Violencia contra Mulher
Por: Lucas Santana Silva • 4/11/2015 • Artigo • 861 Palavras (4 Páginas) • 381 Visualizações
Alugam-se mulheres: a perpetuação da cultura do estupro
There is no free lunch ou "There ain't/is no such thing as a free lunch" (Não existe almoço grátis), essa frase passou a ser utilizada quando alguns restaurantes forneciam almoço gratuito para os clientes que comprassem bebidas. Como os alimentos eram, normalmente, muito salgados, os homens ingeriam mais cerveja que o normal. Essa frase, mesmo sendo da primeira metade do século passado, não poderia ser mais atual. Se não se está pagando para consumir uma mercadoria, você não a consome, você é, na verdade, consumido. Um exemplo simples são os canais televisivos abertos: o tempo do indivíduo que assiste é o produto pago pelas empresas ao fazerem suas publicidades. Não é ele que está no controle, ele é apenas um objeto. O mesmo acontece nas festas em que mulheres não pagam, ou pagam menos que os homens. Com o objetivo de ter mais mulheres no ambiente, esse tipo de festa promove a objetificação destas ao dizer 'teremos muitas, podem escolher'. Além disso, não são raros os casos em que as 'FREE' são pré-selecionadas e as mulheres que não atendem certo padrão de beleza são descartadas.
Além de essas festas promoverem tal objetificação, elas, muitas vezes, financiam a cultura do estupro. Isto é, ao fornecerem open bar às mulheres que forem sem calcinha ou com vestido curto –cada festa tem seus critérios, cria-se uma relativização do consentimento feminino para o sexo. Ao criar uma atmosfera com mulheres embebedadas, os homens passam a acreditar que é mais fácil conseguir sexo. Isto é um mito. É mais fácil conseguir um estupro. Se o indivíduo não tem plena consciência de seu ato, seja por alucinógenos, bebidas ou outros tipos de droga, ele não pode consentir por não ter plena faculdade mental. O sexo praticado nessas condições é configurado estupro e deve ser denunciado.
O problema maior é quando esse tipo de festa acontece em universidades. Em tese, o campus deveria ser um lugar com pessoas esclarecidas e com bom senso. Todavia, não é o que acontece. Exemplo disso foi a calourada das engenharias no início de 2015 na UFG. Os organizadores prometeram Open Tequila para mulheres com vestidos ou saias curtas, claramente o intuito é facilitar o ‘sexo’. Felizmente o CREA e a própria UFG se manifestaram contrários à organização da festa. Porém, isso não muda o fato de diversas universidades se manterem caladas quanto a casos de assédio e estupro de suas alunas (exemplo é a medicina na USP, regida por uma lei de silêncio que raramente é descumprida) e, que em todos os âmbitos da sociedade, a mulher ainda é vista como um objeto sexual, como um ser não pensante.
A cultura do estupro e a objetificação feminina estão, infelizmente, enraizados na nossa sociedade. Sendo assim, é fundamental que toda a sociedade mobilize-se contrária a isso. Vale ressaltar, ainda, que estupro não é apenas o que a PL 5069/13 considera. Segundo ela, só são considerados os casos em que há danos físicos ou psicológicos comprovados. Estupro é todo ato sexual sem o consentimento de uma das partes. A população tem a obrigação de denunciar quaisquer infrações sexuais cometidas, só assim, e com a punição dos criminosos, as mulheres conquistarão o direito de beber e andar nas ruas sem medo da ‘supremacia masculina’
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