Os Fundamentos Teóricos da Classificação
Por: Gabriela Giombelli • 16/12/2020 • Trabalho acadêmico • 1.210 Palavras (5 Páginas) • 260 Visualizações
Fichamento - ARAÚJO, CAA. Fundamentos teóricos da classificação. 2006.
1. INTRODUÇÃO
Classificar algo pode ser definido como “dividir em grupos ou classes, segundo as diferenças
e semelhanças. É dispor os conceitos, segundo as semelhanças e diferenças, em certo número
de grupos metodicamente distribuídos” (PIEDADE, 1997, p. 09), ou seja, ordenar ou dividir
em grupos a partir de aspectos semelhantes, que os demais não tem, partilhados por alguns.
2. CLASSIFICAÇÕES SOCIAIS
A classificação, além de especializada, também é parte constitutiva das sociedades, ação
instintiva do ser humano denominada classificação social. Existem inúmeros exemplos desse
tipo de classificação:
Basta pensar na maneira como as pessoas tratam umas as outras, ou se referem a terceiras, atribuindo estatutos de superioridade ou inferioridade social, [. . . ] umas distintas e outras vulgares, [. . . ] umas merecedoras de mais respeito e outras de menos, e por aí afora (COSTA, 1997/98, p. 66).
A principal característica desse tipo de classificação é seu caráter naturalizado, adotado sem
problematizações pelos indivíduos. Apesar de haver várias formas simples de se perceber a
classificação cotidiana, como lavar roupas ou organizar o quarto, há formas mais complicadas
de sua inserção, como o preconceito. O trabalho de Bourdieu, citado por Costa, nota uma
correlação entre os sistemas de classificação e as desigualdades sociais, concluindo que “as
relações sociais acabam por tomar a forma de lutas de classificação que operam em vários
domínios: as apreciações artísticas, os gostos alimentares, [. . . ] as preferências políticas, as
adesões religiosas, [. . . ]”
3. CLASSIFICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Dentre as classificações mais elaboradas, que buscam explicitar e refletir sobre os critérios de
classificação utilizados, existem diversas formas de pensamento. Svenious diferencia aquelas
voltadas para uma classificação filosófica do conhecimento, daquelas preocupadas com a
organização de documentos, sua disposição física e recuperação. Estes, ela denominou
“classificação bibliográfica” (SVENIOUS, 1985).
Piedade traz uma distinção que atribui características de definição e hierarquização do
conhecimento humano para a classificação filosófica e características de “ordenação dos
documentos nas estantes ou nos arquivos, [. . . ] das referências nas bibliografias ou das fichas
nos catálogos” (PIEDADE, 1977, p. 61) para a classificação bibliográfica.
Ao separar a classificação por sua finalidade, há a obtenção de sua forma filosófica como
também sua forma bibliográfica. Esta, independente de suas distinções, busca difundir uma
classificação sistemática, que pense sobre os elementos de ligação que servem para a junção
de conceitos.
4. EVOLUÇÃO DAS TEORIAS DA CLASSIFICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
A primeira contribuição para a formulação de uma teoria de classificação foi de Aristóteles
com a divisão dos objetos em gênero e espécie. Sua segunda contribuição elabora os cinco
predicados, ou seja, os cinco tipos de relações existentes num arranjo lógico:
1) Gênero: grupo com características em comum;
2) Espécie: ser que tem um aspecto específico que o diferencia de seu gênero próximo;
3) Diferença: característica que serve para gerar uma espécie;
4) Propriedade: algo próprio de cada ser de uma classe, não sendo essencial à definição desta;
5) Acidente: aspecto não obrigatório a todos os elementos de uma classe.
Para uma apropriada estrutura conceitual três princípios lógicos são requisitados. Segundo
Dodebei, são eles:
1) Princípio da Completude
Estabelece que “a divisão do conceito deve ser completa, adequada e ordenada por
complexidade crescente, [. . . ] do simples ao complexo ou do abstrato ao concreto”
(DODEBEI, 2002, p. 82).
2) Princípio da Irredutibilidade
“[. . . ] não se deve enumerar mais que os elementos verdadeiramente distintos entre si, de
maneira que nenhum esteja compreendido no outro” (DODEBEI, 2002, p. 82).
3) Princípio da Mútua Exclusividade
Formula que é preciso usar somente um aspecto do conceito para cada derivação conceitual.
Apenas um princípio de divisão deve ser usado de cada vez para produzir classes mutuamente exclusivas. Se elas se sobrepõe [. . . ] é impossível se ter certeza a que classe um determinado objeto pertence. Esse erro é conhecido como classificação cruzada (LANGRIDGE, 1977, p.24).
Esses fundamentos foram cruciais na concepção dos primeiros sistemas de classificação
bibliográficas, pois são hierárquicos, isto é, organizam os conceitos em estruturas de
gênero/espécie, apontando características essenciais e acidentais. Os mais importantes
sistemas de classificação são a Classificação Decimal de Dewey (CDD),
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