Eu não sou seu negro resumo

O documentário inspirado no manuscrito não finalizado de James Baldwin começa

com o autor contando suas memórias sobre as consequências de ter sido uma criança negra

nos Estados Unidos crescendo durante a segregação racial, sendo cercado por rostos brancos

que eram viviam uma vida digna e o consequente choque para uma criança de 8 anos ao

perceber que não era um daqueles rostos brancos que via representado na mídia, nas ruas, na

escola.

Após a abolição completa da escravatura nos Estados Unidos, a necessidade forçada

do negro viver em sociedade compartilhada com a população branca sem estar em condição

de escravizado iniciou as políticas de segregação racial e extermínio no país. A exclusão

sistemática da população negra para com serviços públicos, educação, segurança e direitos

civis empurram o negro para uma vida de subalternidade e pobreza. Enquanto isso, a

brutalidade policial era amplamente utilizada quanto uma política estatal para extermínio

direto, sendo uma ferramenta para promoção de terror público, assassinando jovens negros

em escala absurda, utilizando-os como exemplo.

Segundo James Baldwin, a segregação racial para além de excluir o negro para com

sua participação na sociedade com liberdade e igualdade em relação ao resto da população,

impedia também o branco de ter qualquer conhecimento ou simpatia sobre a realidade negra

nos Estados Unidos. Tanto a concepção branca do ‘’outro’’, que não era visto semelhante e

por isso não poderia se viver em condição de semelhança, quanto a concepção do herói da

nação, era construída principalmente por suas representações na mídia, constituídas por

representações esteriotipadas do negros no local de servidão e subalternidade.

Constrói-se assim uma barreira na compreensão de situações de preconceito racial

enfrentadas diariamente pela população negra que são perpetuadas até os dias atuais,

explicando a razão pela qual o assassinato de jovens negros continua tentando ser justificado

pelos que não se encontram na posição de alvos da brutalidade policial. Como o cidadão

branco americano não consegue se imaginar naquela situação, automaticamente supõe-se,

baseado nas concepções tanto da época em que o manuscrito foi realizado quanto nas

concepções contemporâneas da mídia, que a vítima era culpada.

Os movimentos pelos direitos civis liderados por Malcom X, Martin Luther King Jr e

Medgar