ENTENDENDO A GENESE DA QUESTÃO SOCIAL

ENTENDENDO A GÊNESE DA QUESTÃO SOCIAL

A questão social surge em decorrência de uma série de transformações ocasionadas pela ascensão do capitalismo e desenvolvimento da tecnologia. O mundo transforma e, com isso, passa-se a ver de forma diferente a pobreza. O que hoje entendemos como questão social, no início era visto e tratado como questão moral, religiosa, inerente à natureza desajustada dos indivíduos e grupos sociais.

Junto com o capitalismo e a tecnologia, inicia um novo processo: o de globalização. A globalização é uma forma de equiparar todos os processos do mundo. Dessa forma, procura-se globalizar a produção, a distribuição, a troca e o consumo. Mas não finaliza somente com isso, globaliza também as coisas, gente, ideias, cultura, o Estado as instituições, modificando tudo o que há em um território. Mas será que é possível comparar e igualar a pobreza existente no Brasil com a pobreza e desigualdade existente em outro país, pertencente a outro Continente? Esse processo de equitação transformará os locais em sociedades mais juntas? Os problemas que acontecem nessa sociedade são os mesmos de outra sociedade? E as soluções?

O processo de globalização faz com que a produção social seja coletiva, mas a apropriação dos frutos dessa produção seja cada vez mais privada.

Para Iamamoto (2011, 27) a globalização deixa bem claro que o acesso aos produtos produzidos e distribuídos por ela é “ilimitado” e ao mesmo tempo limitado:

[...] hoje é possível ter acesso a produtos de várias partes do mundo, cujos componentes são fabricados em países distintos, o que patenteia ser a produção fruto de um trabalho cada vez mais coletivo, contrastando com a desigual distribuição da riqueza entre grupos e classes sociais nos vários países, o que sofre a decisiva interferência da ação do Estado e dos governos.

Com isso percebe-se que o trabalho é coletivo, mas a apropriação é privada. Isso faz com que cresça a distância entre a acumulação de capital e o pauperismo, que atinge a maior parte da população.

Apesar do pauperismo não ser novo, a globalização faz com que ele tome novas dimensões e seja visto de forma diferente. Antes desses novos fenômenos a sociedade enfrentava um grande problema com a escassez de produtos. Agora com a tecnologia e com a globalização, enfrentava-se menos problemas com essa escassez, já que todo o processo de produção se torna mais simplificado, entretanto não se busca a resolução para o problema do pauperismo, pelo contrário, é intensificado a distância entre a acumulação e a pobreza, conforme afirma Netto (2012, 92-93):

As sociedades pré-capitalistas, as mais remotas e as mais próximas de nós, conheceram e conhecem fenômenos de polarização, pobreza e abundância e fenômenos de desigualdade. O que é novo na sociedade capitalista – o que é radicalmente novo na sociedade capitalista – é o fato de que nela estão dadas as condições e as possibilidades de suprimir as carências materiais da massa da população.

Devido a esses vários fatores dá início e nomeia a “questão social” como expressão da desigualdade social, que sempre assolou nosso território mas depois passou a ser vista de outra forma devido ao capitalismo, desenvolvimento da tecnologia e a globalização.