Desafio Profissional Faculdade Unidep Anhanguera
Por: DalianneCabral • 5/11/2015 • Resenha • 2.161 Palavras (9 Páginas) • 861 Visualizações
UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP – CAMPUS GOIÂNIA
O PROCESSO HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL E A PSICOLOGIA SOCIAL NO REGIME DITATORIAL BRASILEIRO
TUTORA: Neiriane
Goiânia, março de 2015
TRANSFORMAÇÕES QUE A DITADURA MILITAR TROUXE À PSICOLOGIA
Em 27 de agosto de 1962, o então presidente da República João Goulart, sancionou a Lei 4.119, que tornava a Psicologia, de direito, uma profissão. Isso ocorreu dois anos antes do golpe militar, em que estava em curso uma democratização precária, não só política, mas também social. Em seguida veio o golpe militar, uma ditadura que foi uma virada brutal. Não se tratava apenas da imposição à ditadura, mas da intervenção em todos os sindicatos e o arrocho salarial. Isto mudou o modelo econômico radicalmente, alterou a estrutura social brasileira e provocou a deterioração do Estado. A repressão desarticulou as instituições democráticas.
A Psicologia surge então no contexto da ditadura militar em momento que teve a ver com o projeto de modernização – que Emir chamou de incipiente – e que vinha se desenvolvendo e envolvendo uma sociedade moderna que pretendia se urbanizar. A esta altura, a Psicologia se apresentava como um instrumento possível e adequado para intervenções que a elite desenhava para o projeto de modernização.
A profissão tomou proporção devido à necessidade de avaliações psicológicas nas indústrias, escolas, com o intuito de possibilitar um aprendizado melhor e uma mão de obra mais preparada para o trabalho. Não havia naquele momento (da ditadura), provavelmente mais que 500 profissionais de Psicologia atuando, e não havia um discurso comum. E, na época, os testes psicológicos eram apresentados como algo que interessava à sociedade. Todas as profissões que tinham algum tipo de tecnologia para oferecer foram valorizadas naquele momento, e, no caso da Psicologia, tinham-se os testes psicológicos.
A decorrência imediata desses fatos nas práticas psicológicas e, obviamente, na formação profissional foi o predomínio de abordagens individualistas, descontextualizadas e apoiadas em modelos abstratos de seres humanos. Tais modelos eram tomados como medidas para a realização e avaliação das ações o que engendrou processos de normatização e de controle das pessoas e contribuiu para a naturalização das expressões de violência e repressão. Assim, este cenário favorecia o uso da psicologia para a articulação de espaços de exclusão social e de adaptação dos "desviantes",transformando práticas em instrumentos de controle ideológico.
No contexto cultural e politicamente agitado de 1968, houve uma busca por novos paradigmas, de se repensar a vida em sociedade, de se elaborar críticas e alternativas às várias dimensões da vida social a partir dos valores humanos e da subjetividade. Uma ação teórica e prática importante na transição dos anos 70 para os anos 80 foram à condenação pelos psicólogos, das instituições que reproduziam na sociedade o autoritarismo da ditadura militar. Houve a produção de documentários e peças de teatro com o questionamento das práticas manicomiais, assim como do aprisionamento medicamentoso físico e químico.
Ao longo dos anos 70 houve um ressurgimento dos movimentos sociais, a partir das comunidades de base da Igreja Católica e dos grupos locais, mesmo sob forte repressão militar. Aos poucos, pequenos grupos urbanos e rurais foram se articulando e constituindo o que hoje conhecemos como movimentos sociais, tornando-se expressivos e, inclusive contribuindo de forma significativa para o fim da ditadura e o processo da constituinte que a sucedeu. Tudo o que se acumulou nesse período em termos de propostas de direitos sociais contribuiu para a elaboração do texto da Constituição de 1988. Os movimentos sociais foram uma peça importante de resistência no período neoliberal.
ACONTECIMENTOS QUE MARCARAM O SERVIÇO SOCIAL NO PERIODO MILITAR
O Brasil passou por um regime Militar pelo período de 1964 a 1985, época marcada pela falta de democracia, suspensão dos direitos constitucionais, falta de liberdade de expressão, censura, concentração de renda, pensamentos capitalistas, perseguição política e repressão a todos que eram contrário a esse sistema opressor.
E devido as circunstância da sociedade brasileira neste período de regime militar e a apresentação da política social, faz com que o Serviço Social assuma uma pratica com tendências a ações profissionais modernizadoras, com o intuito de mudança na postura da prática do Serviço Social. Surge aí o momento inicial do Movimento de Reconceituação do Serviço Social no Brasil e posteriormente a Renovação do Serviço Social.
Esse processo de renovação assume três pontos que norteiam a prática do assistente social: Perspectiva modernizadora, Perspectiva de reatualização do conservadorismo e Perspectiva da ruptura. Neste quesito os assistentes sociais começam a desenvolver um intenso processo de discussões e debates na busca de um novo perfil profissional e de uma identidade com as classes trabalhadoras, já que a formação profissional do assistente social é pautada pela eficiência e modernização da profissão, considerando-se fundamental o planejamento, a coordenação, a administração, a capacitação profissional para atuação em nível de micro, macro e participação em equipes interprofissionais, sendo isso conceitos fundamentais para a formação do assistente social.
A mudança no interior da profissão se dá pelo novo exame crítico que as ciências sociais com cunho socialista em negação ao funcionalismo, quantitativismo e superficialidade acadêmica; pela desvinculação do pensamento cristão católico. O assistente social desejava sair da condição de caridade, filantropia, para agente de mudança, capaz de atender as demandas da sociedade brasileira.
Portanto, a história do Movimento da Ditadura Militar mostrou aos assistentes sociais que estes, foram apenas máquinas de engrenagem e que tem no coletivo uma dívida com as classes trabalhadoras. Assim, é urgente que os profissionais Assistentes Sociais tenham sempre e de forma crítica a articulação com as lutas dos movimentos populares, com ênfase na transformação social.
SEMELHANÇAS ENTRE O SERVIÇO SOCIAL E A PSICOLOGIA NO CONTEXTO HISTÓRICO DA DITADURA MILITAR
A psicologia emergiu associada às classes burguesas da sociedade brasileira que buscava contribuir com estudos sobre as intervenções de caráter higienista, moralizante e normatizante focadas principalmente na população pobre. Com o golpe militar “a nova profissão não buscava apenas legitimidade social, mas mostrar para as classes dominantes atuantes no Brasil que a psicologia não era uma ameaça à ordem social“. (LACERDA JR, 2013, p. 220).
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