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Prova Politicas Publicas

Por:   •  19/12/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.697 Palavras (7 Páginas)  •  82 Visualizações

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Prova 2

Estado e Política Criminal

Aluna: Paloma Franco Garcia

1) O que é simulação baseada em agentes e quais os usos potenciais dessa ferramenta para políticas públicas de segurança? Dê exemplos.

A modelagem baseada em agente é um paradigma, não um kit de ferramentas com um módulo de política associado, como no caso da dinâmica de sistemas. A flexibilidade dos modelos baseados em agentes os tornou extremamente poderosos, mas a curva de aprendizado envolvida na criação de simulações e a falta de ferramentas para compartilhar os resultados do modelo dificultaram seu uso como ferramenta principal para análise de políticas. Para entender verdadeiramente as relações complexas e adaptativas tão frequentemente associadas à política, deve-se ir além e desenvolver as ferramentas e métodos necessários para apoiar a modelagem baseada em agentes como uma ferramenta prática para análise de políticas públicas. Os modelos baseados em agentes são basicamente um tipo de simulação. O que os diferencia como ferramenta para análise de políticas é que eles se concentram nos indivíduos e em suas interações.

No entanto, o ABM se concentra na cognição do agente e nas descrições espaço-temporais que incluem parâmetros razoáveis. “Para explicar um padrão social, é preciso mostrar como o padrão pode surgir em escalas de tempo de interesse para humanos em uma população de agentes plausíveis” (Joshua M. Epstein 2006, 1587).

Outra vantagem significativa do ABM é sua implementação relativamente barata e rápida. A tomada de decisões políticas é necessária mesmo em uma situação de crise, quando falta informação e compreensão. A prototipagem rápida pode ajudar a criar uma noção geral dos efeitos de intervenções radicais.

As desvantagens de usar o ABM também são inúmeras. Uma dificuldade estrutural e inerente é encontrar o "nível apropriado de abstração" (Gilbert et al. 2018, 11). Modelos complexos podem conter mais detalhes do que o necessário para descrever o fenômeno, obscurecendo as relações para que as partes interessadas e os tomadores de decisão não possam determinar quais entradas afetam a saída e a magnitude do impacto. Por outro lado, o modelo pode ser tão simples que não há nenhum mecanismo importante relevante para o problema, tornando o modelo inútil ou até perigoso.  (Aodha and Edmonds 2017).

Dentre as inúmeras maneiras pelas quais os computadores podem auxiliar a sociedade, destacam-se as contribuições para o campo da segurança pública. Por exemplo, geográficos podem registrar dados espaço-temporais sobre crimes, permitindo análises matemáticas e estatísticas. Ferramentas como a análise de séries temporais abrem possibilidades para otimizar a alocação de contingentes policiais e reduzir custos. Além disso, a informatização pode facilitar uma maior interação entre a polícia e as organizações de segurança nacional. Modelos de simulação computacional têm o potencial de ajudar a entender melhor a dinâmica de uma área, dependendo de variáveis ​​como a atratividade de um local, movimentação de pessoas, iluminação e muito mais. A partir disso, podem ser desenhados cenários de gerenciamento, como tamanhos e rotas de patrulha, além de investimentos em segurança.

2) Contextualize a reforma do setor de segurança e suas diferentes formas de atuação, críticas e difusão na América Latina

Nos países latino-americanos as forças policiais eram vistas como perpetradoras da mesma violência e não como protetoras dos cidadãos. Poucas corporações policiais latino-americanas passaram por grandes reformas em sua cultura organizacional no período pós-ditadura, o que significa que ainda carregam uma lama de autoritarismo e justiça. O cenário da violência latino-americana parece indicar a necessidade de uma reforma estrutural fundamental na força policial para cumprir satisfatoriamente seu papel - adequar-se aos padrões democráticos de policiamento e desenvolver competências para combater a violência urbana (o que também impõe a redução da violência cometidos pela própria polícia). Isso significa repensar as formas de seleção e treinamento de policiais, controle interno e externo da conduta policial, avaliação externa da gestão policial, fortalecimento de vínculos com a comunidade , reformulação de planos de carreira e salarial e redefinição de mandatos.  A criação da "Gestão e Reforma da Segurança" (“Security Management and Reform”) serviu para acompanhar o fluxo de recursos para esse fim. Alguns pesquisadores e funcionários de organizações multilaterais deixam claro que houve muito progresso na forma como a comunidade internacional de doadores está abordando a questão e veem com bons olhos os resultados. No Banco Mundial, esse tema vem sendo defendido desde 2004, quando o tema apareceu no setor de desenvolvimento urbano do banco, passou para o setor de desenvolvimento social em 2010, e ainda conseguiu que uma equipe de segurança cidadã pensasse sobre essas questões. Os primeiros países a se beneficiarem dos empréstimos foram México, Honduras e Guatemala. Projetos de diferentes áreas incluíram um componente de prevenção da violência no plano de trabalho. O Banco Interamericano de Desenvolvimento estabeleceu uma unidade de segurança pública e vem investindo no setor desde 1998. O primeiro empréstimo foi para financiar um programa de segurança cidadã em grande escala na Colômbia. Ambas as instituições produziram importantes publicações na última década que se tornaram referências sobre o assunto. O que motivou essas organizações a se mobilizarem para criar uma agenda em torno do tema foi a constatação de que o crime e a violência estavam desestabilizando alguns dos ganhos recentes – alguns até decorrentes de programas que eles financiaram – para o progresso dos países em desenvolvimento. Certos indicadores começaram a declinar e ficou claro que o ciclo de violência precisava ser quebrado para que esses países retomassem o desenvolvimento. Os governos latino-americanos começaram a chamar a atenção para o problema, criando reservas de informações e até cunhando termos específicos como "segurança cidadã". Os bancos começaram a ver isso como uma oportunidade para negociar empréstimos na região. Embora essa agenda seja tímida, ela é promissora dentro dessas instituições. Por outro lado, também há pesquisadores que se preocupam em limitar o espaço que as fundações privadas dedicam à questão da violência, já que são as maiores financiadoras de organizações não governamentais que tratam do tema na América Latina. As questões de segurança pública são amplas e vão desde temas menos polêmicos, como a necessidade de responder aos fatores de risco de violência entre os jovens, até a revisão do policiamento e o fortalecimento das corregedorias e ouvidorias, passando pelo controle de armas, drogas e tráfico humano. É um campo minado em que um movimento errado pode causar múltiplas crises internas nos países doadores. O fato de a segurança pública estar na agenda dos organismos de cooperação internacional – apesar de ser hoje a principal preocupação da América Latina – ainda merece uma investigação mais aprofundada.

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