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Será que temos livre arbítrio?

Por:   •  23/5/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.589 Palavras (7 Páginas)  •  196 Visualizações

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Será que temos livre-arbitrio?

Introdução 

O problema a ser discutido é o problema do livre-arbítrio. Este problema consiste em saber se é possível conciliar a ideia, de que temos livre-arbítrio e, a ideia de que tudo o que acontece no mundo é determinado. 

Este problema surgiu, pois:  

O livre-arbítrio consiste em poder escolher livremente entre várias ações possíveis. Mas, para podermos escolher entre várias ações possíveis não pode estar tudo determinado, caso contrário poderíamos apenas fazer a ação que estivéssemos determinados a fazer. 

Logo, para que exista livre-arbítrio, não pode haver determinismo. 

  

Este ensaio tem como objetivo, oferecer razões para acreditar numa das teses, mais conhecidas a respeito do problema do livre-arbítrio, a tese em questão é o determinismo radical. 

  

É importante, que nos ocupemos do problema de livre-arbítrio, pois o livre-arbítrio está relacionado com a responsabilidade moral. Como tal com a existência de livre-arbítrio somos moralmente responsáveis pelas nossas ações, mas, se não existir livre-arbítrio, então não podemos ser moralmente responsabilizados, pelas nossas ações e consequentemente não podemos ser punidos ou recompensados. Por motivos como os acima referidos, verificamos que saber se de facto temos livre-arbítrio, ou não, é um problema importante. 

  

Será que temos livre-arbítrio? 

Em termos gerais, existem, três teorias que respondem ao problema do livre-arbítrio. Essas três teorias são: o determinismo radical, o libertismo e o determinismo moderado. 

O determinismo radical é o ponto de vista segundo o qual só o determinismo é verdadeiro. Para o determinista radical, é verdade que tudo o que acontece resulta necessariamente do que aconteceu antes, logo não há livre-arbítrio. 

O libertismo defende que o determinismo é incompatível com o livre-arbítrio e que todas as nossas ações decorrem das suas decisões e não de acontecimentos anteriores, ou seja, temos livre-arbítrio. 

O determinismo moderado é a teoria que defende que o determinismo é compatível com o livre-arbítrio, ou seja, as nossas ações são livres, exceto quando alguém ou algo nos força a agir contra as nossas crenças e desejos. 

 

A tese a ser defendida por mim é, o determinismo radical.  

Como apoiante do determinismo radical, eu defendo que não temos livre-arbítrio, pois todos os acontecimentos, sem exceção, são causados e determinados por acontecimentos anteriores. É isto que está por detrás da explicação científica da natureza, porque para explicar cientificamente um acontecimento é necessário apresentar a causa ou o conjunto de causas que dão origem ao acontecimento, e mostrar como a relação entre essas causas (Leis da natureza) produzem esse acontecimento. Como um acontecimento causa outro, quando o primeiro acontece o segundo tem que acontecer também. Por exemplo: quando colocamos açúcar no nosso chá sabemos que ele irá ficar doce e quando utilizamos a água para apagar fogo sabemos que irá apagar-se. Isto tudo faz-nos concordar que tudo o que acontece neste universo é causado ou determinado pelo que aconteceu no passado e que, portanto, também as nossas ações são causadas por acontecimentos anteriores, logo não temos livre-arbítrio. 

Claro que do ponto de vista do agente da ação, parece que tivemos a liberdade para escolher uma ação de entre várias, isto porque não temos consciência do que nos levou a tomar aquela decisão.  Para nós uma ação livre é uma ação que vai de acordo como que decidimos e queremos.  Temos a ilusão de que temos livre-arbítrio, porque devido a um conjunto de causas, já está determinado que iremos escolher aquilo que queremos e desejamos, ou seja, parece-nos que somos livres desde que ninguém nos impeça de fazer aquilo que decidimos e desejamos, sendo que o que decidimos e desejamos foi determinado através de acontecimentos do passado. 

Por exemplo, um desconhecido oferece um doce a uma criança e ela recusa. A criança recusou devido a um conjunto de causas (por exemplo, os pais educaram-na dizendo que não se pode aceitar coisas de estranhos). Do ponto de vista da criança, ela teve a opção de aceitar ou não o doce do desconhecido, mas como foi um conjunto de causas que determinou a resposta da criança, ela não teve liberdade de escolha, e a hipótese de aceitar o doce não passou de uma ilusão, pois já estava determinado que ela iria recusar o doce. 

Podemos mostrar tudo o que acima foi referido através de um argumento muito usado entre os defensores do determinismo radical: 

Se tudo está determinado, não há livre-arbítrio. 

Ora, tudo está determinado. 

Logo, não há livre-arbítrio. 

  

  

A minha objeção à teoria do determinismo moderado: 

Segundo o determinismo moderado, somos livres quando não somos impedidos de fazer o que desejamos. O determinismo moderado, também defende que as nossas crenças e desejos, são parte da nossa personalidade. 

Se a nossa personalidade está determinada pelo nosso passado, ou seja, pela educação e pelo meio em que crescemos. Como não controlamos o passado, não podemos afirmar que as nossas ações são livres, visto que as nossas crenças e desejos, foram determinadas pelo nosso passado. 

  

Objeção à teoria do libertismo: 

Segundo o libertismo, as nossas ações são livres, pois temos uma experiência direta da escolha, e essa experiência é muito mais forte do que todas as teorias que dizem que está tudo determinado. Os libertistas compraram isso com a nossa existência, pois não podemos negar que existimos, devido à experiência direta, que temos.

 Os libertistas não são capazes de excluir a hipótese de que a nossa impressão relativa ao livre-arbítrio pode ser uma ilusão. Por exemplo, se estivermos numa estrada que a certo ponto, se divide noutras três estradas, temos a hipótese de escolher o caminho 1, o 2, ou o 3. Segundo os libertistas como temos livre-arbítrio, temos a opção de escolher qualquer um dos três caminhos, não importando qual dos três escolhemos, mas caso não tenhamos livre-arbítrio estamos destinados a escolher, apenas um dos caminhos, apesar de ter-nos passado pela cabeça que poderíamos ter ido pelos outros dois. Sabendo assim que o livre-arbítrio pode passar de uma ilusão, os libertistas não têm nenhuma objeção capaz de mostrar que não exista livre-arbítrio. 

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