Observação participante

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Curso de Pós-Graduação em Ciência da Informação – IBICT

Gilda Olinto e Jacqueline Leta

Metodologia da Pesquisa

Isabela Sousa Curvo

Selltiz, Wrigtsman & Cook. (1987). Observação participante. In: Métodos de Pesquisas nas Relações Sociais. 2 ed. São Paulo: EPU. Cap. 11, p. 95-120.

A observação participante geralmente representa uma pesquisa indutiva, pois, ao contrário de demais métodos de pesquisa, nesse caso o pesquisador começa com dados e gera hipóteses e teorias de baixo para cima.  Para a análise de casos negativos, o pesquisador deve procurar dados que refutem a hipótese original, utilizando novos dados e também dados previamente coletados. É exatamente a análise de dados negativos que torna a pesquisa qualitativa sistemática.

O observador participante realiza uma série de estudos consecutivos, sendo que não há regra que o impede de mudar as hipóteses ou questões no decorrer. Todavia, em semelhança às demais pesquisas, a pesquisa terá credibilidade se lhe couber replicabilidade. Observadores participantes também tendem a revisar, além das hipóteses, seu próprio tema de estudo em acordo com novos resultados encontrados.

É importante ressaltar que para usar a observação participantes como uma técnica de pesquisa, uma pessoa deve ser um membro integralmente participante do grupo em observação ou um observador, com participações eventuais. O diferencial que ressalta desse tipo de pesquisa com as demais, é que nessa se elimina o distanciamento entre os sujeitos e o pesquisador, contudo, para que o observador não colete apenas dados falsos, é importante que ele se insira no espaço por um maior tempo possível afim de evitar que aqueles que são observados lhe apresentem uma falsa realidade.  

A observação participante utiliza tanto dados qualitativos quanto dados quantitativos, porém o uso destes não confere veracidade pois, assim como os qualitativos, os dados quantitativos também podem ser enviesados. Dados numéricos não são mais isentos de erros que observações qualitativas, observantes participantes ocasionalmente usam números para mensurar o tamanho de sua amostra.

As notas de campo são anotações detalhadas do observador, de tudo o que ouve e observa. Essa tarefa, de fato, se configura como algo impossível, pois não há meios viáveis para registro de todas as imagens e sons, pois sempre haverá algo que passará desapercebido pelo observador. Inclusive o uso de aparelhos, como um gravador, podem ocasionar alterações pela reação dos observados. O observador deve transcrever os dados da forma mais precisa possível para posteriormente obter das notas de campo os dados úteis para o estudo. O observador também faz uso de analogias para relacionar os fenômenos que estudam com aqueles em que os leitores já estão familiarizados.

A Observação Participante é realizada em contato direto, frequente e prolongado do investigador, com os atores sociais, sendo assim o próprio investigador o instrumento de pesquisa. Requer a necessidade de eliminar deformações subjetivas para que possa haver a compreensão e interações entre sujeitos em observação.