Resenha da Obra: Freire, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam.
Por: kikiaquila • 23/11/2018 • Resenha • 2.017 Palavras (9 Páginas) • 564 Visualizações
RESENHA CRÍTICA - OBRAS DE PAULO FREIRE
DISCIPLINA: PAULO FREIRE E EDUCAÇÃO POPULAR
PROFESSORES: HELI SABINO E DÉBORA MARIZ
ALUNA:
MAT.:
Resenha da obra: Freire, Paulo, 1921. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. Coleção polêmicas do nosso tempo; 4.
1. RESUMO DA OBRA
O livro A importância do ato de ler: em três artigos que se completam de Paulo Freire e foram apresentados durante uma palestra e traz uma abordagem à importância do ato de ler e relata aspectos sobre a relação da biblioteca popular com a alfabetização de adultos em uma experiência na República Democrática de São Tomé e Príncipe.
Este trabalho de Paulo Freire, reafirma sua compreensão do significado da educação no contexto da existência social e individual dos homens. Sua obra dedica-se a questão da importância da leitura, seu entendimento crítico da alfabetização e relato de suas experiências neste ramo e do papel de uma biblioteca popular.
Neste texto Paulo Freire justifica o tema afirmando que a leitura da palavra é sempre precedida da leitura de mundo. E aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de tudo, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto que aproxima a linguagem da realidade.
Buscando a compreensão do seu ato de ler, Paulo Freire afirma que este veio da sua experiência existencial. O leitura de mundo precedeu a leitura da palavra. A medida que vai retomando sua infância, Freire percebe que os textos, as palavras e as letras daquele contexto se interpretavam em coisas, objetos e sinais que cuja compreensão se dava através destes e na relação com seus pais e irmãos mais velhos.
Os textos, as palavras e as letras se interpretavam através do de toda natureza que o rodeava em sua infância, desde o canto do pássaros até a cor da manga-espada, nas circunstâncias em o autor ainda não lia a palavra.
A leitura do seu mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo. Paulo Freire descreve que foi alfabetizado no chão do quintal de sua casa, e em seguida estudou numa escolhinha particular com a saudosa professora Eunice que não deixou que a leitura de mundo se rompesse.
A ato que ler também pode ser compreendido por Paulo Freire em sua experiência da infância no curso ginasial, onde experimentou a percepção crítica dos textos que lia em sala de aula junto com seu professor de língua portuguesa.
Mais tarde também como professor de português viveu a experiência do ato de ler e escrever também com alunos do curso ginasial. A regência verbal, a sintaxe de concordância, a crase e os pronomes, eram propostos aos alunos de forma que despertasse a curiosidade. Sem a memorização mecânica, mas aprendiam a significação profunda da palavra, da frase ou sentença.
Paulo Freire faz uma crítica à compreensão errônea do ato de ler, enquanto professores, insistindo que os alunos devorem extensas bibliografias ao invés de serem lidas e estudadas.
Seguindo a ideia que compreender o ato de ler através da sua experiência existencial da infância, adolescência e mocidade, Paulo Freire termina o primeiro capítulo do livro revendo alguns aspectos da proposta que fez no campo da alfabetização de adultos.
Paulo Freire inicia dizendo que vê a alfabetização de adultos como um ato político e de conhecimento e por esta razão um ato criador. O educador não pode anular a sua criatividade e sua responsabilidade na construção da linguagem e escrita e dessa leitura da linguagem. A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral.
Referindo-se ainda ao ato de ler e agora a proposta da alfabetização de adultos, Freire volta enfatizar em sua obra que a leitura de mundo precede sempre a leitura da palavra. E ainda, que leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura de mundo mas por uma certa forma de escrevê-lo e reescrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através da nossa prática consciente.
Por fim, e ainda sobre a alfabetização de adultos o texto insiste em descrever que as palavras utilizadas neste processo deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares, expressando a sua real linguagem, seus anseios, suas inquietações, suas reivindicações e sonhos. A alfabetização deveria vir carregada da significação da sua experiência existencial.
A Alfabetização de adultos e bibliotecas populares é outro capítulo interessante deste livro. Paulo Freire inicia o texto afirmando que falar de alfabetização de adultos e de bibliotecas populares é falar de do problema da leitura e da escrita. Enfatiza que a compreensão crítica da alfabetização , que envolve a compreensão da leitura também demanda a compreensão da biblioteca.
Prossegue dizendo que do ponto de vista crítico é impossível negar a essência da política do processo educativo quanto a o caráter educativo do ato político. Logo é impossível uma educação neutra que de um lado está a humanidade e de outro lado uma prática política vazia de significados educativos. Reafirma que é impossível separar educação e política.
Freire chama atenção neste capítulo para os educadores que apregoam um discurso democrático incoerente com a prática. Logo o tem que se fazer é clarificar a opção política e ser coerente com ela na prática.
Outro aspecto importante abordado por Paulo Freire com relação a alfabetização é o reconhecimento de que nós educadores não estamos só no mundo. Reconhecer que cada um de nós é um ser no mundo, com o mundo e com os outros, com direito de escutar e ser escutado.
Paulo Freire afirma que temos que respeitar os níveis de compreensão que os educandos estão tendo de sua própria realidade, sem impor a nossa compreensão. Educadores autoritários negam a solidariedade entre o ato de educar e o ato de serem educados pelos educandos; só eles separam o ato de ensinar do de aprender de tal modo que ensina quem supõe que sabe e aprende quem é tido como quem nada sabe.
A partir de análises feitas por Paulo Freire do ponto de vista crítica e democrático com relação da alfabetização, o mesmo conclui que o alfabetizando, e não analfabeto, se insere num processo criador de que ele também é sujeito. O comando da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e temas relevantes à experiência dos alfabetizandos e não àquelas ligadas ao educador.
Se antes a transformação social era entendida de forma simplista, fazendo-se com a mudança, primeiro das consciências, como se fosse a consciência de fato, a transformadora do real, agora a transformação social é percebida como um processo histórico.
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