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RELAÇÔES INDIRETAS COM OS AUTORES E ALGUMAS OBSERVAÇÔES

Por:   •  5/11/2018  •  Resenha  •  2.367 Palavras (10 Páginas)  •  109 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA[pic 1]

CAMPUS VII – CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

Aluno: EMANOEL MARCILIO DE ABRANTES GADELHA SILVA. Data: 05/06/2018

Professora: SUSI RESENDE. Disciplina: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO - NOTURNO

Análise crítica do filme: “Entre os muros da escola (França, 2008)” a partir dos seguintes autores: Pierre Bourdieu, Max Weber e Marília Carvalho

RELAÇÔES INDIRETAS COM OS AUTORES E ALGUMAS OBSERVAÇÔES

Sob direção de Laurent Cantet, Entre os muros da escola é um filme de ficção de 2008 com duração de 2h10min que acontecesse numa periferia de Paris, na França. O longa se inicia por meio de um encontro entre os professores que se apresentam uns ao outros. Um ponto que merece destaque é a maneira em que os professores caracterizam seus ex-alunos, classificando como bons ou ruins, o que cria uma certa expectativa de como os alunos serão em suas aulas. Ao professor e protagonista Sr. Marin entrar na sala de aula, vemos um certo “caos” como se era de se esperar. Ele é um professor de francês e que com o decorrer da história, vemos que ele tenta manter ordem, como qualquer professor deve fazer, de forma que todos se comportem igualmente, o que já daria um bom questionamento diante da diversidade que há na turma, tanto em relação à raça, à condição socioeconômica, quanto à cultura. E ao mesmo tempo, percebemos que ele sempre abre espaços durante as aulas para seus alunos se expressarem, o que seria um ponto positivo e ideal com o pensamento de Durkheim.

Aos 25min do filme, um professor chega na sala dos professores com o temperamento alto, exausto da forma como os alunos não se esforçam para aprender tal disciplina. O que nos deixa a pensar: a falha é do professor, de sua metodologia; ou talvez seja com a precariedade de conhecimentos desses alunos?

RELAÇÃO DIRETA COM PIERRE BOURDIEU

  • Apesar do filme se concentrar na escola, ainda conseguimos identificar que os alunos possuem culturas distantes umas das outras. Muitos desses alunos vinheram de um outro país, com uma outra cultura (diferente da França). E Bourdieu discutiu muito sobre isso. Ele aponta que a escola em si não é capaz de sanar as desigualdades sociais existentes; que os alunos não podem competir igualmente entre si, já que existem essas desigualdades e já que cada um carrega uma cultura distinta.
  • Bourdieu como um sociólogo que buscou analisar o ensino francês no final da década de 1960, identificando que os alunos, em grande parte, são forçados a deixarem sua identidade cultural e a reconhecer como única a cultura da classe dominante. Vemos isso nas últimas cenas do filme, onde Souleymane é expulso do colégio.
  • No filme, é perceptível a diversidade na quantidade e qualidade de conhecimentos escolares que cada aluno tem. Alguns dotados de conhecimentos sobre a língua, alguns não. Ou seja, ninguém possui as mesmas capacidades. O filme abre a questão da humanidade no contato, o quão excluir as variedades da existência de cada um como ser humano pode nos tornar frios. O que o aluno com dificuldades passava em casa parece não importar, só seu rendimento. Sua classificação como um que dá trabalho demais aos professores. Vemos alunos como casos de sucesso e fracasso. Elogios são feitos e são colocados nas nuvens os dedicados ou bem-sucedidos no sistema. Vemos o aluno como um caso de sucesso ou fracasso durante reuniões com os professores. Não seriam todos um caso a trabalhar? Ressaltar e valorizar os acertos. Cada um tem seu talento, e as vezes pedir para alguém ser bom em matemática é como pedir para um peixe escalar uma arvore. Suas aptidões podem ser outras. Fotografia, artes por exemplo. O que vale deveria ser incentivar as qualidades.

