A importancia do ato de ler e escrever - FREIRE, Paulo
Por: Regina Stefanny • 24/1/2017 • Artigo • 1.216 Palavras (5 Páginas) • 3.119 Visualizações
A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER EM PAULO FREIRE
Regina Stefanny Carvalho Rodrigues[1]∗
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo apontar as concepções que o educador e filosofo Paulo Freire tem sobre a importância da leitura como forma de desalienação do sujeito, ele acredita que somente com o ato de ler e principalmente compreender aquilo que esta sendo lido, é possível criar um individuo pensante capaz de decidir por si próprio sem a interferência de fatores responsáveis pela alienação.
Palavras-chave: Leitura; alienação; educação.
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de Setembro de 1921, em Recife, educador e filosofo brasileiro. Considerado um dos maiores pensadores da historia da pedagogia. Tinha como prática didática a certeza que o estudante aprenderia o objeto de estudo utilizando-se da prática dialética com a realidade, ao contrário do que era feito naquela época nas escolas em que predominava o que ele denominava educação bancária, tecnicista e alienante.
Freire acreditava que o educando era capaz de criar sua própria educação, tendo a si mesmo como responsável em construir essa trilha e não seguindo uma já previamente construída. Podendo se libertar de políticas educacionais responsáveis pela alienação do mesmo, o educando percorreria e criaria a direção do seu aprendizado.
Paulo Freire também se destacou pelo seu trabalho na área da educação da população, direcionada tanto para a escolarização da criança quanto para a estruturação da percepção social e política.
O livro a importância do ato de ler de Paulo Freire faz um questionamento sobre a importância da leitura, e começa a nos inserir em outra cultura, em que é possível nos vermos dentro de uma realidade distinta daquela vivenciamos diariamente.
A idéia dele é que de maneira simples o aluno se veja envolvido com a sua historia e experiência individual para que possa começar a ler e compreender o que é lido.
Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, co palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz. (FREIRE, 2001. P. 15)
O autor traz alguns exemplos pessoais no desenvolvimento do livro. Um deles é sua experiência como professor do então chamado, curso ginasial, onde ele apresenta aos alunos uma nova forma de aprendizagem, trazendo a eles uma percepção do que estava sendo ensinado dando significado e trazendo para a realidade, de forma que os alunos tinham o prazer em aprender, e faziam isso sem a mínima dificuldade.
Os alunos não tinham que memorizar mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a sua significação profunda. Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. (FREIRE, 2001. P. 17)
Nessa perspectiva podemos afirmar que a leitura do mundo deve ser feita antes da leitura da palavra. Alguns professores se focam em leituras extensas e cansativas, a fim de que o estudante “devore” tudo o que ele oferece como material de leitura, esquecendo-se de que na maioria das vezes o aluno não estuda e não “lê” aquilo que lhe é proposto, pois não absorve o conteúdo daquele livro.
O analfabeto tem todas as possibilidades de compreender o que acontece ao seu redor e identifica-se dentro do texto ou da palavra que esta posta, com a única diferença de não saber decifrar e compreender o que está escrito. Assim, o professor é o divisor de águas desse primeiro encontro entre o aluno e a leitura:
Como eu, o analfabeto é capaz de sentir a caneta, de perceber a caneta e de dizer caneta. Eu, porém, sou capaz de não apenas sentir a caneta, de perceber a caneta, dizer caneta, mas também de escrever caneta e, conseqüentemente, de ler caneta. . (FREIRE, 2001, P. 19)
Para Freire (2001) a alfabetização de adultos é um ato político e um ato de conhecimento, e exatamente por isso é também um ato criador. Ele não consegue falar em educação de adultos sem falar em problemas de leitura e de escrita, mais não da leitura da palavra em si, mas da sua compreensão.
Analisando criticamente é impossível negar a natureza política do processo educativo quanto rejeitar o caráter educativo do ato político. Quanto mais fica clara essa premissa através da prática, mais percebemos a impossibilidade de separar a educação da política e do poder.
A aprendizagem da leitura se dá primeiramente no ato de aprender a ler o mundo, compreender a sua totalidade, não numa adulteração mecanizada de palavras, mais numa relação simples e dinâmica que vincula linguagem e realidade. A busca constante do livro se dá pela temática da leitura (texto e contexto).
Percebemos também que pela mudança de nossa disciplina sobre a leitura e interpretação do que lemos, teremos condições de construir bibliotecas populares, dando assim a oportunidade para que os demais cidadãos que não possuem o acesso a livros possam utilizá-los. E assim gerarmos neles uma vontade da escrita para que a partir desses textos possamos ter um acervo de obras nacionais de qualidade e com culturas regionais e hábitos que lêem o “nosso mundo”.
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