Os Deveres de Um Cidadão Respeitador das Leis
Por: Marina Fernandes • 4/11/2018 • Resenha • 628 Palavras (3 Páginas) • 448 Visualizações
RESENHA: ARENDT, Hannah. (1999). Deveres de um cidadão respeitador das leis. In: Eichmann em Jerusalém. Um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, pgs: 152-168.
Hannah nos diz que os atos cometidos por Eichamann não eram pensados por ele quanto como certo ou errado, e sim que ele estava respeitando as leis e ordem do Führer, e no fundo ele não passava de um cidadão respeitador de leis e que acabou completamente confuso e vivendo aos vícios da obediência cega, ou seja, sem questionamentos sobre os atos mandados para que ele executasse.
Eichmann diz viver sobre os princípios morais de Kant que é ligado às faculdades do juízo dos homens, não fazendo sentido então essa “obediência cadavérica” por ele cometida, e por fim ele acaba distorcendo essa ideia no sentido de: aja como se o princípio de suas ações fossem legisladoras ou da legislação local, o que não tem coerência alguma com as teorias kantianas. Porém, na realidade o que Eichmann acabou distorcendo em seu consciente para o que Kant chama de “para uso doméstico do homem comum” que na realidade é a vontade de Eichamann de se tornar o próprio Führer.
A autora também cita o cumprimento do dever que acabou entrando em conflito com as ordens de seus superiores já que Eichamann ajudou um primo “meio judeu” e um casal judeu em que seu Tio intervia, ela também cita que o sonho de Eichmann foi o pesadelo de muitos judeus, já que na sua área de atuação a quantidade de judeus deportados e exterminados em certo período de tempo foi muito maior em relação com as outras áreas de deportação e extermínio.
Arendt fala sobre a caminhada de Eichmann no exército de Hitler e os cargos já obtidos e as funções exercidas por ele, além dos problemas que passaram em sua carreira. Eichamann explica que as palavras de Hitler tinham a força de uma lei e que as mesmas não precisavam ser escritas e que nunca havia pedido uma ordem escrita de Hitler, apenas de seu superior Himmler.
Hannah nos diz que não era apenas só uma convicção de Eichmann e Himmler que estavam dando ordens de caráter criminoso que determinaram suas ações, e que o elemento envolvido não era o fanatismo pela causa, mas sim uma ilimitada admiração por Hitler, a ponto que se tornavam leis sem o questionamento dos atos. Com a morte de Hitler, Eichamann não estava mais “preso” a causa nazista pois o juramento não era à Alemanha, mas sim para o Hitler.
A autora nos fala que a consciência de Eichmann é realmente complicada e não se compara com os generais alemães, diz que não é tarefa de um soldado agir com juízo sobre as ações mandadas pelo seu comandante supremo, e então percebeu que foi a própria lei que o tornou um criminoso.
Arendt nos explica a lei dos países civilizados que é o “Não matarás.”, porém os alemães sabiam que era contra o viés dos desejos da maioria das pessoas, e a maioria dos alemães não se tornaram cúmplices dessa barbárie, porém tiraram todos os proveitos desse fato.
Deste modo, concluo que as ações realizadas por Eichmann são sim consideradas crimes, porém em outras localidades, já que na Alemanha as leis de Hitler que valiam que eram a deportação e o extermínio de judeus, ele só estava cumprindo as leis locais como um bom soldado e cidadão, e que por mais que ele desenvolvesse a consciência dos seus atos e não aceitasse as ordens do Führer ele é apenas uma pessoa contra um exército de pessoas que pensam e seguem fielmente o Hitler, e não teria como acabar com essa situação sozinho, e essa “revolta” contra seu comandante supremo podia lhe custar a vida além de uma punição social daquela sociedade.
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