Resenha: A Necessidade de sistemas sustentáveis de produção de alimentos
Por: Joseanne Gois • 7/4/2018 • Resenha • 1.182 Palavras (5 Páginas) • 692 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS[pic 1] CURSO CIÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS AGROECOLOGIA- PROFESSOR: RODIGO MATTA MACHADO ALUNA: JOSEANNE CRISTINA DE GOIS FERREIRA |
RESENHA:
GLIESSMAN, Stephen R. A necessidade de sistemas sustentáveis de produção de alimentos. Em: Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. 3.ed. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2001. Capítulo 1, pg 33-54.
A agricultura passou por grandes avanços no mundo inteiro durante a segunda metade do século XX, com aumento de produção e satisfação da demanda de alimentos. Essa situação se dá graças aos avanços tecnológicos e científicos, porém esses avanços têm causado também a ruína das bases de produção agrícola, uma degradação excessiva do solo, das reservas de água e da diversidade natural. O sistema atual de agricultura moderna é insustentável, pois embora esteja produzindo de forma satisfatória, em longo prazo se mostra impossível devido à deterioração dos recursos.
A agricultura convencional se baseia em dois objetivos que são a maximização da produção e a do lucro e para tanto utiliza seis práticas: cultivo intensivo do solo, monocultura, irrigação, aplicação de fertilizante inorgânico, controle químico de pragas e manipulação genética de plantas cultivadas. A produção alimentar passou a ser tratada como um processo industrial.
Cultivo intensivo do solo: consiste no manejo completo, profunda e regularmente do solo, com o intuito de afofar a terra pra melhor drenagem, acelerar o crescimento de raízes, melhor aeração e semeadura mais fácil. Essa prática realizada diversas vezes seguida causa a degradação da qualidade do solo, redução da matéria orgânica e a compactação do solo pelo trânsito de máquinas, além de aumento das taxas de erosão do solo pelas chuvas e vento.
Monocultura: consiste no plantio de um único tipo de cultura em uma área geralmente muito extensa. Nesse tipo de cultivo para aumentar a eficiência produtiva há uma redução de mão-de-obra e maximização dos insumos baseados em tecnologia e há uma tendência de favorecer o uso intensivo do solo, de fertilizantes inorgânicos, irrigação, controle químico de pragas e plantas modificadas.
Aplicação de fertilizantes sintéticos: produzidos a partir de combustíveis fósseis e da extração de depósitos minerais, os fertilizantes sintéticos vêm sendo utilizados em grande escala a partir da década de 50 e são utilizados para fornecer nutrientes essenciais às plantas em curto prazo. Grande parte desses fertilizantes são carregados e acabam em córregos, rios e lagos causando eutrofização ou até mesmo encontram águas subterrâneas utilizadas para consumo humano que podem causar riscos a saúde.
Irrigação: é feita a partir de lençóis subterrâneos, reservatórios e rios desviados que em muitas vezes há efeitos significativos na hidrografia regional. Pode ocorrer rebaixamento de terra e se próximo à costa levar à intrusão de água salgada quando é retirada mais água dos lençóis do que é reposta pela chuva. A irrigação pode aumentar a lixiviação de fertilizantes para córregos e rios, além de aumentar a erosão.
Agrotóxicos: Agentes químicos utilizados para o controle de pragas e patógenos de plantas, que formam sendo amplamente utilizados após a Segunda Guerra Mundial e fez com que muitos agricultores se tornassem dependentes desses agrotóxicos, uma vez que se mostra eficiente a curto prazo, mas podem aumentar a resistência das pragas ou até aumentar a população das mesmas, fazendo com que o agricultor esteja sempre recorrendo a mais agrotóxicos por vezes em quantidades maiores ou com diferentes princípios ativos.
Manipulação genética de plantas: Seleção e manipulação são feitas a milhares de anos, e em décadas recentes ocorreram avanços nas técnicas de cruzamento que permitiram a produção de sementes híbridas que podem ser muito mais produtivas. Essas plantas híbridas, porém exigem a aplicação intensiva de fertilizantes e de agrotóxicos, ale de não produzir sementes com o mesmo genoma de seus pais, tornando os agricultores dependentes dos produtores comerciais.
A erosão das condições básicas para produção de alimentos, como o solo, água e a diversidade genética fazem com que a produtividade futura seja comprometida, ou seja, insustentável. A partir da década de 1990 já se percebe uma estagnação na produção agrícola, com declínio nas taxas de crescimento anual juntamente com um crescimento contínuo populacional.
A degradação do solo tem aumentado significativamente devido às praticas agrícolas, essa degradação inclui salinização, alagamento, compactação, contaminação por agrotóxicos, declínio na qualidade da sua estrutura, perda de fertilidade e erosão, sendo o último o mais difundido. O solo é perdido por erosão devido ao vento e à água a uma escala bem maior do que o solo é formado. A erosão e outras formas de degradação tornam grande parte do solo agrícola mundial menos fértil.
A água doce disponível para uso tem se tornado cada vez mais escassa, sendo a agricultura responsável por cerca de dois terços do uso global de água, sendo que mais da metade da água aplicada nas plantações não é absorvida pelas plantas. A transferência de águas dos continentes para os oceanos é um dos impactos nos padrões hidrográficos globais e regionais. Regionalmente com o uso da irrigação podem ocorrer mudanças na hidrografia e no microclima, causando impactos nos ecossistemas e vida selvagem. Se não houverem mudanças na forma de utilização da água será cada vez mais comum as crises hídricas.
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