Analise ergonomica do posto de trabalho de uma cabeleleira

Analise Ergonomica : Estudo de caso de posto de trabalho de uma cabeleireira[1]

Laura Scarpatto Ramos[2]

Lucas Chaves de Souza Camargo[3]

Maicon dos Santos[4]

1 INTRODUÇÃO

O mercado de beleza brasileiro tem chamado a atenção de diversas marcas em todo o mundo. Ele já representa 11% do mercado mundial e deve ocupar o 2º lugar em consumo nos próximos cinco anos, segundo dados do Euromonitor Internacional.

Com a ascensão desse mercado cresce paralelamente os problemas relacionados á saúde e bem estar dos profissionais desta área. Uma cabeleireira, por exemplo, é submetida todos os dias à diversos riscos que podem comprometer sua saúde, como a exposição a produtos químicos e ruídos, movimentos repetitivos, extensa jornada de trabalho, dentre outros.

A partir disso, este artigo faz uma análise ergonômica do posto de trabalho de uma cabeleireira, uma profissão que pode trazer problemas à saúde do profissional tanto a curto quanto a longo prazo.

A ergonomia estuda a adaptação do trabalho ao homem, buscando trazer melhorias desde a comodidade até o aumento de produtividade do trabalho. Seu objetivo é garantir um melhor ambiente de trabalho visando a saúde, a segurança, satisfação e eficiência do trabalhador. Portanto buscaremos relacionar esses conceitos com o posto de trabalho da profissional em estudo.

2 O QUE É ERGONOMIA

Segundo Iida (2005), a ergonomia estuda a adaptação do homem ao trabalho. Surgida após a II Guerra Mundial, ela abrange vários campos de estudo e analise, envolvendo tanto o ambiente físico quanto ao aspecto organizacional.

Dentro da ergonomia as atividades e projetos ocorrem antes da realização do trabalho. O controle e avaliação ocorrem durante e após esse trabalho. (IIDA, 2005).

Ainda de acordo com Iida (2005), inicia-se o estudo pelas características do trabalhador, para assim projetar e avaliar suas condições e limitações, visando preservar sua saúde.

A ergonomia pode ser dividida em três campos diferentes: ergonomia física, ergonomia cognitiva e ergonomia organizacional. A ergonomia física trata das características da anatomia humana, da antropometria, fisiologia e biomecânica relacionadas com a atividade física realizada. Já a ergonomia cognitiva estuda aspectos mentais, como percepção, memoria, raciocínio que por sua vez fazem relação com as pessoas e outros elementos de um sistema. Por outro lado a ergonomia organizacional preocupa-se com a otimização das estruturas organizacionais, politicas e de processos, como por exemplo, comunicação, projeto de trabalho, programação do trabalho em grupo e gestão de qualidade. (IIDA, 2005).

3. Análise Ergonômica

Segundo Iida (2005) a análise ergonômica do trabalho (AET) tem como objetivo aplicar os conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho.

O enfoque ergonômico do posto de trabalho serve para desenvolver postos de trabalho que reduzem as exigências biomecânicas e cognitivas, procurando manter o operador em boa postura de trabalho. (IIDA, 2005)

Existem recomendações ergonômicas que previnem dores e lesões osteomusculares nos postos de trabalho

3.1 Estudo de caso e questionário

Neste artigo foi analisado o posto de trabalho de uma cabeleireira. O método utilizado para fazer a análise ergonômica deste posto de trabalho foi a observação das atividades realizadas pela profissional e um questionário ergonômico também respondido pela profissional.

De acordo com o questionário respondido, nossa profissional tem entre 20 e 30 anos de idade, possui entre 5 e 15 anos de experiência profissional no ramo, trabalha 12 horas por dia sendo todas elas de pé. Segundo a profissional, ela faz apenas uma ou duas pausas por dia, de até 15 minutos cada uma e ainda faz de 1 a 2 horas extra por dia.

A profissional ainda relata que não realiza alongamentos antes de iniciar seus trabalhos ou durante suas pausas, mas faz alongamentos após terminar a jornada de trabalho.

Em relação às dores, a profissional mencionou que sente dores durante e depois de seu trabalho. Durante o trabalho, ela sente dores nos braços, pernas e pescoço. Após o trabalho ela sente dor nos braços, na cabeça e no pescoço. Ela ainda relata que não sente dor ao realizar outras atividades cotidianas que não estão relacionadas com o ambiente de trabalho e que não sentia dores nessas regiões do corpo antes de iniciar nesta profissão.

De acordo com o local de trabalho, a cabeleireira considera que é confortável e que as condições de espaço no seu trabalho são adequadas. As ferramentas utilizadas também foram descritas como apropriadas para realização do trabalho. Ela ainda considera seu trabalho repetitivo, dinâmico, mas não o considera limitado.

Questionada sobre seus conhecimentos a respeito de ergonomia, ela respondeu que desconhece tais estudos e análises.

3.2 Atividades realizadas pela profissional

As quatro principais atividades da profissional foram observadas e analisadas: secar, cortar e pintar (mechas) cabelos e fazer sobrancelhas. Cada uma delas foi analisada individualmente.

3.2.1 Secar cabelo

A atividade de secar cabelo é realizada de pé, com tronco ereto e braços ora acima do nível dos ombros, ora abaixo do nível dos ombros. Os movimentos são constantes nos braços e nas mãos. No braço e na mão esquerda existe o peso do secador de cabelo, que tem aproximadamente 500g e no braço direito é exercida uma força para puxar o cabelo. A atividade geralmente leva 20 minutos para ser concluída. O pescoço é levemente inclinado para baixo. A cadeira na qual o cliente senta é ajustável e proporciona uma melhor realização da atividade.

3.2.2 Cortar cabelo

A atividade de cortar cabelo é realizada de pé, com o tronco ereto e braços ora acima do nível dos ombros, ora abaixo do nível