A Representação da Pessoa Negra na Teledramaturgia Brasileira

A representação da pessoa negra na teledramaturgia brasileira

                                   Kauã Vasques, Leonardo Henrique, Vinicios Rafael e Vitório Werick

A teledramaturgia é algo intrínseco ao cotidiano do brasileiro, sendo assista por milhões de habitantes e completando mais de 70 anos nas televisões dos lares brasileiros. Nessa perspectiva, torna-se de extrema importância a mensagem contida nela e a forma como ela é passada, visto seu papel na formação da sociedade e seus costumes. É imprescindível, portanto, analisar o papel do negro e como ele é representado a população do país e seus impactos na formação do consciente da sociedade.

 Tendo isso em mente e ao observar as telenovelas para além de uma forma passiva, ou seja, de forma crítica e questionadora, nota-se que os papeis destinados a pessoas negras encaixam-se em certos padrões e estereótipos negativos. A maneira como são tratadas as personagens negras no enredo da telenovela reflete e, ao mesmo tempo em que reflete, reforça a imagem do negro que vem sendo construída e a milhões de telespectadores no País: uma pessoa humilde ou em condição social subalterna, em empregos de subserviência, pobre, com pouca instrução e educação.

Tal cenário expõe um racismo, mesmo que de forma velada, a comunidade negra e a sua cultura, como será demostrado nos exemplos abaixo.

A Mãe Preta

• Geralmente é uma escrava ou empregada doméstica que é cheia de amor é pela família branca, sendo extremamente servil e fazendo de tudo por ela. Também há certas características marcantes como: ser gorda, supersticiosa e uma boa cozinheira e ser a conselheira da família.

Empregada Doméstica

• É aquela personagem responsável por arrancar risos pelo seu jeito agitado e assanhado. Muitas vezes também é representada como aquela que é sensual e fogosa e tenta seduzir o patrão. Ou ainda a empregada bisbilhoteira e maliciosa, cheia de mania de grandeza e más intenções. Mesmo que haja certas diferenças acerca de algumas características, todas são subservientes e sua existência é condicionada a outros personagens que são em sua maioria brancos.

O Fiel Jagunço

• Um empregado negro muito leal e dedicado ao seu patrão, isto é, a versão masculina da empregada doméstica. Retratado, na maioria das vezes, como o vaqueiro de confiança do fazendeiro branco ou, no caso das cidades, como o motorista, o secretário e ajudante pessoal.

A Negra Fogosa e Sensual

• É a sexualização da mulher negra em personagens “rebolantes” e luxuriosas, seres irresistíveis e insaciáveis que enlouquecem todos os homens ao seu redor.

O Malandro

• A personificação do “jeitinho brasileiro” que é representado por crianças ou adulto negro e trazem um alivio cômico para a trama, burlando as regras ao seu favor. Também, em sua maioria, mora na favela.

O “Negro Perfeito”

• Trata-se um personagem “solto”, sem um vinculo familiar ou história própria. Foi apelidado por Joel Zito Araújo, cineasta e pesquisador brasileiro, de “o negro perfeito”, porque muitas vezes ele se afasta de suas origens e de sua negritude para ser aceitável aos olhos brancos.

O negro que compõe o caráter de um personagem branco

• Sua função é ajudar a mostrar para o público qual é o caráter da personagem, ou seja, se o branco vai a seu favor em algum momento, então devemos entender que ele é bom. E, caso o contrário aconteça, isto é, a personagem branca ter uma atitude racista, logo ele é ruim.  

Autores de telenovelas argumentam que a personagem negra é colocada na trama na posição menos privilegiada, pois essa é a posição que, em geral, o negro ocupa na sociedade. Entretanto, isso é passível também de questionamento, visto que a novela não é realidade. Essa justificativa faz com que o ator negro esteja sempre limitado a “papéis de negro” e, enquanto a nossa sociedade prega a mistura racial, a miscigenação, o ator é confinado a textos que estereotipam sua raça e cultura.

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