A Necessidade das Forças de Operações Especiais na Guerra de 4ª Geração
Por: mochao100 • 3/8/2021 • Artigo • 1.977 Palavras (8 Páginas) • 99 Visualizações
Assim como a sociedade evoluiu, com a acelerada globalização das últimas
décadas, as guerras também evoluíram, obrigando os exércitos a se adaptarem às táticas
e doutrinas atuais. Os meios de informação ditam o ritmo do campo de batalha,
tornando as dimensões do combate muito abstratas.
Nesse contexto, inicia-se a guerra de 4ª geração, na qual a participação de grupos
extremistas e organizações criminosas, demonstra-se cada vez mais real. Esses grupos
estabelecem suas redes de ordens e de recrutamento com auxílio desses meios de
comunicação gerando uma consequente descentralização do conflito.
Acerca disso, demonstra-se imperativa a utilização das Forças de Operações
Especiais (FOpEsp), por possuírem o adestramento, doutrina e capacitação para
combaterem esse tipo de atividade que antagoniza os Estados Nacionais nos dias de
hoje.
O conceito de “Guerra de 4ª Geração”
Para entender as quatro gerações das guerras, é preciso saber que o ser humano
entra em conflito desde tempos muito antigos. Segundo o General Álvaro de Souza
Pinheiro, analista militar especializado em guerra irregular e contraterrorismo:
A 1ª Geração se inicia no século XVII e se caracterizava principalmente pelo
emprego de enormes exércitos e o confronto direto. O auge dessa geração foram os
confrontos napoleônicos.
A 2ª Geração teve como grande exemplo a 1ª Guerra Mundial (GM) e
demostrava a importância da superioridade de fogos.
3ª Geração se caracterizava pela manobra. Blitzkrieg, a guerra relâmpago de
Hitler é o maior exemplar disso, destacavam-se os ataques rápidos e de surpresa,
evitando que o inimigo se organizasse.
Obs.: É importante destacar que as três primeiras gerações tinham como os
protagonistas os Estados Nacionais envolvidos nos conflitos. Na grande maioria das
vezes, o envolvimento de grupos externos não tinha grande impacto.
Por fim, na 4ª Geração, conceito introduzido por William S. Lind, o conflito
passa a ser descentralizado. O campo de batalha não é apenas geográfico, mas político,
tecnológico, econômico e social. Agora, juntamente aos Estados Nacionais, também
existe a atuação de forças militares privadas, forças extremistas (religiosas, sociais ou
étnicas), organizações criminosas, etc. as quais atuam principalmente com táticas de
guerra irregular. Nesse contexto, os combates urbanos e a consequente participação da
população civil são características chave da 4ª geração.
As atividades dos grupos insurgentes são favorecidas pela existência dos meios
de informação que facilitam a sua comunicação e coordenação. Ademais, ocorre o
aumento da visibilidade das ações das forças de segurança, à medida que a 4ª geração
conta com uma grande cobertura midiática, fato que pode favorecer ou não as forças de
defesa conforme as operações conduzidas influenciarem positivamente ou
negativamente as populações locais.
Histórico das Forças de Operações Especiais (FOpEsp)
As primeiras equipes de combate especializadas surgiram no final do século
XIX, durante a Guerra dos Bôeres, em que o exército da Índia Britânica empregou os
Batedores Gurka e o Corpo de Guias, guerreiros que realizavam ataques pontuais à
estruturas estratégicas do inimigo. Todavia, as primeiras unidades especiais aos moldes
que conhecemos hoje surgiram durante a 2ª GM. Os “Commandos” (termo que veio a
partir da designação Kommandos, que era dada pelos colonos bôeres aos batedores
Gurka) britânicos foram formados em 1940 e segundo Churcill eram “tropas altamente
treinadas que podiam desenvolver um reino de terror nas linhas inimigas”. A unidade
foi criada pelo Coronel Dudley Clarke e era qualificada e adestrada para operar atrás das
linhas inimigas realizando ações rápidas e de grande impacto estratégico às forças
oponentes.
No Brasil, as primeiras ações com características especiais remontam ao século
XVII, quando os brasileiros, frente aos holandeses, uma tropa numericamente e
tecnologicamente mais preparada, tiveram que desenvolver táticas de guerrilha e
emboscada para combater utilizando a furtividade e o conhecimento do terreno.
Segundo a página do Exército Brasileiro na web, Guerra Brasílica é o nome dado a esse
conjunto de doutrinas de combate e, que são até hoje reverenciadas por integrantes de
unidades especiais. Prova disso é que o patrono das Forças Especiais é Antônio Dias
Cardoso, também conhecido como mestre das emboscadas, um militar português que foi
um dos precursores da Guerra Brasílica.
Ao avançar pelo século XX, com os aprendizados da 2ª Guerra Mundial, o Brasil
verificou necessária
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