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Aula 4 (continuação)

2.1 Gatewatcher e o micro poder

Um ponto importante para pensar sobre o gatewatcher é a quantidade de pessoas que ele atinge. Ao contrário dos meios de comunicação tradicionais a internet não atinge a massa. Então, o gatekeeper da internet não vai atingir um número quantitativo elevado de pessoas.

O lugar de atuação do gatewatcher é segmentado. E isso não é um problema, até porque bilhões de eventos são realizados todos os dias. Boa parte deles interessa a um grupo específico de pessoas e não aparece nos meios de comunicação tradicionais

Por isso é um erro achar que qualquer vídeo que você coloque no YouTube vai atingir um milhão de exibições. O lugar da internet é justamente o nicho, o importante é o público que se interessa efetivamente pelo conteúdo e não a quantidade de visualizações. A atuação do gatewatcher está justamente focada na instância do que Javier Cremades (2009) chama de micro poder. Cremades defende que as novas mídias possibilitaram reforços no poder de atuação dos indivíduos, com uma massa inteligente e com um alto grau de inter-relação social. A cada clique, exercemos nosso micro poder de determinar o que é e o que não é relevante na rede. Seguindo a lógica da sociedade em rede de Manuel Castells (2000), não é mais possível usar o termo audiência para se referir ao material que está na internet. O importante é atingir comunidades, nichos que se interessam por determinado material. É o envolvimento das pessoas com a produção cultural que transforma a audiência em comunidades.

Por isso, ao produzir um conteúdo para a internet uma estratégia interessante de divulgação é a de identificar os gatewatchers do nicho que o conteúdo produzido e se relacionar com essas pessoas. Quando os gatewatchers começam a comentar um conteúdo, ele sai do patamar de algo meramente postado e que está depositado na internet e começa a ter a possibilidade de se tornar um conteúdo em que as pessoas vão debater, vão trocar ideias, vão trazer para a Inteligência coletiva.

Em um meio em que a colaboração e a participação são fundamentais, os formadores de opinião da internet funcionam quase que como catapultas, puxam para acima alguns conteúdos que vão ser compartilhados, discutidos, entram em circulação.

Importante

Alguns pontos são importantes para identificar um gatewatcher. Um deles é numérico. A quantidade de seguidores que ele tem no Twitter, número de pessoas na fan page no facebook são critérios que devem ser levados em consideração. Mas eles são apenas iniciais. É mais importante analisar a participação da pessoa em determinada rede. A capacidade que o indivíduo tem de gerar compartilhamentos, de promover debates em um fórum de discussão ou no facebook são mais importantes para pensar na pessoa como gatewatcher, do que o próprio de seguidores. É o chamado engajamento. O gatewatcher é um agitador para o debate

A diferença com relação aos meios tradicionais é que esses gatewatchers não precisam aparecer para milhões de pessoas, como se fosse na tv. O gatewatcher é importante justamente por ser uma figura de destaque em um nicho que discute determinado assunto.

Analisando a figura 3, conclui-se que: • O Gatekeeper tradicional funciona como um porteiro, seleciona conteúdos que vão ser divulgados e atinge milhões de pessoas. • Mais do que dizer O QUE pensar, o gatekeeper influencia SOBRE QUAIS ASSUNTOS as pessoas vão falar. • Na cibercultura o gatekeeper muda de formato. Como a produção é distribuída a figura do formador de opinião também é distribuída. • Chamado de gatewatcher, o formador de opinião da internet atua em espaços de nicho, de micro poder, influencia quem está próximo dele a debater determinador conteúdos. • O gatewatcher está preocupado em promover o debate, em circular e compartilhar conteúdos. Ao produzir um produto cultural, identificar formadores de opinião do nicho que o produto atinge é fundamental para que o conteúdo circule na rede