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Extansao Rural

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Por:   •  11/1/2014  •  3.606 Palavras (15 Páginas)  •  232 Visualizações

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A EXTENSÃO RURAL ENTRE DISCURSOS E PRÁTICAS

Danielle Wagner Silva

Eng. Agrônoma, Mestranda do PPG Agriculturas Amazônicas, Mestrado em Agriculturas

Familiares e Desenvolvimento Sustentável- MAFDS/NCADR//UFPA.

Email: danicawagner@yahoo.com.br

GT 02- Políticas Públicas: quadros institucionais e beneficiários

INTRODUÇÃO

A assistência técnica e extensão rural- ATER- no Brasil, enquanto processo educativo,

surge no bojo do processo de modernização da agricultura e tendo prática baseada no modelo

linear de transferência de tecnologia, contribuiu para expansão das relações capitalistas de

produção no campo (FONSECA, 1985). Todavia, em consonância com o movimento

antagônico cujos porta-vozes colocam em questão a lógica de desenvolvimento até então

hegemônica e se apresentam como dissidentes do modelo preconizado pela revolução verde, o

serviço de ATER vem sendo reformulado. Esta reformulação respalda em princípios

agroecológicos, preconizando a contribuição com o desenvolvimento rural sustentável

(CAPORAL e COSTABEBER, 2001; CAPORAL, 2003), significando ruptura cognitiva que

vem deslocando barreiras, na tentativa de promover transformações não apenas na práxis dos

agricultores, mas também nos paradigmas das políticas públicas.

Partindo desse contexto, neste trabalho de revisão das temáticas obrigatórias e

concorrentes que têm nutrido a literatura concernente, pretendo então discorrer sobre as

contraposições que embasam as diversas abordagens da extensão rural no cenário brasileiro,

enfocando, em cada contexto de consagração conceitual, as possibilidades e os desafios, mas

principalmente refletindo sobre as alternativas de execução do serviço de ATER no formato

da agroecologia.

Para tanto, o texto foi elaborado por três grandes eixos. No primeiro deles discorro

brevemente sobre o contexto de implantação da extensão rural no Brasil, com o intuito, não

de refazer análises por demais sistematizadas e de enfoques repetitivos, mas de refletir os

dilemas em cada contexto. Enfim, retomo as reflexões para situar a questão analisada no

cenário no qual surge e é configurada a ATER no Brasil, visando demonstrar que as críticas

posteriormente feitas não alcançaram a descontinuidade das propostas. As práticas

posteriormente condenadas continuam, ora mais ora menos, contagiando contextos onde ela é

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4º ENCONTRO DA REDE DE ESTUDOS RURAIS

Mundo Rural, Políticas Públicas, Instituições e Atores em Reconhecimento Político

06 a 09 de julho de 2010, UFPR, Curitiba (PR)

GT2 - POLÍTICAS PÚBLICAS: QUADROS INSTITUCIONAIS E BENEFICIÁRIOS

advogada como negação. Complementando o mesmo exercício do primeiro eixo de questão,

mas assumindo uma perspectiva contrastiva, discuto então no terceiro eixo de reflexão, os

pressupostos da nova ater pública e as bases teórico-metodológicas na qual ela emerge. Neste

eixo procuro acentuar dilemas que corroem a transição, dado o risco de construir velhos

corpos com novas roupagens.

A ESTRUTURAÇÃO DA ATER: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X

DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

O berço da extensão rural brasileira

A abordagem conceitual do termo extensão rural vem sendo alvo de muitos paradoxos,

abarcando os mais diversos discursos de autores que questionam e dissertam sobre este

serviço. A definição feita por Olinger (2001) representa bem a concepção gnosiológica

dominante no que diz respeito a esse termo, já que para esse autor, a extensão rural é um

processo educativo que proporciona às famílias rurais, assistência técnica, econômica e social,

com o intuito de ajudá-las. Essa conceituação emerge articulada a extensão rural americana1

cujo modelo foi expandido para outras partes do mundo no período pós-guerra através de

convênios dos governos locais com as agências americanas de extensão rural, principalmente

nos países considerados subdesenvolvidos (FONSECA, 1985).

No Brasil, a extensão rural surge oficialmente em 1948 com a implantação da

Associação de Crédito e Assistência Rural- ACAR- em Minas Gerais. Essa instituição nãogovernamental

sem fins lucrativos, mantida inicialmente por recursos próprios, visava atender

os pequenos produtores rurais beneficiados pelo crédito rural supervisionado, associando a

assistência ao crédito e ao ensino coletivo (FONSECA, 1985). Seguindo os moldes

americanos, a assistência técnica era vista como um processo educativo que objetivava a

mudança de comportamento dos agricultores. Em 1950, sua experiência piloto resultou na

implementação desse modelo nos demais estados brasileiros e em 1959, as ACAR’s estaduais

passaram a ser coordenadas pela Associação

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