MEMÓRIAS DE UM ORIENTADOR DE TESES

PROBLEMAS, HIPÓTESE E VARIÁVEIS

N. Kerlinger

O texto de Kerlinger se inicia abordando que, ao tentar resolver um problema, procuram-se variadas soluções, meios diferentes de chegar-se ao núcleo do problema. Este processo de pensamento é geralmente vago ou confuso. Na maioria das vezes, não se sabe para onde se virar, o que fazer. Esperam-se ideias, principalmente uma boa ideia, a pesquisa pode ser vista de forma análoga.

Para compreender o que é um problema na pesquisa científica, primeiramente, o autor toma uma postura negativa. Considera problemas que realmente não são problemas no sentido científico. Eles podem ser chamados problemas de valor ou de engenharia. Eis alguns exemplos: Como se pode conseguir melhorar a integração? Qual é o melhor caminho para se conseguir igualdade de oportunidades educacionais? Qual é o meio mais eficiente de se construir uma rede de rodovias em determinado estado?

A principal razão para que não sejam problemas científicos é que nenhum deles pode ser testado empiricamente. A ciência, como ciência, não pode então dar respostas a questões de engenharia e valor porque não pode testar tais proposições e mostrar sua correção ou incorreção.

Em suma pode-se dizer que, um problema é uma questão que mostra uma situação necessitada de discussão, investigação, decisão ou solução. Enquanto essa definição geral carrega um significado que, a maioria das pessoas consegue entender, é insatisfatória para finalidades científicas porque não é suficientemente definida. Uma definição mais adequada é: “um problema é uma questão que pergunta como as variáveis estão relacionadas”.

Três critérios de bons problemas de pesquisa e proposições de problemas podem ser uteis para a compreensão problemas de pesquisa. Primeiro, o problema deve expressar uma relação entre duas ou mais variáveis (A está relacionado com B?). Segundo, o problema deve ser apresentado em forma interrogativa, pois ela possui a virtude de apresentar o problema diretamente. O terceiro critério é mais complexo, pois exige que o problema seja tal que implique possibilidades de testagem empírica, ou seja, significa que seja obtida evidência real sobre a relação apresentada no problema. Questões que envolvem engenharia e juízos de valor não são passíveis de teste.

As hipóteses são declarações que se relacionam, de alguma maneira, variáveis a variáveis. Problemas e hipóteses são semelhantes. A diferença entre eles é que os problemas são sentenças interrogativas e as hipóteses, afirmativas. Geralmente, as hipóteses são mais específicas que os problemas.

De acordo com Kerlinger, as hipóteses têm o objetivo profundo e significativo de tirar o homem de si mesmo. É uma ferramenta poderosa para o avanço do conhecimento pois, embora formuladas pelo homem, podem ser testadas. Depois de criada a hipótese, a mesma passa a ser independente do pesquisador. Além disto, outra vantagem é que as hipóteses são frequentemente deduzidas de teorias.

Para que as hipóteses sejam cientificamente úteis, elas precisam ser testáveis, ou no mínimo, conter implicações para teste. Uma hipótese não testável não tem utilidade científica. Isto é, é preciso identificar clara e inteiramente as variáveis de uma hipótese e depois ter um meio operacional de manipular ou medir as variáveis para poder estudar as relações entre elas.

Variável é algo que varia, apresentando valores diferentes. Embora intuitiva, esta definição não é realmente uma definição e também não é exata. Uma variável é um símbolo ao qual são atribuídos algarismos. Esta definição de variável é simples e geral, embora um pouco afastada do senso comum. E geral porque abrange todos os casos concebíveis e tipos de variáveis. E, embora seja um tipo de definição que não pertence ao senso comum, não é nada complicada e é fácil de entender. Logicamente, variáveis são propriedades que tomam valores diferentes; algumas variáveis podem ter muitos valores, até um número infinito.