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A NATUREZA DO SERVIÇO SOCIAL NA SUA GÊNESE

Por:   •  7/4/2017  •  Projeto de pesquisa  •  1.352 Palavras (6 Páginas)  •  836 Visualizações

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A NATUREZA DO SERVIÇO SOCIAL NA SUA GÊNESE.

     

Os assistentes sociais, em diversas oportunidades, se “debatem” em torno de duas concepções, duas teses sobre a natureza e o processo da gênese do serviço social.

Efetivamente, a localização dos teóricos que pensam esta temática vincula-se, logicamente, a suas concepções sobre outros tópicos: qual é o fundamento da legitimação desta profissão e como são interpretadas as funções das politicas sociais dentro de determinada ordem socioeconômica e politica. Assim, o tripé “politicas sociais / gênese do serviço social/ legitimação”; As analises que os diferentes autores de cada uma destas perspectivas realizaram sobre a gênese do serviço social e suas derivações foram desenvolvidas, em geral, em contextos espaço-temporais diferentes. Efetivamente a primeira maneira de pensar a emersão da profissão se vincula ao período que vai até a reconceituação e, neste caso, fundamentalmente ligado ao debate hispano-americano, a segunda surge no debate contemporâneo (segundo lustro dos 1980), particularmente no brasil.

A GÊNESE DO SERVIÇO SOCIAL: DUAS TESES SOBRE NATUREZA PROFISSIONAL.

Existem duas teses, claramente opostas, sobre a gênese do serviço social: 1ª – A PESPECTIVA ENDOGENISTA: a primeira das teses sustenta a origem do serviço social na evolução, organização e profissionalização das formas “anteriores” de ajuda, da caridade e da filantropia, vinculada agora á intervenção na “questão social”.

Assim, as bases da profissão datam das primeiras formas de ajuda, encontrando-se geralmente nas obras de Tomas de Aquino e Vicente de Paula, alguns dos primeiros precursores da assistência social. No entanto, não podemos deixar de destacar duas significativas distinções internas nos autores que aqui se condensam; de um serviço social tradicional como sendo qualquer forma de ajuda; enquanto outros autores pensam em um serviço social ligado ás formas de ajuda, organizadas, e vinculadas á “questão social” (pós-Revolução Industrial).

Aparecem como autores desta tese: HERMAN KRUSE, EZEQUIEL ANDER-EGG, NATÁLIO KISNEMAN, BORIS ALEXIS LIMA, ANA AUGUSTA DE ALMEIDA, BALBINA OTTONI VIEIRA, JOSÉ LUCENA DANTAS, entre outros.

Nesta corrente, vinculada ás primeiras etapas para definir as tendências do serviço social latino-americano.

Já na perspectiva do serviço social tradicional, a ideia de etapas, mas desta vez ligadas a modelos de intervenção, é também desenvolvido por José Lucena Dantas e são classificadas como:

a) “o modelo assistencial”: como aquele que define a natureza das praticas e da problemática social, que antecederam historicamente ao aparecimento do servidor social, vigendo na Europa em todo o período que vem da idade média ao século XIX, bem como nos Estados Unidos, até os anos 30.

b) “o modelo de ajustamento”: que se refere especificamente ao sentido de institucionalização das práticas conhecidas como serviço social e define a natureza do serviço social norte-americano, cujas práticas, finalidades e valores se voltam para o ajustamento ou adaptação dos indivíduos ao sistema social.

c) “o modelo de desenvolvimento e mudança social”, a do “serviço social revolucionário” “eminentemente político-ideológico” e a do “serviço social para o desenvolvimento” “eminentemente cientifico”.

O serviço social surge nos anos de 1890-1940, na Europa ocidental e nos EUA, criando-se, em 1925, foi criada a primeira Escola latino-americana (Dr. Alejandro Del Rio), no Chile, e apareceu no Brasil na segunda metade dos anos 30.

A PESPECTIVA HISTÓRICO-CRITICA: procura um novo caminho de análise, surge, em oposição à anterior, uma segunda tese de interpretação sobre a gênese e natureza do serviço social. Nesta perspectiva, sustentada diferentemente por MARILDA VILELA IAMAMOTO, RAUL DE CARVALHO, MANUEL MANRIQUE CASTRO, VICENTE DE PAULA FALEIROS, MARIA LUCIA MARTINELLI, JOSÉ PAULO NETTO, entre outros, entende-se o assistente social como um profissional que não se explica por si mesma, mas pela posição que o profissional ocupa na divisão sociotécnica do trabalho.

Maril Vilela Iamamoto pioneiramente já no inicio dos 80; A profissão é compreendida, como um “produto histórico”, e não como um desenvolvimento interno das formas de ajuda.

Numa perspectiva teórico-metodológica semelhante, José Paulo Netto afirma que é na intercorrência do conjunto de processo econômicos, sociopolíticos e teórico-culturais que ocorrem na ordem burguesa, no capitalismo da idade dos monopólios, que se gestam as condições histórico-sociais que permitem a emergência do serviço social como profissão na Europa. Enquanto profissão, conclui Netto, o serviço social não é apenas uma possibilidade, não se cria a parti de si mesmo, não surge somente como uma evolução das ações que os filantropos resolveram imprimir ás suas práticas.

Assim, a emergência da profissão deve sua existência á síntese das lutas sociais que confluem num projeto político-econômico da classe hegemônica de manutenção do sistema perante a necessidade de legitimá-lo em função das demandas populares e do aumento da acumulação capitalista.   Para Netto, a “questão social” não determina, por si só, a gênese do serviço social ela apenas dá base para a emergência da profissão quanto se transforma em objeto de intervenção do Estado, quando surge uma mediação politica entre a “questão social”, e o Estado;

Maria Lúcia Martinelli propõe-se a compreender o real significado da profissão na sociedade do capital; assim entende a emergência do serviço social na Europa e nos Estados Unidos como um instrumento necessário da burguesia que, aliada ao Estado e á igreja católica, buscava dotar de legitimidade a ordem social burguesa, oculta suas contradições e desmobilizar ou desarticular as reivindicações coletivas dos trabalhadores.

A autora vê a origem do serviço social como profissão tendo a marca do capitalismo e do conjunto de variáveis subjacentes, alienação, contradição e antagonismo; é, portanto uma profissão que nasce articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês como uma importante estratégia de controle social, como uma ilusão de servir.

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