Consórcio Modular
Monografias: Consórcio Modular. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: sampaio2013 • 6/10/2013 • 4.534 Palavras (19 Páginas) • 359 Visualizações
ENEGEP 2002 ABEPRO 1
CONSÓRCIO MODULAR: O NOVO PARADIGMA DO MODELO DE PRODUÇÃO
Alexandre Pimentel de Resende Francisco Wagner Azevedo Costa Jacqueline Rutkowski Leonardo Jabour Lott Carvalho Ricardo José Sacramento de Almeida Welington da Silva
DEPRO/ Escola de Minas/ UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto
ABSTRACT: Recently, automotive manufactures have been trying to transfer part of their attributions to the suppliers, which objective of guaranteeing larger productivity earnings and in that way, to get competitive advantages. In this sense, the Modular Consortium represented a radical case of transfer of attributions, being considered a revolutionary system at world level. The factory of Trucks and Bus of Volkswagen in Resende (Rio de Janeiro), inaugurated in 1996, it based on the Modular Consortium and in that way it integrated the suppliers into the assembly line. In this text basic concepts are shown the Modular Consortium and a small description of Resende's plant.
KEYWORDS: Modular Consortium, partnership, outsourcing.
1. Introdução
A indústria automobilística sempre foi considerada como inovadora dos padrões de produção em todo o mundo, responsável pelas principais mudanças na forma de organizar a produção e o trabalho. Podemos citar como exemplos as inovações introduzidas por Henry Ford com a produção em massa, a criação de grandes corporações industriais verticalizadas com Sloan na General Motors, a produção enxuta desenvolvida por Ohno na Toyota, os Grupos Semi-autônomos implementados na Volvo e, mais recentemente, o Consórcio Modular implementado na fábrica da Volkswagen em Resende-RJ.
O Consórcio Modular é uma forma radical de outsourcing, constituindo-se na transferência de diversas atividades, que, antes, faziam parte das atribuições da empresa , entre esta e seus fornecedores. Pode-se supor que, caso a experiência continue se mostrando bem sucedida como parece ser, , poderá,no futuro, tornar-se um novo paradigma do modelo de organização da produção e da organização do trabalho em diversos setores da economia mundial.
No inicio da década de 90, deu-se o início da abertura econômica brasileira. Anteriormente o mercado brasileiro era altamente protecionista, onde nossos produtos eram protegidos com altas taxas de importação favorecendo o mercado local.
Com o surgimento de um novo ambiente econômico mundial, os defensores da globalização e do neoliberalismo acreditavam que em um mercado global não deveria existir barreira comercial, o que poderia melhorar consideravelmente a distribuição de produtos e riquezas.
XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002
ENEGEP 2002 ABEPRO 2
No Brasil não foi diferente. A abertura promovida pelo presidente Fernando Collor de Melo em 1990 provocou um choque nas indústrias nacionais. A maior parte das empresas brasileiras não estava preparada para a abertura econômica e seus produtos não eram competitivos em relação aos importados.
Podemos citar como principal exemplo a indústria automobilística brasileira na qual tanto as montadoras e as indústrias de autopeças se encontravam totalmente atrasadas tecnologicamente e organizacionalmente para competir com a indústria mundial. (Abiq & Zilboviqius; 1994)
Outra mudança foi o surgimento do Mercosul, mercado comum do cone sul, que permitiria no futuro a comercialização de produtos entre os países membros com taxas de importação menores e em alguns casos nulas, ampliando o mercado de comercialização dos produtos fabricados pelos países membros.
Logo, a abertura econômica e o surgimento do Mercosul promoveram uma oxigenação na indústria automobilística brasileira através de investimentos em tecnologia, novos mix de produtos, ganhos de produção e novas formas de gestão. Como consequência, podemos assistir, nesta década, o grande crescimento da nossa indústria, com o estabelecimento de de diversas montadoras no país e maiores investimentos das montadoras já instaladas, tornando o setor automobilístico brasileiro um dos mais competitivos do mundo.
2. Estrutura Modular
A abertura econômica provocou também, uma total reformulação das empresas de autopeças. A grande parte das empresas eram empresas familiares e de pequeno e médio porte, e devido ao atraso tecnológico e condições financeiras, não foram capazes de realizar investimentos em tecnologia, necessários às novas exigências do mercado.
Conseqüentemente podemos observar dois fatos importantes. O primeiro foi a redução do número de empresas do setor. Em 1990 existiam cerca de 2000 empresas e atualmente existem cerca de 250 empresas.(www.automotivebusiness.com). O segundo fato foi o processo de aquisição de empresas antes familiares por empresas multinacionais do setor, a fusão entre empresas e joint venture (investimento de risco compartilhado entre duas ou mais empresas) entre algumas empresas nacionais com multinacionais a fim de possibilitar uma transferência de tecnologia.
Neste contexto, podemos apresentar como a principal inovação ocorrida, o surgimento da Estrutura Modular. Nesta nova forma de gestão da cadeia produtiva, o sentido de Parceira significa um forte elo de associação entre as montadoras e seus fornecedores. Todos são responsáveis pelos investimentos e riscos do empreendimento em busca de um resultado comum. Este tipo de organização surgiu da necessidade de garantir maiores ganhos de produtividade como vantagem competitiva. As montadoras buscavam simplificar a cadeia produtiva com a diminuição do número de fornecedores, com o estabelecimento do outsourcing, definindo-se um novo conjunto de necessidades a serem atendidas pelos fornecedores, como no Global Sourcing, onde os fornecedores são chamados a participar no projeto e desenvolvimento do produto e a fornecer sistemas e módulos completos, em várias partes do mundo. (www.automotivebusiness.com.) .
Com isso, a tendência é a configuração de um novo modelo de empresa do setor. Estas empresas deverão ser capazes de realizar projetos, montar sistemas, realizar a montagem no produto final e gerir a sua própria cadeia de fornecedores. Com este movimento de desverticalização, iremos assistir a uma maior concentração de empresas, já que poucas terão a capacidade de se configurar neste novo cenário.
Neste tipo de organização ocorre uma mudança no foco estratégico da montadora.
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