RESENHA CRÍTICA: O QUE É LEITURA

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO O QUE É LEITURA – MARIA HELENA MARTINS

A obra o que é leitura? tem por finalidade propiciar o entendimento da leitura nas suas mais diversas esferas, salientando sua importância como método para o desenvolvimento social e cognitivo, na ânsia de provocar no indivíduo o interesse pelo ato de ler. Apresenta a realização do fenômeno da leitura em diferentes contextos, demonstrando que a leitura vai além das palavras escritas. E diferente do que se pensa tudo pode ser lido.

I - FALANDO EM LEITURA...

O ato de ler é usualmente relacionado à escrita, e o leitor visto como decodificador da letra. Bastará, porém decifrar palavras para acontecer à leitura? O ato de ler perpassa a interpretação de códigos, não se resume apenas na leitura de livros, estendendo-se também aos gestos, situações, pessoas, olhares, atitudes e objetos. Assim, a leitura vai além da escrita.

II - COMO E QUANDO COMEÇAMOS A LER?

A contar dos nossos primeiros contatos com o mundo, quando percebemos o calor, o aconchego, a luz, a penumbra, o som, o toque, o cheiro. Começamos assim a compreender, a dar sentido ao que e a quem nos cerca. Esses são os primeiros passos para aprender a ler. Esse processo trata-se de um aprendizado natural, porém complexo, fragmentado e ao mesmo tempo constante.  Como diz Paulo Freire: “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se de educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. Por ser um ser social, o homem necessita interagir com o meio para desenvolver suas habilidades.

Consequentemente, dar-se a valorização do saber ler e escrever como instrumento de comunicação, registro das relações humanas, das ações e aspirações dos homens; transformado com frequência em instrumento de poder pelos dominadores, mas que também pode vir a ser a libertação dos dominados. A leitura contribui para não alienação social. Assim os indivíduos podem compreender seu papel, pensar por si mesmos, construir seu ponto de vista, seus próprios conceitos, adquirir independência e emancipar-se das influencias dominantes da sociedade.

A aprendizagem, em geral significa uma conquista de autonomia. Os indivíduos e as sociedades carentes como a nossa precisam aprender a enfrentar o desafio de ler, exercitando sua memória, não se deixando iludir pelos interesses da minoria dominante. Construir conhecimento pessoal estimando a vontade de saber mais, com curiosidade buscando sentidos mais construtivos e incentivadores das palavras, respeitando, no ato da leitura, sua abstração e a assertividade.

III- AMPLIANDO A NOÇÃO DE LEITURA

O conceito de leitura está geralmente restrito á decifração da escrita, no entanto sua aprendizagem liga-se ao processo de formação global do individuo, à sua capacitação para o convívio e atuação social, política, econômica e cultural. Possuir as bases de uma educação adequada para a vida possibilita ao cidadão integrar-se efetivamente a sociedade. Hoje, infelizmente ainda se tem o aprendizado baseado no método analítico caracterizado pelo processo de decorar, soletrar e decodificar. Muitos educadores não conseguiram superar essa pratica mecanizada de ensino que acaba impossibilitando a compreensão da verdadeira função que a leitura exerce na vida do indivíduo e na sociedade a que pertence.

É notória a preocupação de muitos educadores em relação ao processo de ensino e aprendizagem, exigindo mudanças profundas em muitos aspectos dos quais se destacam: a limitação do ato de ler somente na escola e o livro didático que acaba inibindo o gosto pela leitura, uma vez que, os alunos têm acesso a textos caracterizados pela visão deturpada das concepções da minoria dominante que visam a reafirmação da supremacia mediante a elitização da cultura.

O ato de ler permite a descoberta; incentiva tanto a fantasia como a consciência da realidade objetiva proporcionando elementos para uma postura crítica. Considerando a leitura como um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas. Por se tratar de uma experiência individual, a leitura pode ter um significado diferente para cada um de nós. Segundo diz Paulo freire, “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” Nesse processo a função do educador seria a de criar condições para o educando realizar a própria aprendizagem, conforme seus interesses, necessidades.

IV – O ATO DE LER E OS SENTIDOS, AS EMOÇÕES E A RAZÃO.

O livro O que é leitura? Trás como propósito compreender a leitura, tentando desmistificá-la, por meio de uma abordagem despretensiosa que permita avaliar aspectos básicos do processo, dando margem a se conhecer mais profundamente o ato de ler. Propondo-se a pensá-lo se percebe três níveis básicos de leitura: o sensorial, o emocional e o racional. Cada um corresponde a um modo de aproximação ao objeto lido, porém estão sempre inter-relacionados.

LEITURA SENSORIAL

A primeira leitura que fazemos do mundo, a mais básica; remete-se aos cinco sentidos: audição, visão, tato, paladar e olfato, por este fato tende a ser mais rápida irracional e ingênua. Os sentidos são os referenciais mais elementares do ato de ler, caracteriza a descoberta do universo. Relaciona-se com as primeiras escolhas e motiva as primeiras revelações, nos acompanha por toda vida. Nos permite uma primeira impressão.

LEITURA EMOCIONAL

 Quando a leitura nos faz despertar a curiosidade, estimula a fantasia, provoca descobertas deixamos de ler só com os sentidos e passamos a leitura emocional. O nível emocional nos leva a interpretação subjetiva que o nível sensorial nos trouxe. No terreno das emoções as coisas escapam ao controle do leitor que se vê envolvido por verdadeiras armadilhas traçadas no seu inconsciente. É a leitura mais comum, porém é pouco valorizada. Provoca intensa satisfação ou desencadeiam angustias. Nela podemos encontrar dois fatos: a preferência e a rejeição. Tudo que lemos é fruto de uma visão de mundo, de um sistema de ideias e técnicas de produção.