A ética nas relações empresariais brasileiras
Artigo: A ética nas relações empresariais brasileiras. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: antonioagrovecal • 3/6/2013 • Artigo • 948 Palavras (4 Páginas) • 466 Visualizações
A ética nas relações empresariais brasileiras
artigo de Joaquim Manhães Moreira
21 jun 2004
A verdade é que a consciência ética das grandes organizações ainda não atingiu os relacionamentos dessas entidades com seus funcionários e fornecedores
A ética, preocupação crescente dos seres humanos nesse início de século, se aplica a todas as relações humanas. Os princípios éticos se aplicam desde as relações desenvolvidas na família, na comunidade, na sociedade, na política, até aquelas que têm como uma das partes as organizações criadas pela humanidade, sejam elas instituições governamentais, sejam as privadas, destacando-se dentre essas últimas as empresas.
No setor privado o tema ganha particular importância nos relacionamentos mantidos pelas organizações empresariais, sejam eles internos, estabelecidos entre as empresas e seus administradores e empregados, sejam eles externos, dessas mesmas entidades com os seus clientes e fornecedores de bens e serviços, com os concorrentes, com os governos e com as coletividades.
A realidade é que internamente as empresas estimulam a competição desenfreada, a luta contínua pelo alcance e manutenção do poder, assim como pelo reconhecimento individualista. Visam com tais práticas obter os resultados econômicos desejados através do apelo aos instintos materialistas e egoístas dos seus profissionais (acumulação patrimonial, respeito social utilitarista, etc). A palavra de ordem nesse ambiente é a de "tudo pelo resultado".
Muitas dessas organizações procuram aliviar as consciências dos seus administradores, mediante a promoção de ações tímidas, como dedicar um dia do mês para trabalhos comunitários e outras do gênero. Mas de que adianta estimular a solidariedade e o respeito aos necessitados em um único dia do mês, e estimular os profissionais a passar todos os outros dias tirando o maior proveito possível, mesmo quando injusto ou indevido, da sociedade como um todo? E mantê-los lutando pelo poder a qualquer custo, em um "canibalismo profissional" sem limites?
Uma primeira consequência da realidade aqui apontada é a criação de um ambiente de trabalho propício ao abuso de poder, refletido em atitudes desde a lealdade única ao chefe de plantão e aos resultados imediatos e não à empresa, passando pelo clima do "apoio-te se me apoiares", até a submissão ao assédio sexual em todos os níveis, em relação a ambos os sexos. No caso do assédio sexual a imprensa tem noticiado o quanto a prática é "socialmente aceita".
Já nos relacionamentos externos das empresas os deslizes éticos das grandes organizações atualmente costumam se refletir muito mais nos seus relacionamentos com os seus fornecedores do que com os seus clientes. Os clientes, principalmente aqueles pertencentes à iniciativa privada, quase sempre têm acesso a níveis "descontaminados" das grandes organizações que lhes são fornecedoras. E nesses níveis elevados podem, sem receio, apresentar as suas reclamações, sem se exporem a riscos de vinganças. O mesmo não acontece com os fornecedores, que quando têm os seus direitos legítimos violados, acabam sem um caminho válido para se defender, sob pena de serem excluídos do "privilegiado quadro de fornecedores qualificados", na verdade um simples rol de "vítimas de executivos de carreira".
São exemplos dessas violações éticas: informação ao fornecedor de quantidades irreais de potenciais fornecimentos, para levá-lo a fazer cotações mais baixas e com isso poder adquirir por um preço injusto quantidades menores do que aquelas que o proponente esperava fornecer; pretensão de obter do fornecedor o "custo zero" ao invés de lhe pagar o justo valor pelo seu produto ou serviço; negativa (ou postergação de apresentação) ao fornecedor de serviços remunerados com base em resultados, de dados e informações que possam levá-lo a calcular com precisão a sua parte no benefício; descumprimento
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