Resenha Azul de Ruben Dario

O final do século XIX foi marcado por uma série de fenômenos, entre eles a segunda revolução industrial, o imperialismo britânico, as explosões revolucionárias e os movimentos nacionalistas que começavam a fluir na América Latina. Dentro desse breve contexto temos o aparecimento do poeta nicaraguense Ruben Dário, que foi um dos iniciadores do modernismo literário em língua espanhola. No ano de 1898, foi o ano de desastre para os espanhóis, uma vez que nesse ano tiveram a derrota militar contra Cuba e os Estados Unidos que marca a perda das colônias e o início da crise. Nessa época, Dário é chamado pelo jornal La Nación para informar os leitores através de crônicas sobre o rumo da ex-metrópole. Sua literatura sofreu fortes críticas pelas influências da literatura francesa nos seus escritos.

Azul ... (Chile, 1888) é o primeiro livro modernista de Rubén Darío . Deveras, Dário é conhecido como o pai do modernismo mesmo tendo muitos críticos que consideram que deveria editar o início deste movimento. O livro consiste em histórias e poemas, mas a renovação modernista é evidente mais em prosa do que na poesia. Nos poemas há uma grande preocupação sobre como e musicalidade dos versos. Neste trabalho foram selecionadas duas prosas para serem análisadas e que irão mostrar a transição do autor.

No conto “O rei burguês”, Dário, conta a história de um rei que quer ter tudo, um rei materialista, que busca tudo aquilo que possua algum luxo e que significasse o belo: arte, animais exóticos, cisnes, japonería, chinoiserie, estátuas de mármore grego, etc. Até que um dia é levado a esse rei, um poeta. E para testar a veracidade se era ou não um poeta, ele pede que o homem fale. depois de um tempo, o rei se deu por satisfeito e sem saber o que fazer pede a opinião de um filosofo e este diz que o coloque no jardim e o rei, prontamente, ordena que o amarre, que não fale, deverá soar uma caixa de músicas e que aí então, ele receberá um prato de comida. Sendo que os dias foram passando e o pobre poeta trabalhou, não recebeu um prato de comida e morreu de fome e de frio.

Esse rei era um déspota que se utilizava do pouco poder que tinha para tirar proveito do outro e aí vemos a mediocridade dessa burguesia. Ele mostra que os padrões da vida em sociedade mudaram e que agora um burgues vive como se fosse um rei. É um rei que acaba vivendo em dois mundos uma vez que ao mesmo tempo em que ele se agraceia com o melhor ele também está em contato com o que ele repudia. Ele é um burguês do século XIX que se vê como um rei legitimo e ele se utilisa de artefatos e adornos da Antiguidade para demonstrar isso.

O poeta vai se mostrar como um homem aventureiro, como um viajante. Quase como um sábio e um profeta que é mostrado no momento em que ele fala: “chega o tempo das grandes revoluções, com um Messias todo luz, todo agitação e potencia, e é preciso receber seu espírito com o poema que seja arco triunfal, de estrofes de aço, de estrofes de ouro, de estrofes de amor.” (p.37) Nesse trecho vemos uma alusão ao periodo da época, em especial a América Latina, onde tinha um positivismo com seu autoritarismo e ditadura na América-Hispanica, uma modernização economica, fora os movimentos nacionalistas. Quando o poeta vai chegando ao final de sua fala ele começa a queixar ao rei e a falar o que os outros pensam ele é interrompido pelo rei antes de concluir sua fala sobre o ideal. Ele é silenciado, não pode falar o que pensa, somente o que o rei quer ouvir; o ideário do poeta não importa e assim ele “morreu, pensando que nasceria o sol do dia vindouro, e com ele o ideal… e que a arte não vestiria calças, somente manto de chamas ou de ouro...”(p.39)

Um outro conto interessante, em Azul, é “O fardo”. Essa história é sobre um pescador e militar com o nome de Lucas, mas que na história é conhecido como Tio Lucas. Possuia