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Principios Processuais

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Por:   •  14/9/2014  •  1.406 Palavras (6 Páginas)  •  265 Visualizações

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ROCHA, Everardo. O Que é Etnocentrismo? São Paulo: Brasiliense, 24ª edição, 2009.

Capítulos: “Pensando em partir”; “Primeiros movimentos”; “O Passaporte”. (p.7-55)

Etnocentrismo é uma visão do mundo com a qual tomamos nosso próprio grupo como centro de tudo, e os demais grupos são pensados e sentidos pelos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.

O monólogo etnocêntrico pode seguir um caminho lógico mais ou menos assim:

• Como aquele mundo de doidos pode funcionar?

• Eles só podem estar errados ou tudo o que eu sei está errado!

Assim, a sociedade do “eu” é a melhor, superior. A sociedade do “outro” é atrasada.

A história nos ensina que o “outro” e sua cultura, da qual falamos na nossa sociedade, são apenas uma representação, uma imagem distorcida que é manipulada como bem entendemos.

Ao “outro” negamos aquele mínimo de autonomia necessária para falar de si mesmo. (ex.: a imagem que temos dos extraterrestres).

Os livros de história do Brasil têm uma importância fundamental na formação de uma imagem do índio, pois são lidos e estudados por milhões de alunos. Através deles circula um “saber” altamente etnocêntrico, com raras e honrosas exceções.

Alguns livros colocavam que os índios eram incapazes de trabalhar nos engenhos de açúcar por serem indolentes e preguiçosos. Eles eram assim chamados simplesmente porque se recusavam a trabalhar como escravo, numa lavoura que não era a sua, para a riqueza de um colonizador que nem sequer era seu amigo.

O índio foi “alugado” na história do Brasil para aparecer por três vezes em três papéis diferentes.

O primeiro papel que o índio representa é no capítulo do “descobrimento”. Ali, ele aparece como “selvagem”, “primitivo”, “pré-histórico”, “antropófago” etc. Isto era para mostrar o quanto os portugueses colonizadores eram “superiores” e “civilizados”.

O segundo papel do índio é no capítulo da catequese. Nele, o papel do índio é o de “criança”, “inocente”, “infantil”, “almas virgens” etc, para fazer parecer que os índios é que precisavam de “proteção” que a religião lhes queria impingir.

O terceiro papel é muito engraçado. É no capítulo “etnia brasileira”. Surge a imagem do indígena “corajoso”, “altivo”, cheio de “amor à liberdade”. Essa visão do indígena foi funcional para que ele pudesse formar o povo brasileiro.

A “indústria cultural” – TV, jornais, revistas, publicidade, certo tipo de cinema, rádio – está freqüentemente fornecendo exemplos de etnocentrismo.

No universo da indústria cultural é criado sistematicamente um enorme conjunto de “outros” que servem para reafirmar, por oposição, uma série de valores de um grupo dominante que se autopromove a modelo de humanidade.

Rotulamos e aplicamos estereótipos através dos quais nos guiamos para o confronto cotidiano com a diferença. As idéias etnocêntricas que temos sobre as “mulheres”, os “negros”, os “empregados”, os “paraíbas de obra”, os “doidões”, os “surfistas”, as “dondocas”, os “velhos”, os “vagabundos”, os “gays” e todos os demais “outros” com os quais temos familiaridade, são uma espécie de “conhecimento”, um “saber”, baseados em informações ideológicas (falsas), que no fundo transforma a diferença pura e simples num juízo de valor perigosamente etnocêntrico.

Mas existem idéias que se contrapõem ao etnocentrismo. Uma das mais importantes é a de relativização. Quando compreendemos o “outro” nos seus próprios valores e não nos nossos, estamos relativizando.

Enfim, relativizar é ver que a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado. Relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença.

Antropologia social – procura compreender a diferença, comparar uma sociedade com a outra, sem pensar que uma delas deva ser a “dona da verdade”.

Vamos ver as principais formas pelas quais a Antropologia pensou a diferença ao longo da história.

1º) Evolucionismo -> o “outro” é diferente porque possui diferente grau de evolução.

Evolução é desenvolvimento; é a transformação progressiva no sentido da realização completa de algo latente. É o caminho da manifestação plena do que estava oculto.

A noção de evolução pode ser ligada ao orgânico, ao nível biológico do desenvolvimento (A origem das espécies – Darwin, 1859).

O evolucionismo biológico e o evolucionismo social se encontram e o segundo passa ser o novo modelo explicador da diferença entre o “eu” e o “outro”.

Saindo de estágios mais primitivos numa trajetória de permanente progresso, no qual o tempo é a teia onde se tece a evolução. Tudo caminha para uma civilização mais e mais avançada.

Vários antropólogos de meados do século XIX procuravam escalonar as etapas da evolução das sociedades que encontravam pelo mundo.

Explicando melhor, a Inglaterra do século XIX era, de fato, contemporânea dos aborígines australianos, por exemplo. Ao afirmar que todas as formações sociais humanas tinham origens remotas e caminhavam no mesmo sentido, na direção do progresso, os evolucionistas pensavam que os australianos haviam parado num estágio “primitivo” e os ingleses avançado para um estágio “civilizado”.

Era uma questão de encaixar as culturas nos estágios já predeterminados da evolução.

Dessa maneira, temos dois marcos básicos. No extremo inferior, os

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