RELAÇÃO DIRETA COM MAX WEBER

  • Algo que fugiu dos padrões de filmes sobre educação foi o fato de não vermos mudanças extraordinárias e imediatas de alunos que são “trabalhosos” pelas ações e objetivos de professores “sofredores com suas vidas”. E isso se relaciona com Weber pois uma característica do pensamento weberiano é que uma das finalidades da educação é a de conquistar o carisma, a partir de um aluno com qualidades “mágicas” que seria educado para adquirir uma nova postura diante da educação.
  • Outra finalidade da educação para Weber é que ela poderia proporcionar ao alunato uma progressão de boas condutas que formaria ao indivíduo um preparo para sua vida fora da escola. E vemos muito o professor utilizando desses objetivos para com os alunos. Em suas conversas em sala, ele sempre prioriza a disciplina e o respeito com as autoridades existentes, que nesse caso seria ele, embora ele tenha agido de maneira inocente ao chamar suas alunas de vagabundas. Outro acontecimento ocorre quando Souleymane, um aluno negro difícil de se lidar em sala, age com violência e desrespeito. Percebe-se também nas atividades de classe que ele não gosta de falar da sua família, nem de se expressar.
  • E como última finalidade, Weber afirmou que com a educação os alunos poderiam ser beneficiados de conhecimentos transmitidos pelo professor, um conhecimento especializado que seria destinado a esses alunos com a intenção de prepará-los para o sistema. Sistema este capitalista, onde seria necessário que seus futuros profissionais fossem realmente especializados naquilo que iriam exercer. Isso mostra no filme, já que o conteúdo ensinado é a própria língua francesa. Esse conhecimento serviria como base para que os alunos, futuros profissionais, estivessem preparados para o mercado de trabalho.
  • Apesar do sociólogo considerar que a educação não se limita à escola, de que a família também estaria envolvida no processo educacional, o filme não trouxe essa visão. O filme se restringiu, assim como o título enuncia, apenas à escola. Nada além da escola seria de grande valor para entrar nessa discussão.

RELAÇÃO DIRETA COM MARÍLIA CARVALHO

  • Logo no começo do filme, as primeiras cenas em sala de aula são apresentadas para nós espectadores. E por mais natural que seja, para alguns acaba sendo uma novidade: a diversidade racial nesse contexto da França. É de sair questionando: na França existe tanta gente imigrante assim? E por o contexto ser de uma escola periférica, a gente assimila logo a pobreza a justamente essas pessoas “não-naturais” da França. A diversidade étnico-racial presente no filme se relaciona em vários aspectos do artigo feito por Marília. Como já falado, uma delas é a presença dessa diversidade no meio escolar.
  • Marília faz em sua pesquisa uma apresentação sobre a reprovação e o fracasso escolar de meninos nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, onde a maior parte em que isso acontece é em meninos negros. E no filme logo percebemos que praticamente todos os meninos negros presentes na sala de aula não são dedicados ao estudo. Apesar da maior parte da sala não ser, ainda encontramos meninas e um menino asiático que possuem o rendimento escolar acima dos outros. Vê-se mais adiante no filme que após uma confusão, um dos garotos negros é expulso da escola. Rejeitado. Seu fracasso escolar somado a sua conduta resultou em sua expulsão. O que se relaciona com o artigo, onde ela fala que a frequência do fracasso escolar é maior em meninos negros.
  • Apesar do artigo analisar algumas maneiras de tratamento do professor com o aluno negro e não-negro, que foi bastante considerável, o professor Marin não faz essa dissociação. Ao contrário, ele olha com uma visão humanitária e tenta buscar uma nova maneira de inserir Souleymane, o menino expulso, na escola. Busca entender sua vida, sem julgamentos irrelevantes. Vemos que por parte do professor, Souleymane era apenas mais um menino com suas dificuldades e não mais um negro carregado de estereótipos a serem reafirmados pela condição que o jovem estava.
  • No filme ocorre que, ao mesmo tempo que não fala abertamente sobre racismo, sobre discriminação, ao mesmo tempo mostra uma classe repleta de jovens negros, que possuem suas culturas de seus países de origens, que dizem não gostar de (pessoas) racistas.

Por fim, pôde-se compreender, através das contribuições desses sociólogos, como a educação está relacionada de diversas formas em diversos contextos com a nossa realidade.

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