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O Capital, Capitulo IV

Por:   •  21/11/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.301 Palavras (6 Páginas)  •  249 Visualizações

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Renato Mesquita – Marx (O Capital; cap.4)

Como o título do capítulo sugere,  Marx vai tratar do processo de transformação (“metamorfose”) do dinheiro em capital. O capítulo é o único da seção, e está dividido em 3 partes:

1ª parte: A fórmula geral do capital

Marx retoma a equação M-D-M que vimos no capítulo 3, ou seja, Mercadoria – Dinheiro – Mercadoria (processo que começa com uma mercadoria e termina com outra mercadoria) e o objetivo dessa relação é o consumo, a necessidade, o valor de uso: você vai acabar com a mercadoria de que precisa. Chama o M-D-M de circulação simples de mercadoria (trocar um valor de uso por outro valor de uso)

Depois ele vai falar de outra relação: D-M-D: esse ciclo começa de outro lugar, começa do dinheiro. É como se alguém entrasse com dinheiro no circuito (esse circuito é o mercado) e espera ter lucro depois de adquirir uma mercadoria, que ele vai explicar mais à frente qual é.

A diferença entre as relações M-D-M e D-M-D é que na segunda os Ds não tem valor de uso então a transformação D-M-D não é qualitativa, mas quantitativa. O que vai mudar de um D para outro D é a quantidade (compro por R$ 10 para vender por R$ 15 Reais).  Há um dinheiro a mais, ao qual Marx chama de Mais Valor (D2 – D1).

Marx escreve: “Esse incremento, ou excedente sobre o valor original, chamo de mais-valor (surplus value). O valor originalmente adiantado não se limita, assim, a conservar-se na circulação, mas nela modifica sua grandeza de valor, acrescenta a essa grandeza um mais- valor ou se valoriza. E esse movimento o transforma em capital.”

Depois ele vai discutir quem são os atores envolvidos na equação D-M-D e faz uma diferenciação entre entesourador (o indivíduo que guarda o dinheiro, tirando-o de circulação) e capitalista (entrega o dinheiro de volta à circulação para fazer mais dinheiro num movimento incessante, desmedido e insaciável de valorização do valor.

 de valorização do valor).

O autor conclui que o valor de uso não deve nunca ser tratado como objetivo final do capitalismo, tampouco o lucro isolado, mas o incessante mecanismo de ganho. O objetivo do capitalismo não é produzir algo, mas deste algo produzido obter um algo a mais. O que ele produz não é um fim, ele é um meio e para isso tem que se realizar (fica claro na sigla D-M-D). O que é o M não importa, e Marx vai dizer inclusive que ele pode até não existir, fazendo uma primeira referência ao capital financeiro, ou os juros.

Quanto mais o capital puder se distanciar da mercadoria, melhor.

Parte 2: Contradições da formula geral

Na fórmula M-D-M, o dinheiro é o meio representando uma mercadoria para poder facilitar a troca (uma mercadoria com valor de uso vai ser trocada por outra mercadoria com valor de uso) dentro de uma racionalidade.

Aqui Marx vai mostrar que para o capitalismo a relação é o D-M-D, e a finalidade é dinheiro e não mercadoria, é valorizar o primeiro D. Isso contradiz o principio racional do escambo e troca de mercadorias do pré-capitalismo.

Pergunta como poderia tal diferença mudar por encanto a natureza do processo? Aí ele vai explorar melhor o D-M-D.

De onde vem essas diferenças? No caso do M-D-M não é alterada a grandeza de valor, o quantum de trabalho humano abstrato usado para fabricar a mercadoria. O D representa o valor do primeiro M e tem o mesmo valor do segundo M, considerando a média de todo o trabalho humano abstrato (quando eu troco por exemplo 5 maças por 1 casaco significa que a quantidade de trabalho das 5 maças é igual a de 1 casaco).  A única coisa que muda do primeiro M para o segundo M é o valor de uso: a maçã tem um valor de uso de alimento e o casaco tem o valor de uso de aquecer. Portanto o M-D-M não gera mais valia porque o valor de troca não mudou. Nesse processo, a troca é uma transação onde ambas as partes ganham em termos de valor de uso - o produtor de maçã que precisava do casaco e o produtor do casaco que precisava da maçã.

Marx dá um outro exemplo de uma duvida que pode surgir, que é quando alguém inflaciona o preço de venda da sua mercadoria. Nesse caso, segundo Marx, o produtor não vai ficar com o lucro, mas conforme o mercado se ajusta o corpo total de trabalhos humanos abstratos vai fazer com que o dono do outro produto – no exemplo, o casaco – venda-o por um preço maior também. Assim, inflacionar o preço da mercadoria não gera mais valia pensando no corpo total porque o preço vai acabar subindo na outra ponta também (talvez não de imediato). Estamos falando de troca de mercadorias, e não de produção de mais dinheiro, por isso o aumento do preço do produto na venda vai fazer com que a outra ponta perca na mesma proporção.

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