As Questões acerca da Antropologia Pós-moderna
Por: Jhonatan Abrantes • 22/5/2018 • Trabalho acadêmico • 1.399 Palavras (6 Páginas) • 277 Visualizações
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CENTRO DE LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Jhonatan Abrantes de Souza Camargos
Avaliação de Antropologia III
Prof Dr Giovanni Cirino
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LONDRINA
2018
Questões a serem respondidas:
1 – A antropologia pós-moderna pode ser caracterizada pela oposição às formas com que os antropólogos das décadas de 1920 e 1930 se colocavam frente aos povos colonizados. Apresente a questão da crítica cultural às obras dos antropólogos clássicos e discuta a produção etnográfica dos autores pós-modernos em relação a tais críticas.
Quando se observa o desenvolvimento histórico da antropologia, dado o nosso contexto social e acadêmico, percebe-se a contradição na posição de isenção adotada pelos autores clássicos na produção dos seus trabalhos etnográficos. Ao passarem suas experiências de campo, se apresentam como detentores do conhecimento objetivo que determinada etnia produz; colocando-se como ponte entre culturas, o antropólogo assumia a posição de um tradutor da cultura alheia:
Isso se apresentava de forma velada, pois a exposição dos dados etnográficos era feita de forma impessoal, onde não era posta em questão a possibilidade de erro na apreensão de uma suposta realidade, trazendo os relatos como conhecimento objetivo em decorrência da permanência na sociedade estudada.
Estes autores não questionavam a sua capacidade de compreensão, de certo modo, em decorrência da situação colonial em que se encontravam as sociedades estudadas - o conhecimento produzido pelos antropólogos era direcionado aos seus concidadãos, as possibilidades de um membro de outra etnia ter contato com a etnografia era remota; em outro aspecto, devido ao contexto de cientificidade ocasionado pela modernidade, onde o autor é, ao mesmo tempo: anônimo, ao escrever sua etnografia na terceira pessoa; e, exposto (quando convém), ao usar de sua experiência em campo para garantir a legitimidade do discurso.
Os críticos da pós modernidade, em primeira instancia, expõem as consequências metodológicas das orientações práticas citadas - estabelecem essa produção como um tipo de literatura ficcional onde há certas convenções gerais para se constituir o texto consolidado como etnografia, como: não tratar dos indivíduos, mas de perfis médios de cada etnia, que são representados através de monólogos objetivos (diferentemente da forma como tais dados foram coletados) – “os Nuer são ...”, “Os Nuer fazem ...” e etc.; compreender as sociedades como um todo que pode ser apreendido através do entendimento de determinada instituição que apresente características especificas, ou seja, estás, supostamente, funcionariam como analogias do todo - “microcosmo”; algumas ressalvas defendidas no funcionalismo e estrutural-funcionalismo, por exemplo, onde mesmo Malinowski afirmando que o antropólogo levava consigo sua cultura, ao organizar seus trabalhos, coloca os resultados de sua pesquisa de campo de forma a idealizar o antropólogo como capaz de se tornar o nativo.
Essas concepções modernas formulam uma tentativa de superação do evolucionismo, que, ao invés de conceber “o outro” como menos evoluído, o atestava como detentor de outra perspectiva. Assim sendo, o antropólogo “possuía o local” de transmissão da perspectiva do outro, não de forma contrastante, mas no limite, de justaposição a cultura de seus leitores conterrâneos; e a missão que se apresentava na teoria, mas, destoava na prática, de Malinowski e seus contemporâneos, tornou-se criar uma consciência sobre a diversidade existente no mundo.
Esta premissa acabou por criar um paradoxo - o relativismo cultural que foi criado no momento de difusão desta teoria, que é composto pela valoração das diferentes culturas, acabou realçando as diversas unidades da realidade de modo que a antropologia se torna inviabilizada de trabalhar com as diferenças, sem enfatizar a distância existente entre às tratadas.
A proposta pós-moderna não se reduz a pensar os embates políticos e culturais entre os membros de distintas culturas, em diferentes posições apresentadas no momento da pesquisa; mas consiste em tratar de forma clara os conceitos e os procedimentos que compõe a produção textual antropológica, resultando numa nova maneira de se escrever sobre cultura.
Quando crítica a autoridade etnográfica exercida pelos clássicos, os autores que se posicionam desta forma têm como horizonte negar as diferenciações culturais e os discursos que buscam ser totalizantes; as produções teóricas ficam mais no intuito de transmissão dos diálogos entre culturas, dar espaço para as subjetividades expressadas nos diversos contextos sociais. Os textos passam assim a ter uma nova interatividade com o leitor, tornando-o mais ativo no processo de criação de sentido, em confluência com o menor protagonismo do autor, que tem como prática a exposição de suas experiências cotidianas, e o objetivo central disto, é a equiparação dos discursos antropológicos com os nativos; ao invés de fazer “o outro” se apresentar através do autor, este se dilui no texto, sendo apenas mais um dos compositores da pluralidade de discursos.
Os antropólogos pós-modernos foram levados a reinterpretar a cultura, ao considerar as relações de poder envolvidas e os contextos intercambiáveis que se situam historicamente, e passa a vê-la como um fenômeno relacional; a diversidade é levada em conta de tal forma, que os fenômenos anteriormente considerados representações do todo, são interpretados como partes que não podem ser simplificadas a um totalizante que seja capaz de abranger todas as posições, como Caldeira (1988, Página 142) apresenta “A diversidade irredutível de experiências é, então, o dado com que o antropólogo pós-moderno tem que trabalhar e achar meios de representar.”
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