de Texto (Cf. KOCH, 1997a; DIJK, 1972; MARCUSCHI,1983). Tal visão e método científicos confrontam-se e opõem-se fortemente ao campo teórico da Lingüística Estrutural, movimento pioneiro e demarcador dos estudos lingüísticos no parâmetro científico, que teve seu período de ascensão e reconhecimento do final do século XIX até a metade do XX, aproximadamente, e que traz como fundamentos balizares as idéias postuladas pelo lingüista suíço Ferdinand Saussure.
Em função de seu crescente avanço, desenvolvimento e sucesso, a Lingüística Estrutural acabou chamando a atenção de outros olhares teóricos também relacionados à linguagem para além do formalismo estruturalista (história, antropologia, sociologia, etnometodologia, psicologia etc) e cresceu ainda mais a necessidade de ampliar seus domínios, bem como o interesse em sanar possíveis lacunas e insuficiências dessa ciência piloto, afinal uma ciência nunca está fechada, pronta e acabada.
Nesse sentido, a partir da década de 60, surgem lugares de ruptura na fronteira com o Estruturalismo lingüístico e dissidências se fazem, constituindo (a partir de vários aspectos teóricos lacônicos, insuficientes, pouco explorados, marginalizados etc) novos campos teóricos da lingüística, a maioria deles em franca ruptura com algumas das idéias do estruturalismo lingüístico, por exemplo:
a sociolingüística
a etnolingüística
a psicolingüística
a neurolingüística
a pragmática
a análise da conversação
a análise do discurso
a semântica
a gramática gerativo-transformacional
e especialmente aqui a Lingüística Textual, entre outros campos, é claro.
Em outras palavras, ainda que se reconheça a suma importância da Lingüística Estrutural, o quadro teórico da Lingüística atual retrata diferentes linhas teóricas que se instauraram a partir da tentativa de superar os equívocos e de preencher as lacunas e insuficiências deixadas pelo Estruturalismo lingüístico. Insuficiências estas relacionadas a questões como:
a dicotomia Língua x Fala (e desconsideração da Fala)
a desconsideração dos aspectos Extralingüísticos
a autonomia do objeto de estudo (Língua)
a desconsideração do Sujeito (desconsideração da Fala, portanto, do Falante)
a unidade de análise centralizada na Frase
a separação do Enunciado de sua Enunciação
o pouco caso relegado ao estudo da Significação e do
Sentido entre outras questões de igual modo importantes.
As diferentes linhas lingüístico-teóricas anteriormente citadas romperam com o estruturalismo lingüístico, cada uma em função de um(ns) ou outro(s) aspecto(s) e a partir disso delimitaram seus
limites de pesquisa sobre a língua(gem). No caso da Lingüística Textual, todos esses aspectos negligenciados pela tradição estruturalista justificaram a delimitação/instauração do campo
de Estudo do Texto, alguns mais crucialmente que outros:
Tais aspectos caracterizadores da tradição lingüístico- estrutural levaram esse “lugar de ruptura teórica” a empenhar- se em ir além dos limites da frase, em reintegrar o sujeito e a situação sócio-comunicativa ao escopo de investigação teórica e em desenvolver e ampliar o estudo do texto em suas a delimitação da frase (e não do texto) como unidade máxima de análise a desimportância relegada ao texto e sua organização global a desconsideração da Fala (do texto falado) e seus aspectos funcionais e organizacionais e, por fim, a total desconsideração do sujeito (Falante)
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