A Etnografia Brasileira
Por: Lucca Santos • 12/4/2023 • Trabalho acadêmico • 1.952 Palavras (8 Páginas) • 70 Visualizações
Os sambaquis, de acordo com Schell (2019), são possivelmente os sítios mais datados e intensamente estudados na costa brasileira, porém, várias incertezas rodeiam as interpretações e cronologias estabelecidas pelos pesquisadores que atuam nesta área de pesquisas e são diversos os fatores que muitas das vezes podem acabar interferindo nas cronologias por nos arqueólogos estabelecidas. O objetivo central deste pequeno trabalho é analisar o texto “Calibração de datas radiocarbônicas em sítios costeiros” de 2019, escrito pela pesquisadora Rita Scheel-Ybert, com o objetivo de demonstrar os limites e possibilidades interpretativas proposto pela autora, como formar de exemplificar as melhores metodologias para aplicação desse tipo de datação em sítios tão específicos como os sambaquis, levando em conta também sua localização geográfica, já que essa pode interferir nas cronologias que estabelecemos em nossos estudos. De modo, que segundo a autora, é fundamental que os resultados das datações que realizamos sejam calibrados de forma adequada, que considere as curvas de calibração apropriadas e os dados de efeito reservatório locais.
Os sambaquis como já dito, são um dos tipos de sítios que muitos arqueólogos vem desenvolvendo os mais diversos tipos de trabalhos ao longo do tempo, e nesses estudos se incluem é claro, datações que possibilitem um maior grau de “confiabilidade” aos estudos feitos por nos sobre os modos de vida do passado, e com isso contribuir para a compreensão das populações sambaquieras no tempo e espaço. Mas não somente arqueólogos vem se debruçando sobre estes estudos, mas diversas outras áreas de interessem vem cada vez mais ampliando o leque interpretativo e contribuindo para a construção de narrativas sobre o passado. Geralmente esses trabalhos se interligam e acabam buscando responder perguntas similares, como os estudos sobre as variações do nível do mar (MARTIN et al., 1984), radiocronologia (MENDONÇA & GODOY, 2004; ANGULO et al., 2007; MACARIO & ALVES, 2018), biodiversidade da fauna e da flora (RODRIGUES et al., 2016; COE et al., 2017), geoquímica BERTUCCI et al., 2018), musealização (TAGLIOLATTO et al., 2015) e etc.
Em relação a questões cronológicas dos sítios sambaquieros, Schell (2019) diz que e necessário uma maior atenção e contextualização desses estudos, e consequentemente dos povos que ocuparam o litoral e algumas porções lagunares (SHELL, 2019; MARTIN, 1984; GASPAR, 1996) do território que atualmente conhecemos como Brasil, mas que outrora intensamente ocupado pelos mais diversos tipos de populações originarias, cada uma com suas especificidades que precisam serem levadas em conta na interpretação e construção do conhecimento. No caso das populações Sambaquieras, atualmente sabemos que seu modo de vida embora possuísse elos de ligação em relação ao seu modo de vida, existem também muitas diferenças, muitas das vezes impostas pelo próprio ambiente que essas populações estavam inseridas e também diz respeito as escolhas culturais feitas por cada população em especifico, já que temos datações que nos levam a interpretar que esse “modo de vida sambaquiero” foi constante e se manteve no território brasileiro por pelo menos 7.000 mil anos.
Schell (2019), nos diz que a complexa estratigrafia desses sítios é um dos fatores que precisam ser considerados, mas também é necessário um olhar mais acurado sobre o tipo de material que estamos expondo as datações, como conchas, ossos humanos e carvões, já que durante um determinado período de tempo as datações provenientes desses matérias era feita de maneira indeterminada para todos, ou seja, eram aplicados sem considerarem a própria natureza química/física desses matérias, de modo que os resultados eram comparados entre si sem que houvesse uma correção que levasse em conta essas especificidades.
As datações de radiocarbono surgiram no final da década de 1940 e se firmaram dentro do campo arqueológico como um dos métodos de datação absoluta mais intensamente utilizados pelos arqueólogos (a) mundo a fora. Assim como todo método cientifico os últimos 80 anos serviram como para uma realocação da utilização desse método, onde ficaram evidentes distorções e falhas no método, da mesma maneira que surgiram diversas formas de contornar essas distorções, assim, o método atualmente é bem diferente do aplicado na década de 1940, devido ao aprimoramento cientifico e esforço diversos pesquisadores para sanar tais problemas, de modo, a colocar a datação de radiocarbono como um dos métodos mais reconhecidos, uteis e confiáveis (SCHEEL-YBERT, 1999; 2019; MACARIO & ALVES, 2018). Schell-Ybert (2019) nos diz que uma “datação de radiocarbono, seja ela obtida pelo método convencional ou por AMS representa o resultado estatístico da medida da quantidade de carbono-14 residual da amostra, já corrigida pelo fracionamento isotópico”, o que na maioria das vezes acabam se aproximando dos valores reais da idade das amostras, entretanto, alguns outros fatores contribuem para que haja discrepâncias entre elas, como a taxa de variação temporal na taxa de produção de carbono 14 na alta atmosfera, até as diferenças de concentração do C14 nos diferentes tipos de reservatórios como a biosfera, atmosfera, geosfera e hidrosfera, de maneira, que a calibração correta se torna imprescindível. A calibração de uma datação consiste em na transformação de uma informação estatística, que é a medida de C14 residual, em um dado cronológico o mais próximo possível da realidade estudada. De modo, que requer, uma interceptação da informação da data fornecida pelos trabalhos laboratoriais com a curva de calibração mais adequada, o que acaba gerando um determinado intervalo de tempo que possuí um certo grau de confiabilidade.
De um tempo para cá, os laboratórios especializados nesse tipo de datação veem cada vez mais informando as datações calibradas em conjunto com os resultados obtidos. No entanto, até recentemente essas calibrações eram padronizadas e utilizavam a curva IntCal para analisar e interpretar o contexto sul-americano, Mas esta curva foi desenvolvida especificamente para estudo de amostras não marinhas do hemisfério norte, consequentemente não devem ser aplicadas em materiais do hemisfério oposto. Fazendo-se necessário que antes da interpretação das datas obtidas uma calibração o mais correta possível da nossa realidade climática da América do Sul, onde englobamos a maior porção territorial do Brasil e América do Sul, Schell-Ybert (2019) nos diz que devemos aplicar a curva SHCal, desenvolvida especificamente para as amostras de origem não marinhas desse hemisfério (MCCORMAC et al., 2004; HOGG, 2013), de maneira a levar-se em conta o fator primordial que a atmosfera do
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