AUTONOMIA RELATIVA E TRABALHO ASSALARIADO DO ASSISTENTE SOCIAL
Por: Vitória Alves • 21/6/2018 • Artigo • 3.017 Palavras (13 Páginas) • 487 Visualizações
AUTONOMIA RELATIVA DO ASSISTENTE SOCIAL E O TRABALHO ASSALARIADO
RESUMO
A literatura esclarece que torna-se um verdadeiro desafio para os assistentes sociais conseguirem trabalhar as demandas imediatas no seu cotidiano sem perder o foco na perspectiva de atendimento a médio e longo prazo. Contudo, por muitas vezes, os interesses e as perspectivas institucionais caminham no sentido contrário a perspectiva de trabalho dos profissionais de Serviço Social. Desta forma, a problemática do artigo é: Como se dá a relação da autonomia relativa do assistente social com os aspectos do trabalho assalariado contemporâneo? Objetivo geral é: analisar as tensões sobre a relação da autonomia relativa e o trabalho assalariado do assistente social. Os específicos são: Caracterizar o assistente social na divisão social do trabalho; Definir o assistente social como trabalhador assalariado; Discutir as tensões sobre a autonomia relativa e o trabalho assalariado do assistente social. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica baseada em outras produções que tratavam a temática em questão. Os resultados foram que: é fundamental que os assistentes sociais pensem estrategicamente, a fim de superar as barreiras que permeiam os interesses de seus usuários e da instituição. As conclusões são: é possível que o assistente social encontre as suas bases de sustentação, conseguindo ampliar a sua autonomia, expandindo as possibilidades de direção do seu trabalho para sentidos contrários daqueles esperados pelo estado burguês, e mesmo por sua chefias e gerencias, escancarando, portanto, as tensões existentes em meio as relações sociais.
Palavras-chave: Serviço Social; Autonomia relativa; Trabalho assalariado
INTRODUÇÃO
O assistente social é um profissional que atua nas diversas expressões da questão social e deve atuar em prol da abrangência do acesso aos bens e serviços sociais, proporcionando maneiras viáveis para que os sujeitos tenham os seus direitos assegurados, apesar de este profissional possuir apenas uma relativa autonomia ao que se refere aos critérios de acesso dos usuários aos serviços, tendo em vista que os critérios já são estabelecidos pelos próprios benefícios, programas, projetos e pelas instituições que o desenvolvem.
O objetivo geral é: analisar as tensões sobre a relação da autonomia relativa e o trabalho assalariado do assistente social. Os específicos são: Caracterizar o assistente social na divisão social do trabalho; Definir o assistente social como trabalhador assalariado; Discutir as tensões sobre a autonomia relativa e o trabalho assalariado do assistente social.
O artigo se justifica quando se entende que o assistente social é um profissional que está inserido nos mais variados espaços sócio ocupacionais, sempre respaldado pelo seu projeto ético-político e pelo código de ética da profissão e, ao mesmo tempo, assume a sua posição de trabalhador assalariado, possuindo uma autonomia relativa, imposta pelas tensões e correlações de força presentes nas instituições.
A motivação pessoal em estuar a temática em questão se deve ao fato da curiosidade das pesquisadoras e ao entender que, enquanto acadêmicas, a necessidade em debater a temática, pois tais características persistem no cotidiano profissional do assistente social, principalmente, na atualidade, além de crer que o trabalho possa contribuir para a compreensão do assunto.
O método utilizado é o crítico dialético, pois, se trata de um estudo de cunho social. O trabalho está dividido em introdução, desenvolvimento e conclusão. Para a construção do presente artigo foi necessário a utilização da pesquisa bibliográfica em livros de autores renomados que tratavam dos assuntos propostos. Nisso, os principais autores utilizados foram: Iamamoto (2007), Guerra (2000), Yazbek (2009).
1 O ASSISTENTE SOCIAL NA DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO
De acordo com Iamamoto (2007), para pensar o Serviço Social como trabalho, como profissão inserida no setor de serviços, é necessário levar em consideração tanto os elementos internos como os externos que estão ligados a sua inserção na divisão social do trabalho.
O Serviço Social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, tendo por pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial e a expansão urbana, processos esses apreendidos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes e das modificações verificadas na composição dos grupos e frações de classes que compartilham o poder de Estado em conjunturas especificas. É nesse contexto, em que se afirma a hegemonia do capital industrial e financeiro, que emerge sob novas formas a chamada “questão social”, a qual se torna a base de justificação desse tipo de profissional especializado (IAMAMOTO, 2009)
Assim, a partir da requisição o trabalho do assistente social, sua intervenção profissional passou a se desenvolver nas organizações estatais, empresariais e filantrópicas (sem fins lucrativos e com fins lucrativos), em atividades assistenciais, majoritariamente, através da execução direta de serviços sociais. Desta forma, o assistente social, ao ser inserido na divisão social e técnica doo trabalho, como vendedor de sua força de trabalho, tem que atender as demandas constituídas pela instituição a qual está vinculado, e é isso que marca o seu perfil de assalariado (MARTINELLI, 2009).
Podemos entender que o Serviço Social sofre inflexões de acordo com suas relações que o Estado e a sociedade constroem. A partir disso o processo de produção e reprodução da vida social, vai instituir novas possibilidades e limites no âmbito do exercício profissional.
Para Iamamoto (2007, p. 15), o assistente social aparece:
[...] como profissional da coerção e do consenso nas relações entre instituição e clientela, pois tem sua ação direcionada ao campo político, uma vez que é solicitado para atuar nas organizações públicas e privadas, em atividades assistenciais, através da execução de programas sociais. Essas atividades assistenciais se tornam mais intensas nos períodos de crise do capital, principalmente para responder ao processo de organização da classe trabalhadora e, assim, atenuar a crise
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