O Calcanhar Metodológico da Ciência Política no Brasil
Por: brufullin • 26/10/2016 • Resenha • 430 Palavras (2 Páginas) • 386 Visualizações
Resenha do texto “O Calcanhar Metodológico da Ciência Política no Brasil”
Ary Dillon Soares
Autora: Bruna Fullin
No texto “O Calcanhar Metodológico da Ciência Política no Brasil”, o autor Gláucio Ary Dillon Soares aborda questões sobre a hostilidade presente na ciência política por métodos quantitativos, em que na ausência dos métodos quantitativos, os métodos qualitativos ainda assim não são utilizados com rigor científico. O autor ainda demonstra dados de um estudo de Valle Silva que se referem às revistas com artigos nas áreas das ciências sociais para demonstrar sua hipótese de que os métodos quantitativos estão sendo cada vez menos priorizados, inclusive no campo da ciência política. Uma das revistas que Valle Silva utilizou para analisar a metodologia utilizada nos artigos foi a RBCS a partir de 1986 (período de 13 anos) em que “dos 308 artigos, 85% não tinham qualquer quantificação; 13% tinham, apenas, distribuições de frequências, e somente oito artigos, menos de 3%, tinham alguma análise.” (Soares, 2005, p.28). Este ainda constatou que nas 955 teses defendidas entre 1985 e 2000, os estudos que utilizavam métodos comparados com mais de dois países se restringia a 3%, sendo que em nenhum destes o método quantitativo foi utilizado. O autor expõe que os métodos qualitativos utilizados pela sociologia principalmente são mais métodos não-quantitativos do que propriamente qualitativos, pois não apresentam rigor metodológico.
“Muitos se esquecem que há métodos qualitativos rigorosos, e confundem ensaísmo com trabalhos que usam métodos qualitativos. Deixaram o rigor que deve existir na antropologia e a tradição de pesquisa de campo na ilusão de que, não sendo quantitativos, seus trabalhos seriam antropológicos…” (Soares, 2005, p. 29).
Outro ponto tocado por Gáucio Ary é o distanciamento cada vez maior que a Ciência Política vem tomando da Antropologia, bem como a dificuldade que as instituições têm de oferecer um ensino metodológico de qualidade, capaz de atribuir uma formação no campo das ciências sociais que dominem os diferentes métodos científicos. O autor ainda expõe a criação do curso de metodologias quantitativas da UFMG que possuem o intuito de sanar este déficit, entretanto, o autor considera que essa medida é somente paliativa e não soluciona o problema.
A questão central do texto é exatamente esta deficiência das instituições brasileiras ao optarem pelo método quantitativo ou qualitativo, em que não abrangem a complexidade das estruturas políticas e sociais. O tema da representatividade e participação política servem de exemplo para entender esse contexto, em que estas ao compreenderem uma série de variáveis, são necessárias serem avaliadas por um complexo conhecimento metodológico para não serem sujeitas a contradições.
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