O ENSAIO ACADÊMICO SOBRE A COMUNIDADE QUILOMBOLA DE LAJE DOS NEGROS
Por: Ian Granja • 6/3/2021 • Ensaio • 1.849 Palavras (8 Páginas) • 352 Visualizações
AUTARQUIA EDUCACIONAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – AEVSF
FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS E SOCIAIS DE PETROLINA – FACAPE
ENSAIO ACADÊMICO SOBRE A COMUNIDADE QUILOMBOLA DE LAJE DOS NEGROS
GUSTAVO ALMEIDA RIOS CASTRO JACOBINA
IAN FELIPE MENEZES SOUZA GRANJA
PETROLINA-PE
2019
AUTARQUIA EDUCACIONAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – AEVSF
FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS E SOCIAIS DE PETROLINA – FACAPE
ENSAIO ACADÊMICO SOBRE A COMUNIDADE QUILOMBOLA DE LAJE DOS NEGROS
GUSTAVO ALMEIDA RIOS CASTRO JACOBINA
IAN FELIPE MENEZES SOUZA GRANJA
ENSAIO ACADÊMICO ENTREGUE COMO COMPONENTE DA NOTA DE ANTROPOLOGIA JURÍDICA, MINISTRA- DA PELA DRA. ANNA CHRISTINA FREIRE BARBOSA.
PETROLINA-PE
2019
1.INTRODUÇÃO
- Contexto Histórico e o mundo contemporâneo
É de conhecimento geral que a luta pelos direitos individuais da população negra foi e ainda é um grande tema a ser debatido. De fato, é possível observar que ao longo do tempo, o contexto histórico e social foi mudando, desencadeando assim uma melhoria na qualidade de vida dos negros.
Ao analisarmos toda a evolução histórica, especialmente no Brasil, é notório que existe um passado sombrio e complexo quando o assunto é segregação social/racial. Desde o início da sua história o país vivenciou níveis de desigualdades assombrosos. Ao tomarmos como base a escravatura, podemos perceber que desde a metade do século vinte o desmembramento da população era nítido, posto que os negros escravos não eram tratados sequer como pessoas, quanto mais dignos de direitos. Alguns escravos, ao serem expostos à situação degradante da escravidão, fugiam dos seus “senhores”, comumente para o meio da mata, onde assim foram se formando as primeiras comunidades quilombolas: eram grupos que tinham sua formação composta por ex-escravos fugitivos. À medida que a comunidade cresceu, os escravos foragidos criaram uma organização própria de sociedade onde as tarefas eram divididas de forma justa e igualitária. Em geral, todo quilombo tinha um líder, e em que pese falar de liderança quilombola, sempre nos vem à mente o famigerado Zumbi dos Palmares. A comunidade quilombola dos Palmares ficou conhecida principalmente não só pela sua grande proporção, mas também a resistência que oferecera na época de sua existência. Existem dados relatando que haviam mais de 20 mil ex-escravos estabelecidos nesse quilombo. Este modelo atípico de sociedade foi vítima de várias expedições feitas na época por holandeses e portugueses.
O quilombo dos palmares foi destruído de fato apenas no ano de 1964 e o seu líder Zumbi foi morto no ano seguinte.
Por mais que as comunidades quilombolas tenham sido criadas principalmente nos séculos dezesseis e dezessete, algumas delas prevalecem em pleno funcionamento. Apesar das mudanças e alterações que ocorreram com o tempo, persistem as marcas daquela época, pois a população local carrega consigo cultura e hábitos daquele momento histórico.
Mesmo com toda a dor e todo sofrimento causado pela escravidão, apenas em 1888 a Lei Imperial nº. 353 mais conhecida como Lei Áurea foi sancionada. A lei tinha como objetivo a extinção da escravidão no Brasil, sendo precedida de outra lei, a chamada Lei do Vento Livre que considerava que todo filho nascido de mulher escrava seria livre³.
Não obstante a extinção da escravidão ter sido de suma importância para o crescimento e amadurecimento do Brasil, para os negros ex-escravos a promulgação da lei não resolvia todos os seus problemas, pois o preconceito de grande parte da população continuou fortíssimo, assim restando aos negros os trabalhos de base, vivendo segregadamente nos morros, sem a intervenção do estado para atender às necessidades básicas. Muito tempo se passou, mas a realidade ainda não é tão diferente da realidade daquela época, visto que a sociedade contemporânea continua predominantemente segregada. As periferias do Brasil são compostas por uma maioria esmagadora de negros, as oportunidades ainda continuam escassas e o estado permanece de forma inerte.
Em seu texto “Comunidade: a busca por segurança no mundo atual” Zygmunt Bauman fala sobre a forma como criamos muros para nos sentirmos mais seguros, a forma como o “estranho” vai se tornando cada vez mais amedrontador. Bauman vê a luta por segurança como algo incessante, visto que o estado deixa a desejar, sendo assim, quanto mais inseguros estamos, mais buscamos por nos sentirmos seguros. Destarte a segregação aumenta e a população periférica fica à mercê da ação do estado, para melhorar seu desenvolvimento e diminuir o preconceito e os estigmas criados pela sociedade. Comumente, o desdém do Estado acaba se tornando criminalidade nas periferias.
Sendo assim, este presente ensaio tem por objetivo a quebra dos estigmas e uma ampla explicação do contexto em que vivemos, mostrando como uma ação do estado pode quebrar os preconceitos criados pela sociedade e desvencilhar a visão preponderante do que se passa dentro dos atuais “quilombos”, utilizando como ponto de referência a comunidade quilombola de Laje dos Negros, que faz divisa com Juazeiro, Umburanas e Sento-Sé, e é localizada em Campo Formoso-BA₄.
2. DESENVOLVIMENTO
Laje dos Negros, comunidade quilombola tida como povoado da cidade de Campo Formoso-BA pelos moradores, originou-se em meados do século XIX por Luís José dos Santos e Maria Lage₅. A comunidade, que tem cerca de 8 mil habitantes, utiliza da agricultura e extração mineral como principal atividade econômica, segundo relatos colhidos dos próprios moradores. Com o auxílio de Bruna Barros Amaral, neta de uma moradora da comunidade quilombola, buscamos informações mais fiéis à realidade fática daquele local.
Utilizando-se de uma reportagem fornecida pela CODEVASF₆, empresa pública brasileira, analisamos a comunidade e a reportagem do ponto de visto sociológico, utilizando antropólogos e sociólogos como referência.
Na reportagem supracitada, nota-se a ação do Estado num local que é distante tanto geograficamente quanto politicamente do local central de ação do Governo. Laje dos Negros é distante das cidades com que faz divisa, tornando-se difícil o acesso à comunidade. Por conta disso, se faz importante mostrar a ação estatal também nesses locais, pois mostra que em parte o Estado Soberano não fica inerte para o local, pavimentando cerca de 3.600m² da avenida principal, facilitando o acesso ao quilombo.
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