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Resenha: Pierre Bourdieu A Economia dos Bens Simbólicos

Por:   •  7/5/2019  •  Resenha  •  1.058 Palavras (5 Páginas)  •  366 Visualizações

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No sexto capítulo de “Razões práticas sobre a teoria da ação”, denominado “A Economia dos Bens Simbólicos”, Bourdieu busca explicitar os princípios gerais da economia de bens simbólicos. Para tanto, parte da analise do funcionamento dos mecenatos nas sociedades modernas, das trocas no interior da família e das transações nos mercados de bens culturais e religiosos. Bourdieu mostra as ideias sobre economia simbólica já estruturadas no pensamento de Mauss e Lévi-Strauss e acrescenta aquilo que o diferenciará de ambos os autores. Bourdieu acrescenta, portanto, o elemento temporal, mais especificamente o intervalo temporal entre a dádiva e a retribuição e, faz desse ponto o ponto de partida de sua analise. Sobre o intervalo entre dádiva e retribuição, o autor acrescenta que sua função seria permitir que esses dois atos simétricos parecessem ímpares e, portanto, sem relação. Ou seja, segundo Bourdieu o intervalo temporal diferencia a dádiva do “toma lá, dá cá”, de modo que a dádiva não seja motivada por um interesse e que a retribuição não seja uma obrigação dos indivíduos, mas que estas sejam eventos gratuitos e, não determinados por ações anteriores. Deste modo, é fundamental que na troca de dádivas os indivíduos, por meio do intervalo, exerçam seus trabalhos sem uma intenção pré-planejada. Assim entende-se que a primeira propriedade da economia de trocas é sua característica de portar verdades duplas e difíceis de serem unidas. Para compreender isso se deve entender que existe um real desconhecimento coletivo, fundado nas estruturas objetivas e estruturas mentais, ou seja, um universo socialmente instituído na lógica da reciprocidade. O tabu da explicitação virá de encontro a isto mostrando que aquilo que é dado, seja dádiva ou retribuição, deve permanecer não dito ao remetente, ou seja, o preço deve ser implícito, caso contrário existiria uma anulação da troca. O silêncio imposto aos indivíduos funciona como uma espécie de contrato que se ativa no subjetivo de determinado grupo, portanto, os indivíduos não precisam concordar formalmente em não revelar o “preço” ou o “motivo” do que é dado, mas os próprios mecanismos sociais tornam isso impossível de ser realizado. Bourdieu ainda mostrará o processo de recusa da economia econômica e o sustento de uma troca de dádivas, além de explicar algumas condições e/ou possibilidades das trocas, como por exemplo, a possibilidade da troca ocorrer entre iguais, mas também entre agentes real ou virtualmente desiguais como seu bem colocado exemplo do Potlatch. Adiante o autor coloca como condição para que a troca funcione o conhecimento e o reconhecimento por parte dos destinatários, dito de outro modo, Bourdieu chama a atenção para a importância dos atos simbólicos pautados no reconhecimento. Este reconhecimento se torna fundamental tanto para a consagração das trocas, dádiva e retribuição, tanto para o que Bourdieu chamará de dominância simbólica. Entretanto a dominação simbólica será pautada “no reconhecimento, dos princípios em nome dos quais ela se exerce”. Desse modo, o autor fala da violência simbólica dada pela relação de dominância implícita na sociedade, isso devido ao fato de que o capital simbólico sendo comum a todo o grupo social passa a ser também implícito como forma de habitus. Esta violência simbólica, alerta o autor, transfigura as relações de dominação e de submissão em relações afetivas, de modo similar ao que Weber chamou de dominação carismática, ou ainda como lembrou Bourdieu em seus exemplos, aquilo que Durkheim chamou mana. Nas palavras de Bourdieu o capital simbólico “... tem como característica surgir em uma relação social entre as propriedades possuídas por um agente e outros agentes dotados de categorias de percepção adequadas: ente percebido, construído, de acordo com categorias de percepção especificas, o capital simbólico sup6e a existência de agentes sociais constituídos, em seus modos de pensar, de tal modo que conheçam e reconheçam o que lhes e proposto, e creiam nisso, isto e, em certos casos, rendam-lhe obediência

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