Artigo Científico - Gerenciamento de Projetos

IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS NO SETOR PÚBLICO – COMPARATIVO DOS PRINCIPAIS MOTIVADORES DE SUCESSO/FRACASSO

Débora Luíza Viana Neves ^[1]

Orientador: Leandro Siqueira^[2]

RESUMO

O presente artigo tem por finalidade detalhar os entraves encontrados durante o processo de implantação do Gerenciamento de Projetos (GP) nos setores Públicos, sendo que alguns deles são a resistência a mudanças, a necessidade de avaliação da comunicação e a continuidade nos serviços públicos, fazendo isso por meio de um comparativo com cases de fracasso e sucesso. Esse modelo de gestão nessa esfera, tem se tornado cada vez mais essencial, mesmo partindo da premissa que possíveis dificuldades serão encontradas no meio da trajetória, já que os poderes legislativo e executivo estão ligeiramente interligados, impossibilitando alguns processos de serem executados com rapidez como em contrapartida do setor privado. É interessante a visualização das fases as quais passarão os órgãos públicos, que estão adotando as melhores práticas do PMBOK, visando proporcionar soluções e melhorias nos processos de planejamento, coordenação, controle e execução.

PALAVRAS-CHAVE: Setor público; Gerenciamento de projetos; PMBoK.

ABSTRACT

This article aims to detail the obstacles encountered during the implementation of the Project Management (PM) in Public sectors, in which some of them are tough to change, the need to evaluate communication and continuity in public services, making it by means of a comparison with cases of failure and success. This management model in this sphere, has become increasingly essential, even assuming that possible difficulties will be found in the middle of the path, since the legislative and executive powers are somewhat linked, disabling some processes to run quickly as contribution of the private sector. It is interesting to visualize the stages in which the public agencies are adopting the best practices of the PMBOK, aiming to provide solutions and improvements in planning, coordination, control and execution processes.

KEY-WORDS: Public Sector, Project Management; PMBoK.

1. INTRODUÇÃO

        O Gerenciamento de Projetos vem se ampliando rotineiramente, devido à real necessidade de um maior controle nas fases às quais coordenam as organizações.

        O Setor público por meio das dificuldades encontradas nos processos de tomada de decisões e  a obrigação de atender às expectativas da população através de um controle mais eficaz, são alguns dos motivadores que levaram os gestores a aderir às melhores práticas do gerenciamento de projetos.

        No Brasil, a questão da continuidade nos serviços da administração pública, tem muita influência na questão da administração eficiente. Há muita resistência, principalmente pelos servidores de carreira. Isso se deve porque inicia-se um projeto, e se o mesmo não se findar no término da gestão, ficará fadado à interrupção e possivelmente ao fracasso, pois novos contratos são feitos, consequentemente maior treinamento, e portanto maior trabalho. Resultado: desconfiança de estar gastando demasiadamente sem um retorno rápido e visível, fato esse que leva os gestores a optar por diferentes formas de gerir os processos.

        Os gastos públicos devem ser tratados prioritariamente, já que o descontrole dos mesmos podem causar inflação e instabilidade econômica. Quando essa preocupação se torna efetiva, e levando em conta que o setor público não tem seus interesses voltados à lucratividade, o retorno vem da aceitabilidade por parte dos cidadãos que veem seu esforço ser valorizado pelos governantes.

        Para tornar possível o processo de mudança do atual cenário administrativo, para um que desenvolva as melhores práticas do gerenciamento de Projetos, é de suma importância que primordialmente se trabalhe a comunicação por meio da demonstração dos benefícios trazidos, zelando portanto a não causar prejuízos aos cargos, o treinamento tanto aos mais antigos quanto aos mais novos servidores, tornando o conhecimento igualitário e nova gestão advinda das ordens uníssonas.

        Para descrever tais situações, foi necessário realizar uma pesquisa teórico-descritivo, com o intuito de detalhar alguns os entraves encontrados na administração do setor público para enfim vislumbrar a abrangência do gerenciamento de projetos e aderi-lo em sua totalidade, analisar as perspectivas dos stakeholders, reconhecer os efeitos que uma comunicação efetiva exerce eliminando ou pelo menos reduzindo a resistência à mudança, e consequentemente a otimização dos processos envolvidos na realização dos projetos.

        Posteriormente foram descritos dois cases que relatam as experiências vividas quando da implantação do gerenciamento de projetos e o resultado, evidenciando os motivadores de sucesso e fracasso.

2. NECESSIDADE DE ADERÊNCIA A UM NOVO MÉTODO

        O setor público possui um padrão na execução dos seus processos, contudo o desconhecimento da melhor forma de administração e gerenciamento nas etapas essenciais, são causadoras de conflitos e/ou fracassos, o que por sua vez gera desconforto nos cidadãos que são os principais beneficiados pelos serviços prestados.

        A percepção da necessidade de utilizar um método que possibilite unificar os processos, através de monitoramento e controle constantes, vem cada vez mais preocupando os gestores que visam sanar falhas e executar com eficácia todas as fases para uma Administração satisfatória.

        Atualmente muito tem se falado sobre as melhores práticas do Gerenciamento de Projetos utilizando-se do PMBoK, o qual trabalhando todas as áreas de conhecimento e as fases dos processos, poderia promover o sucesso esperado. O setor público, todavia, sentiu a necessidade de aderência ao recurso, receando por conta continuidade nos serviços e da resistência a mudanças, que são visivelmente fatores arraigados.

2.1. GESTÃO E RESISTÊNCIA A MUDANÇAS

        A mudança é um fator que está cada vez mais presente na rotina das organizações e da sociedade. Motivo pelo qual a mesma deve ser estudada de forma cautelosa para que seja aderida a melhor forma de adaptação.

        Para Ulrich (1998), mudança diz respeito à capacidade de uma organização de melhorar a concepção e a implementação e de reduzir o tempo de ciclo em todas as atividades organizacionais.

        O andamento da empresa deve ser observado constantemente. Todos os processos a serem realizados por ela devem ser avaliados, devem ser feitas estimativas e uma listagem, com o intuito de estar sempre a par da situação atual a qual se encontra a empresa. A necessidade de mudança acontece por diversos motivos, sejam eles internos, como inadequação nos produtos e/ou serviços, insatisfação ou baixa produtividade ou mesmo por pressões externas, como obrigações legais e análise competitiva. O planejamento da mudança é crucial para sua implementação, mas por considerarem-no desnecessário, pode desencadear transtornos futuros. Muitas das vezes, o processo de mudança, é necessário quando percebe-se que as rotinas comuns no setor empresarial, não mais estão atingindo seus objetivos. Existem porém, aspectos técnicos e organizacionais responsáveis por minimizar os impactos causados pela resistência resultante do processo.