AS ESTRATÉGIAS EMPREGADAS PELA RETÓRICA FASCISTA
Por: bittencourtlau • 1/11/2019 • Resenha • 1.134 Palavras (5 Páginas) • 230 Visualizações
AS ESTRATÉGIAS EMPREGADAS PELA RETÓRICA FASCISTA
Após o fim dos regimes totalitaristas do século XX, teve-se a ideia de que a democracia viveria plenamente sem influências de qualquer tipo de ideologia extrema. No entanto, Stanley tem percebido, em diversos países (EUA, Rússia. Polônia e Hungria), um crescimento de uma política que acaba por segregar a população, criando a noção de “nós” contra “eles”.
Nota-se que partidos políticos estão adotando algumas estratégias, que o autor denominou de fascistas, para chegar ao poder. É nítido que nem todos esses partidos, ao vencerem a disputa de poder, farão a implementação de um governo fascista, todavia tal ato não deixa de representar certo perigo para a democracia.
A primeira estratégia utilizada é a exaltação de um passado glorioso que por algum motivo foi destruído e precisa ser retomado. Esse passado é costumeiramente mítico pois ele não existiu, necessariamente, da mesma maneira que esses líderes costumam descrever.
Esse passado glorioso pode referir-se à questão da religião, da raça ou da cultura. É geralmente entendido como destruído por conta da interferência do globalismo, que instaura ideias de universalidade e igualdade. Logo tem-se a noção de que os únicos locais que não são afetados por essas ideias, encontram-se no interior do Estado, portanto voltam-se os olhares para tais regiões como uma maneira de resgatar as tradições.
Ademais, esse passado místico representa uma forte hierarquia concentrada no papel da família tradicional, fundamentalmente patriarcal. Tal sociedade é relacionada ao líder que representa o pai da nação.
Além de tentar resgatar o passado, há uma seletividade na escolha da narrativa que será apresentada aos cidadãos, apagando as verdades inconvenientes. Por fim, trilha-se um destino para esse povo, com o objetivo, de um partido ou liderança, de chegar ao poder político.
A segunda estratégia refere-se à propaganda que oculta os reais objetivos daquela política extremamente prejudicial e perigosa, para que assim consiga apoio popular. Utilizam-na também para a condenação extrema da corrupção, que geralmente está ligada à corrupção da pureza daquele Estado, da ordem, e não necessariamente à corrupção política, já que muitas vezes, esses partidos que adotam as estratégias fascistas, são corruptos.
Ao atacar a corrupção, desarticula-se todo um Estado de direito democrático dito corrupto, substituindo-o por outro.
A próxima estratégia utilizada é o anti-intelectualismo. É fundamental para a elevação de um sistema autoritário, uma vez que são necessárias visões e narrativas ricas de percepção de mundo que compreendam os riscos desses discursos para a democracia. Logo, para evitar essa visão, aposta-se no anti-intelectualismo, atacando universidades, escolas e debates amplos e plurais.
Diz-se que o discurso das universidades de serem plurais é uma falácia, uma vez que doutrinam seus alunos para o viés ideológico da esquerda. Ademais, entende-se que o marxismo é um dos pilares dessa educação, em conjunto dos estudos de gênero, afro-americanos e de populações do oriente médio, no caso das universidades dos EUA.
Qualquer discurso plural é condenado. Stanley cita o exemplo do feminismo, movimento de destaque dentro dos estudos de gênero atuais, extremamente condenado pelo partido nazista, uma vez que representava uma ameaça à família tradicional, sendo diretamente ligado a uma conspiração judaica.
Para os regimes fascistas as universidades e escolas não devem mencionar assuntos políticos, mas instruir seus alunos para a exaltação da prosperidade e progresso da nação. Assim, valoriza-se a hierarquia, o passado místico e o papel da família e das normas.
A quarta estratégia é o que Stanley nomeou de “Irrealidade”. Ela é posta em prática a partir do momento em que as estratégias anteriores dão certo, pois a mídia e as universidades são vistas com olhares de desconfiança pela população geral. Assim, os líderes fascistas estão autorizados de criarem diversas teorias da conspiração para ferirem seus inimigos políticos, chegando no poder.
A primeira teoria da conspiração conhecida utilizada pelos fascistas foi a divulgação, pelos nazistas, de “Os Protocolos dos Sábios de Sião”. Esses escritos davam conta de um complô feito pelos judeus para a dominação do mundo, algo que assustou a população alemã da época. Mais tarde descobriram que tais protocolos eram cópias de um livro que tratava, em tom de sátira, de um debate entre
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