O Papel das tecnologias nas mudanças
Por: Inês Teixeira-Botelho • 20/6/2018 • Resenha • 868 Palavras (4 Páginas) • 96 Visualizações
The gift of the gab? – Alexander S. Taylor e Richard Harper
Costuma-se exagerar o papel das tecnologias nas mudanças, ou seja geralmente é-se muito determinista e ignora-se o facto de que as tecnologias quando são adoptadas entram num contexto social e isso contexto molda o uso das tecnologias. Uma consequência disto é que a tecnologia acaba por ser usada de maneiras que não são esperadas – os SMS por exemplo.
Os telemóveis têm um papel muito importante nas relações e interacções sociais dos jovens. Destas praticas fazem parte o SMS e a partilha do telemóvel. Aparece o gift-giving que vai moldar as relações dos jovens.
A partir da noçaodo gift giving os autores vão sugerir inúmeras mudanças no design dos telemóveis.
O estudo foi feito em colégios nos subúrbios ingleses com alunos entre os 16 e os 19 anos. Os estudantes diziam que usavam as mensagens porque eram fáceis, rápidas e baratas mas é muito mais complexo que isso.
Duas raparigas sentadas na escola partilham as mensagens que receberam ora enviando uma para a outra ora mostrando no ecrã do próprio telemóvel. Isto é uma troca de “presentes”.
A performance disto tem três etapas: a oferta, o receber e aceitar a oferta e depois a reciprocidade. Isto cimenta as relações entre as pessoas.
Para Berking estes presentes “tornam os sentimentos concretos” cada oferta significa algo, neste caso por exemplo confiança, amizade. Tambem estes presentes se associam a historias particulares e a pessoas particulares. Ajudam-nos a organizar a nossa memoria. O telemóvel é o depositário dessas memorias. As pessoas podem voltar as suas mensagens antes e reviver as memorias. E para os adolescentes não é o mesmo ter as mensagens escritas num caderno, perde significado, já não são escritas pela pessoa que mandou. Há quem sugira até que quer ter cartões de memoria para guardar as suas mensagens.
O significado do presente adquire-se na oferta para Berking.
Criam-se rituais de dizer bom dia e boa noite. Não estão escritos mas são obrigações.
O telemóvel é partilhado pelos grupos de amigos sem necessidade de pedir. (mantem-se?!?!)
Há uma obrigação de reciprocidade. Os jovens levam a mal quando não existe essa reciprocidade e expulsam ou põem de parte a pessoa.
Os adolescentes ajudam-se nas situações de pertencerem a outras redes, emprestando o telemóvel. Ou então quando ficam sem dinheiro. Há a obrigação de oferecer e também de retribuir. Isto faz parte das normas, das regras.
Com esta obrigação às vezes é difícil acabar com as conversas porque há sempre reciprocidade – ciclo de reciprocidade para gouldner 1973.
Os telemóveis são tópico de conversa se uma pessoa recebe uma mensagem, etc.
O mostrar as mensagens aos amigos demonstra confiança, intimidade e cimenta as relações. Num grupo quando duas mostram mensagens uma à outra estão a criar barreiras com as outras.
Quando não se recebe mensagens a pessoa sente-se excluída, depressiva. Quando a reciprocidade se começa a quebrar os adolescentes mandam uma mensagem a tentar reconstrui-la. Pode até ser qualquer coisa como “olá”.
A reciprocidade obriga a uma mesma proporção de gratidão e oferta. A oferta, por exemplo uma mensagem, pode não ser para demonstrar afectividade mas antes para pôr quem oferece numa situação superior, de poder sobre o outro. Uma adolescente conta que manda toques ao namorado e depois diz que foi sem querer o telefone porque assim se sente numa posição de superioridade pois ele depois pede desculpa por ter ficado chateado e ela é que está a controlar a situação.
Por outro lado por exemplo uma pessoa está numa aula e recebe muitas mensagens, ou seja ofertas, e não pode responder porque está na primeira fila, isso fá-la sentir-se mal porque não está a cumprir com a reciprocidade.
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