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Estética filosófica - A política e o divino

Por:   •  9/6/2017  •  Trabalho acadêmico  •  698 Palavras (3 Páginas)  •  159 Visualizações

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A política e o Divino

O papel da arte na sociedade vai muito além da sua função de exercer um deleite estético e sensorial ao seu espectador. Ao passar das épocas, a Arte assumiu diversas funções diferentes conforme lhe foi exigido. Vimos a sua representação acerca do divino, do sagrado, do correto, mas também do errado e do profano. Em muitas destas ocasiões, entretanto, denota-se uma conotação política ao seu entorno que corresponde ao interesse de um grupo de pessoas ou do próprio artista.

A arte tem o papel de responder a situações e/ou discussões específicas, como também, da mesma forma, pode ser apática e não se posicionar a favor de algo. Vimos ela se posicionar politicamente durante o período Gótico, por exemplo, em que a sociedade ocidental através da Igreja Católica na Europa, de acordo com os seus interesses de expandir a mensagem do cristianismo à todos os povos, se utilizou da imagem, esculturas e da própria arquitetura. Um caso mais recente aos nossos dias e à nossa realidade é referente ao caso da Ditadura Militar no Brasil, em que artistas dos mais variados ramos se posicionaram contra as séries de medidas extremistas e ditatoriais, e expuseram a sua arte como crítica.

Vimos em Hegel que “a arte não é de fato independente e livre, mas servil”. Isto poderá receber uma conotação negativa caso atenda às necessidades imediatistas e triviais de uma sociedade ou se elevar a um status de soberania do espírito. Neste último caso, a Arte manifesta-se através de declarações e se faz ouvir pela crítica exercida por uma obra de arte. Blanchot deixa isto claro através da determinação sobre o local onde a obra se insere:

A arte é real na obra. A obra é real no mundo, porque aí se realiza (de acordo com ele, mesmo no abalo e na ruptura), porque ela ajuda a sua realização e só terá sentido, só terá repouso, no mundo onde o homem será por excelência.

Esta edificação do espírito, tendo como campo de atuação o seu lado artístico, é uma forma encontrada para reverter a situação deste mundo imediatista que tem como foco a ação sobre determinadas situações pelo uso da arte, por uma realidade idealizada onde o homem irá de encontro com o seu Eu interior e o será por excelência. Conforme Hegel, "A bela arte é, pois, apenas nesta sua liberdade verdadeira arte e leva a termo a sua mais alta tarefa quando se situa na mesma esfera da religião e da filosofia e torna-se apenas um modo de trazer à consciência e exprimir o divino, os interesses mais profundos da humanidade, as verdades mais abrangentes do espírito."

Apenas aí, a arte encontra-se consigo mesma e com a essência do ser. Esta autenticidade na sua existência sobrepujam o pensamento e reflexão que outrora reincidiam sobre a arte. A subordinação que era imposta em prol de algo ou alguém deixam de existir e o absoluto vêm à tona. “A arte [...] já não se afirma por inteiro na obra, não é o que ela faz. Já não está do lado do real, não busca a sua prova na presença de uma coisa produzida, afirma-se sem prova na profundidade da existência soberana, mais orgulhosa do esboço ilegível de Goya do que do movimento inteiro da pintura."

Dentro desta visão, o artista é responsável por expressar toda a sua subjetividade e alcançar o sensível. Ele se opõe às situações subordinativas em que a arte é submetida e protege os seus valores através da arte. Agindo assim é capaz de criar uma realidade nova, ampliando os horizontes de uma sociedade que há muito não se relaciona com o divino.

Seja pela busca do divino ou com uma conotação política em prol de algo que partilhe ao bem de todos, a obra de arte é tida como um objeto transformador da realidade em que vivemos. Ela é capaz de mudar a visão sobre algo, inverter um conceito ou consolidá-lo. A sua autenticidade está relacionada à busca do nosso Eu interior, possibilitando um momento de descoberta como ser e como parte de um conjunto. Cabe ao artista, bem como à sociedade e época em que está inserido, partir à busca das suas respostas e moldar a sua realidade.

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