Resenha: Os inventores do New Deal. Estado e sindicato nos Estados Unidos dos anos 1930. Tese de doutorado - capítulos 1, 2 e 3.
Por: Lene Santos • 8/12/2016 • Resenha • 3.480 Palavras (14 Páginas) • 622 Visualizações
Resenha: Os inventores do New Deal. Estado e sindicato nos Estados Unidos dos anos 1930.
Tese de doutorado - capítulos 1, 2 e 3.
Após a segunda guerra mundial havia um grande desemprego nos Estados Unidos, o Estado americano na busca da retomada do crescimento, começa então, a gerar alguma estruturação estatal para promover a organização dos trabalhadores e consequentemente ajudar na produção de um relacionamento mais harmônico entre o capital e o trabalho, o novo acordo americano ou New Deal, representa essa ação do Estado, o projeto refere-se a um conjunto de medidas sociais e econômicas tomadas pelo governo Americano entre 1933 e 1937, dentre essas medidas estavam: altos investimentos em obras públicas de infraestrutura, como estradas, ferrovias, escolas, hospitais, programas voltados para a área social, controle de preços e produtos das empresas, geração de incentivos agrícolas, redução da jornada de trabalho, e a reforma do sistema bancário.
Em 1935 por intermédio da lei de Lei de Wagner como ficou popularmente conhecida ou National Labor Relations Act, o Estado Americano criou a agencia Nacional administrativa federal Labor Relacions Board, a partir de então, aparece um novo modo de regulação da contratação do trabalho, que passa da contratação individual para a contratação coletiva da classe operaria. Acompanhar a forma como a classe trabalhadora se organiza e suas lutas em busca de direitos trabalhistas, revela-nos muito daquilo que é fundamental no desenvolvimento histórico da maioria dos países.
No período da segunda guerra mundial, uma linha de pensamento tornou-se hegemônica entre os americanos: O excepcionalismo Norte Americano. Ele se pós como uma defesa do que se entendia serem os valores americanos, em contraposição ao nazismo soviético. Esse pensamento hegemônico juntou-se o panorama mundial de guerra e a um panorama político americano de articulações contrarias ao New Deal, então, o HUAC: Special House Committee for the Investigation of Un-American Activities, uma agencia criada para investigar atividades comunistas e fascistas nos Estados Unidos, passou a investigar e tentar impedir que as medidas do New Deal, fossem estabelecidas, para tanto, começou a investigar e “punir” pensamentos contrários ao excepcionalismo Americano, principalmente nas universidades as investigações acabaram calando falas distintas dos intelectuais, ademais, os ideais excepcionalistas traziam incutidas ideias de que o país não necessitava de lutas de classes, já que cada indivíduo era capaz de crescer por si, neste sentido, os trabalhadores não deveriam desenvolver uma luta contra o capitalismo, mas meramente lutar para proteger e manter suas funções no mercado de trabalho. Além disso, definições democratizantes das fronteiras eram bem vindas para a abertura da economia de mercado, e exaltavam a capacidade de expansão e conquista de novos territórios econômicos.
Porém, a partir de 1960, diante de assassinatos de pessoas como o presidente Kennedy, e Martin Luther King, começaram a surgir sangrentos conflitos raciais, a televisão mostrou como os soldados americanos lidavam com população civil no Vietnam, então, os velhos valores começaram as ser revistos, as mulheres passaram a questionar seu lugar domestico, e seu papel social, o conformismo começou a ser criticados pelos estudantes em movimentos como a nova esquerda e os hippies. Foi nesse cenário, que o campus universitários foram se transformando, se antes havia um consenso ideológico, agora havia uma união favorável a rejeição de qualquer ideologia. A visão do passado americano segundo os novos historiadores do trabalho passa a mostrar os conflitos sociais, de classe, conflitos entre os conservadores e os reformistas, os capitalistas e os contrários ao capitalismo. O importante passa a ser o objeto de estudo e a retratação desse objeto através da explicitação do cenário e do objeto. Enquanto a historiografia do consenso buscava legitimar alguns fatos sociais, rejeitando rememorar outros, ignorava importantes instituições, buscando evidenciar outras ou apenas ações isoladamente. A nova história do trabalho lançou um olhar novo e mais amplo para o passado americano, passou a dar atenção especial as organizações operarias e partidos políticos, passou a questionar a AFL e sua posição e tradição. O IWW surge na nova história do trabalho como um fenômeno social e político essencialmente americano, e apesar de ter sido trazido para os Estado Unidos por imigrantes politizados, os seus integrantes americanos lhe eram mais fieis que os estrangeiros. A Revolução Americana, ganhou novos contornos, os primeiros partidos operários, organizados desde a década de 1820, principalmente a nível municipal e Estadual, devido a legislação America, apesar de não terem todas as suas demandas atendidas, começaram alcançar algum êxito, seja em nível de estudos estatísticos, seja através de programas voltados para os trabalhadores, a nova historia do trabalho ao ampliar o olhar sobre o movimento operário e o movimento partidário apontou subjetividades como as referentes aos seus modos de vida, hábitos, etnicidade, gênero e cultura, pertinentes a cada grupo. O resultado desse aprofundamento revelou uma classe trabalhadora disposta a lutar em prol da conquista e manutenção de seus direitos, ao passo que revelou o Estado Americano através das ações do poder judiciário como desarticulador das diversas organizações operárias do século XIX , e responsável pela direção conservadora da AFL.
Essa nova forma de ver e interagir com o mundo do trabalho acabou por transformar a ideologia Americana tornando-a de instrumento de submissão a instrumento de identidade e unificação de classe e transformação social.
Nesse sentido, a revolução americana representou além de uma revolta contra um poder colonial, uma rejeição a sua forma de organização, a república norte-americana nasceu fazendo criticas a as instituições estatais e a concentração do poder inerente a elas.
Em virtude disso, já no período da experiência confederativa o poder foi dividido entre os 13 Estados, o poder da União não podia atuar dentro dos Estados, apenas entre Estados, ou em problemas relativos à soberania, relações exteriores, guerra, retificação de tratados ou a moeda.
A constituição criada em 1787, desejava eliminar os riscos de uma desintegração política e territorial, mas também desejava formular uma Organização Estatal que permitisse a independência dos Estados em relação ao Congresso, desta forma o poder da União foi diluído horizontal e verticalmente, e dividido em três ramos distintos, um legislativo bicameral, um Executivo e um judiciário, todos trabalhando em um sistema de fiscalização mutua, onde tanto os atos do e Legislativo como do Executivo seriam passiveis de revisão judicial.
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