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Classicismo em Portugal: Expressão artística do Renascimento

Por:   •  17/11/2015  •  Resenha  •  1.443 Palavras (6 Páginas)  •  229 Visualizações

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lírica de Camões: O amor platônico

1- Classicismo em Portugal: Expressão artística do Renascimento

• De 1527 quando Sá de Miranda retorna da Itália com novos ideais estéticos (doce estilo novo) até 1580 com morte de Camões e o domínio de Portugal pela Espanha;

• Período de grandes transformações nos campo da história da civilização ocidental: revolução científica e tecnológica; navegações e grandes descobertas marítimas;

• Caracteriza-se por uma visão teocêntrica que vai cedendo espaço a visão antropocêntrica do universo; pela volta aos modelos clássicos greco-latinos, considerados como modelo ideal de criação; equilíbrio, clareza, racionalidade e universalidade;

2- Luís Vaz de Camões: vida e obra

• Nasceu em 1524 ou 1525 em Lisboa, Alenquer, Coimbra, Coimbra ou Santarém e morre em 10 de junho de 1580;

• Influências de Homero, Virgílio, Ovídio, Petrarca, entre outros;

• Em 1549 parte para Ceuta como soldado, e em combate perde um olho;

• De volta a Lisboa fere um servidor do Paço é preso e posteriormente exilado para o Oriente, onde compõe grande parte da sua obra;

• Em 1556 ao deixar a China, sobre um naufrágio no qual, segundo a lenda teria conseguido salvar os manuscritos de Os Lusíadas e, no entanto, perdido Dinamene, companheira chinesa, que morre afogada e que segundo Severino Antonio (1989) se torna um dos temas mais intensos e dramáticos de sua obra;

• Escreveu poesia lírica e épica, de recorte medieval (redondilhas), e clássica (sonetos, oitavas, sextinas, églogas, canções, elegias, Os Lusíadas) e teatro popular e clássico (Auto de Filodemo, El-Rei Seleuco e Anfitriões).

3- A lírica de Camões

• De acordo com Severino Antonio (1989, p. 223) a permanente atualidade dos poemas amorosos e reflexivos tem sido motivo de espanto. A multiplicidade de vozes, a dramaticidade das contradições, a surpreendente fabulação de imagens, a flexibilidade dos ritmos tem revelado a obra de Camões como uma das mais importantes líricas da literatura ocidental.

• Duas grandes estruturas métricas: medida velha (redondilhas maior e menor) e a medida nova (versos decassílabos);

• Temas e motivos originados de fontes populares, cantigas de amor e de amigo e da poesia palaciana:

Mote

Descalça vai pera a fonte

Lianor pela verdura;

Vai fermosa, e não segura.

Voltas

Leva na cabeça o pote,

O testo nas mãos de prata,

Cinta de fina escarlata,

Sainho de chamalote;

Traz a vasquinha de cote,

Mais branca que a neve pura.

Vai fermosa, e não segura.

Descobre a touca a garganta,

Cabelos de ouro entraçado,

Fita de cor encarnado,

Tão linda que o mundo espanta.

Chove nela graça tanta,

Que dá graça à fermosura:

Vai fermosa, e não segura.

• Encontramos também poemas reflexivos filosóficos que por sua construção racional (introdução, desenvolvimento, conclusão, jogos de teses, antíteses e síntese) que prenunciam o Barroco e tem base questionadora da própria emoção e não apenas confissão afetiva;

Tanto de meu estado me acho incerto,

Que em vivo ardor tremendo estou de frio;

Sem causa, juntamente choro e rio;

O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto;

Da alma um fogo me sai, da vista um rio;

Agora espero, agora desconfio,

Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando;

Numa hora acho mil anos, e é de jeito

Que em mil anos não posso achar uma hora.

Se me pergunta alguém porque assim ando,

Respondo que não sei; porém suspeito

Que só porque vos vi, minha Senhora.

4- O amor platônico

• Para Massaud Moises (1968, p. 73) a lírica neoplatônica é o reviver das doutrinas de Platão acerca do amor, como se estampam nO Banquete. Segundo o seu pensar, a verdadeira realidade reside no mundo das idéias (racional, inteligível), e o mundo sensível (órgãos do sentido) se afigura apenas um aglomerado de sombras vagas, lembranças do outro; e o Amor é um ser intermediário entre os deuses e os imortais, e filósofo; ele nos inspira o desejo de ter sempre o bem; sua ação é uma geração que garante aos mortais a imortalidade que lhes é possível;

• Maria Helena Ribeiro da Cunha (1965, p. 122) pontua três idéias acerca do platonismo amoroso camoniano:

• O amor idealizado alça tal altura o espírito que o faz contemplar uma realidade extraterrena;

• Esse amor, chama orientadora do espírito, se dirigido para o bem, ilumina a realidade inteligível;

• Sublimado na ausência, o amor, ou a contemplação da mulher amada, reflexo da beleza divina, enobrece a alma e nela executa a imagem incorporal;

1

Sete anos de pastor Jacob servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;

mas não servia o pai, servia

...

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