Linguistica Textual

Artigo de Opinião

Copa do Mundo no Brasil

Um grande assunto do momento relaciona a falta de investimentos na saúde dos brasileiros com a Copa do Mundo no Brasil. Tal assunto, sem relação plausível, assemelha-se ao jogo de perguntas com que antigamente afligiam crianças: Tu gostas mais do teu pai ou da tua mãe? E hoje, numa extensão igualmente angustiante, mais da Saúde ou da Copa do Mundo?

Nesse caso, são dois elementos importantes, mas sem muita profundidade comparativa entre si, pois quem conhece um pouco de história sabe que a última Copa do Mundo no Brasil foi disputada em 1950, portanto, há mais de 60 anos. Se os investimentos em saúde não foram feitos nesse tempo todo, é prova que eles pouco estão relacionados com as copas do mundo de futebol.

Para os otimistas, a mobilização para a Copa do Mundo, e para as Olimpíadas, pode ser o start, o estopim para realizações ainda maiores. Vejam que, depois das Olimpíadas de 2000, muitos conheceram e começaram a olhar com alguma admiração a Austrália (...). Por aqui, qualquer factoide cola imediatamente e não são contestados nem por aqueles que vivem do esporte. Via de regra, o brasileiro não se julga merecedor de felicidade alguma, (...) haja vista que muitos países queriam sediar a Copa de 2014 e não conseguiram.

Se, em poucos anos, vamos ser os anfitriões e receber aqui o mundo todo, talvez devêssemos antes dar uma espiadinha para ver se esse gigante continua adormecido, ou se já está morto mesmo. É preocupante a inanição, a falta de vontade para com a Copa do Mundo num país que já foi conhecido como o país do futebol. Tudo tem seu tempo certo, e passar a limpo, fora de ocasião, todas as nossas carências, além de perder a concentração na conquista, não se fará nem uma coisa nem outra; nem a Copa nem os investimentos sociais. A timidez da nossa sociedade destoa da garra e da vontade de ganhar daqueles que se tornam vitoriosos em qualquer parte do mundo.

Muitos falam em corrupção na construção de estádios e infraestruturas. Ora, a corrupção é uma questão da Justiça e, se ela é fraca, não é por culpa da Copa do Mundo. (...) Desde sempre, o desequilíbrio entre os Poderes nacionais, a fragilidade em qualquer um dos nossos três pilares pode, não só tirar a pureza e a alegria de um evento desportivo, mas fazer ruir todo o edifício da democracia.

Saudemos a ética e os verdadeiros desportistas, pois com tantos interesses alheios atrapalhando ou puxando contra, eles conseguem fazer bonito em diversas modalidades. (...) É bom lembrar que o esporte também é saúde e entusiasmo e, por isso, não deveria ser alvo de qualquer espécie de demagogia, e nem desse baita negócio em o transformaram.

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