A Reforma Psiquiatra
Por: Tayane Sousa • 13/8/2021 • Trabalho acadêmico • 1.270 Palavras (6 Páginas) • 187 Visualizações
CURSO: Especialização em Saúde Mental
DISCIPLINA: A Reforma Psiquiátrica e as Políticas de Saúde Mental
PROF (A): Daniene Cássia dos Santos
ALUNA: Tayane do Nascimento de Sousa
Resumo comentado do artigo “Clínica e cotidiano: o CAPS como dispositivo de desinstitucionalização”
Os centros de atenção psicossocial surgiram como um dispositivo estratégico de política pública de assistência à saúde mental, o surgimento desse dispositivo já tem alguns anos e com os anos surgiram alguns pontos relevantes a serem pensados sobre o principal desafio que é a desinstitucionalização e como o modo de cuidado estar sendo gerado e não só como um mero estabelecimento de saúde. A lógica de atenção como cita Leal e Delgado (2007, p.137) não é algo abstrato ou impalpável, esse é um conjunto heterogênio de discursos, estruturas e também instituições que fazem ligações para que se possa estabelecer esses tais elementos, o CAPS tem um lugar necessário para produção da relação e experiência dos usuários com a loucura, sendo ele um instrumento necessário para repensar o cuidado e pensar novas formas de se organizar diante as demandas que surgem.
Para se tornar uma ferramenta de desinstitucionalização segundo os autores é necessário, ter pontos específicos a percorrer. Em todo a história percorrida até esse momento, houveram pontos observados no cotidiano do serviço que serviram como uma forma de perceber o serviço por diversos ângulos e por diversas percepções, o texto nos diz sobre um tripé no qual foi percebido como foi o caminho dessa organização institucional, nesse tripé estar a rede, a clínica e o cotidiano do serviço, cada um deles tem seu papel fundamental na sustentação do serviço, assim como apoio indispensável no que se diz estratégia “caps” de cuidado. Nesse serviço é necessário pontuar que sem o tripé não podemos pensar no CAPS como um instrumento de desinstitucionalização, no qual se almeja como ponto crucial no que tange o novo modelo de prática de saúde mental e antimanicomial.
É importante que o CAPS seja um serviço que possibilite a saída dos usuários, para que seja pensado como um modelo de fato desse novo olhar do cuidado, o cuidado que não precisa trancafiar o usuário mas sim possibilitar que este tenha sua autonomia como sujeito, no momento atual no Brasil aproximadamente 40.000 pessoas estão internadas e desse número muitas pessoas dependem do hospital ou vivem nele. A saída do sujeito para o convívio na sua comunidade não é tarefa fácil e se torna mais complexa se este sujeito passou por longos anos de internação, por vezes estes sujeitos retornam para comunidades terapêuticas ou até famílias substitutas o que se torna como uma nova adaptação ao meio que irá ser inserido, são estes desafios que se faz necessário pensar, há uma necessidade de fortalecimento dessa rede de atenção, assim como uma rede de suporte e acolhimento, a complexidade desses pontos tornaram-se evidentes na caminhando do serviço como destaca Leal e Delgado (2007), mas há também a necessidade de observar as outras variáveis que compõem o tripé, como a clínica e o cotidiano, formulações necessárias ao processo de desinstittucionalização, que os autos trazem como proposito principal dessa reflexão.
É levantado no texto dois grandes sentidos no campo da atenção psicossocial, o primeiro é o agenciamento de saída dos sujeitos com transtornos mentais graves dos hospitais psiquiátricos para a comunidade, sendo assim garantido o seu cuidado na cidade, e o segundo é o enfretamento da alienação na qual qualquer um estar sujeito no decorrer da vida cotidiana, que pode ser promovida pelo manicômio, assim como em outras instituições com características totais, os autores afirmam que as duas características indicam uma complexidade neste processo além de se completarem, podemos considerar que esse grupo de pessoas não é qualquer grupo e sim um grupo que é composto por usuários que têm transtornos mentais graves, ou seja se há um interesse de pôr em evidencia o modo particular de existência e como estas constituíram o seu modo de existir e a sua relação com o mundo. Os indivíduos que ocupam este espaço do CAPS tem suas particularidades e a necessidade de criar novas formas de interação e relação com o social, podemos compreender então que a dimensão patológica mostra-se como uma dificuldade de dois caminhos, a primeira se dar no que tange a dificuldade com o meio, ou melhor expondo a dificuldade de adequação como meio, não pode-se ter como objetivo somente essa adaptação do sujeito ao meio, pois assim se cria estratégias que fazem que o olhar do cuidado passe pelo sujeito sem o perceber, desconhecendo o sujeito como ele é, um sujeito de particularidades e experiências únicas que o tornam diferenciáveis aos outros por mais que suas patologias estejam endereçadas com a mesma nomenclatura, sendo possível observar por vezes que no serviço o sujeito não é olhado com esse olhar que perceber suas particularidades e seu modo de existir, levando em consideração fatores externos ao seu modo de existir. Quando tais abordagem não tem essa percepção acerca do sujeito, este passa a ter que lidar com exigências maiores no seu processo de adaptação com o exterior, podendo assim surgir um outro processo de alienação, podendo se comparar com uma nova forma de instituição. Pode-se fazer algumas indagações que foram percebidas durante todos esses anos operando o cuidado, de como sujeitos que não passaram por longos anos de internação ou com um comprometimento grave de seu processo de adoecimento mostram-se por vezes uma relação tão empobrecida acerca de suas relações com o Eu e o exterior, como o CAPS lida com essas demandas que de uma forma ou outra pode fazer parte de um serviço que deseja caminhar por outro olhar sobre a saúde mental, esse é um questionamento que os autores fazem e que podemos afirmar como sendo um dos maiores desafios do centro de atenção psicossocial, o de não reproduzir os velhos modelos de olhares para a saúde mental, tais como asilos e manicômios.
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