Caminhos Para a Promoção da Agricultura Sustentável no Brasil

Caminhos para a promoção da agricultura sustentável no Brasil

Decorridos mais de 20 anos da Rio 92, Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, as avaliações sobre os avanços mundiais em direção ao desenvolvimento sustentável mostram progressos pouco significativos e, no caso brasileiro, pesquisas apontam que as mudanças ambientais das últimas décadas decorrem principalmente de iniciativas dos setores econômicos em busca de posicionamentos estratégicos frente à globalização de mercados. No entanto, mesmo que haja avanços positivos da agricultura orgânica no país, não há uma prioridade do poder público frente ao desenvolvimento sustentável. Para tanto, urge a necessidade de investimento em tecnologias que estimulem padrões sustentáveis de produção a fim de assegurar o aumento da produtividade e manter o respeito ao meio ambiente despertando a solidariedade e a mobilização por objetivos comuns nos grupos envolvidos.

        Nessa perspectiva, é notório que o desenvolvimento sustentável tem como eixo central a melhoria da qualidade de vida humana, sendo seu envolvimento fundamental para o alcance do sucesso desejado. Contudo, para que este processo seja implementado, deve-se visar à harmonia e à racionalidade entre os seres humanos, o que não acontece no contexto brasileiro atual visto que o cidadão não possui uma visão futura positiva desta união entre a natureza e o homem, ainda mais com esse mundo contemporâneo em que é mais prático utilizar agrotóxicos e mecanizar a agricultura do que cultivar o alimento sem uso de inseticidas prejudiciais. A exemplo disso, no ano de 2019 registrou-se um levantamento do Greenpeace, um grupo formado por ecologistas, jornalistas e hippies, com base nos dados do Ministério da Cultura em que foram liberados pelo governo a maior quantidade de defensivos agrícolas em dez anos provando, assim, que o consumo de pesticidas no país vem aumentando gradativamente.

        Além disso, considerando que haja necessidade do governo em priorizar os investimentos que visem aumentar a produtividade da agricultura orgânica, percebe-se a importância do planejamento de estratégias e políticas públicas que permitam garantir a segurança alimentar. Nada obstante, tais políticas não são tão eficientes devido ao descaso do poder público para com a população rural residente, além da constante mecanização agrícola uma vez que os trabalhadores sofrem com as transformações econômicas, sociais e territoriais. Exemplificando, um artigo publicado no jornal da USP na edição de dezembro de 2020 trouxe como tema o descaso do atual governo federal brasileiro com a política ambiental e como isso tem afetado o Fundo Amazônia, que tem por finalidade promover o uso sustentável do projeto Amazônia Legal.

        Portanto, para que haja promoção da agricultura sustentável no Brasil necessita-se que o Ministério da Agricultura, juntamente com a iniciativa privada em articulação com a sociedade civil, fomente a ação de políticas públicas que incentivem e financiem a agricultura sustentável de modo a aumentar a produtividade orgânica e assegurar a efetivação do direito humano à alimentação saudável. Ademais, é necessário tornar a produção agrícola menos dependente dos insumos químicos por meio da transição para técnicas de produção com menor impacto ambiental com objetivo de preservar a saúde do solo e da água. Logo, como efeito social, ocasionará na redução de emissões dos gases estufas decorrentes da produção e, consequentemente, na diminuição de problemas de saúde na sociedade brasileira.