GUARDA COMPARTILHADA

Para especialistas, a nova lei é uma faca de dois gumes: se, por um lado, evita que um dos pais fique sobrecarregado, por outro pode agravar a situação de alguns litígios.

“A guarda compartilhada é o melhor modelo, mas quando não há civilidade entre os pais, essa obrigatoriedade se torna muito difícil e pode até apresentar risco para a integridade da criança”, afirmou o juiz da Vara da Família Pablo Stolze.

No entanto, para o psicanalista Cláudio Carvalho, do Balcão de Justiça Irmã Dulce e diretor da Associação Criança Feliz na Bahia, a aprovação da lei representa um avanço.

“Os juízes têm o entendimento de que quando os pais estão brigando, não tem condições de haver guarda compartilhada. A lei vem corrigir esse equívoco”, considerou.

com o filho

Segundo dados do Tribunal de Justiça da Bahia, no ano passado, 5.017 processos de disputas de guarda judicial passaram pelas varas da família do estado. Este ano, até aqui, já são 5.288 processos por disputa de guarda.

Desacordos

Clara* passou o aniversário sem as bonecas e o conjunto infantil de cozinha que a avó Júlia* comprou para ela. Isso porque a criança, de 2 anos, foi privada do convívio com o pai e demais familiares, entre eles, a saudosa avó. Em junho, o operador de máquinas Carlos*, pai de Clara, procurou a Justiça para que tivesse garantida a visita regular à menina.

O parecer foi favorável a ele, mas, segundo o acordo, eram os avós que pegariam a criança com a mãe. “Mesmo com mandado judicial, nem eu, como avó, nem o pai podemos ver. Ela não aceita nada dele”, diz ela, acusando a ex-nora de descumprir o acordo.

“No domingo das eleições eu fui ver a menina e ela gritou que a gente queria sequestrar a criança. O povo acreditou e veio pra cima”, relata Júlia. O empresário Jaime Córdova, 44, contou que foi proibido pela ex-mulher de ver o filho quando o casal se separou.