A Criminalização Da Pobreza No Brasil

Palestra – TV Web: “Desigualdade Social: A criminalização da pobreza no Brasil”

Palestrante: Professora Dra. Rosalina de Santa Cruz Leite

A palestrante iniciou lendo o poema “O Bicho”, de Manuel Bandeira.

Foi abordada a questão da má distribuição da riqueza do país, que faz com que uma grande parcela da população viva em condições muito precárias, sem seus direitos respeitados, marginalizada, trabalhando em condições degradantes, e vendo o lucro produzido por seu trabalho indo parar nas mãos de uns poucos excessivamente ricos.

Essa desigualdade causa a revolta de alguns que, sem perspectiva de uma mudança em sua realidade, acabam por recorrer a atos criminosos.

Foi apresentada, também, a lógica para o cálculo do IDH, que muitas vezes, mascara a realidade do país, apresentando um crescimento, e omitindo o fato de que uma alta expectativa de vida não significa, necessariamente, que a população geral esteja vivendo mais e nem melhores condições.

O próprio sistema se encarregou de fazer com que a população veja a injustiça social como algo normal. Encaram os excluídos socialmente como preguiçosos e bandidos. Os próprios injustiçados, muitas vezes, olham com normalidade a situação em que vivem. Aceitam de forma passiva a exploração. Quando conseguem um emprego, por mais degradante que este seja, e por mais injustas que sejam as condições de trabalho, aceitam, por não terem outra opção de sobrevivência.

Foi dito que, se a riqueza produzida no Brasil fosse dividida igualitariamente pela população, a renda per capta seria de 10.000 dólares. Esse dado mostra uma realidade que não seria prejudicial para ninguém, mas a ganância da parcela dominante da população não lhes permite renunciar um pouco do luxo em que vivem para possibilitar que todos tenham acesso a condições dignas e justas de sobrevivência.

O trabalho dignifica o ser humano e o diferencia dos outros animais. Porém, a exploração produzida pela ganância bestializa as pessoas, faz com que alguns sejam portadores dos sentimentos mais vis e desumanos.