RESUMO TEXTO VERA CANDAU
Por: Leticia Sampaio • 15/2/2019 • Resenha • 1.403 Palavras (6 Páginas) • 520 Visualizações
Há pouco tempo, o direito sobre a igualdade prevalecia, no que dizia que todos os
seres humanos são iguais, independentemente de raça, cultura, religião ou qualquer outro fator. Mas ultimamente têm se assumido o direito à diferença e que hoje possui um grande peso na sociedade. Esse direito seria a possibilidade de assumir a diferença entre sociedades e não somente tentar iguala-las. Esse pensamento tem sido fortemente discutido na sociedade vigente.
A autora relata algumas problemáticas dos direitos humanos. A primeira delas está n o fato de que os direitos humanos possuem duas vertentes, são estas a afirmação, quando ao mesmo tempo ocorre a negação de direitos fundamentais do indivíduo, ou seja, existem regras que são violadas em certas situações. A outra problemática aborda a relação entre indivisibilidade e exigibilidade , pois o direito de exigir direitos se encontra hoje além da realidade, e tal fato surte o efeito de descrédito e indiferença na sociedade, fazendo com que a indivisibilidade se torne apenas um discurso.
Hoje os direitos humanos são expostos como universais, entretanto atualmente
interrogam-se como foi estabelecida esta universalidade, o que nos leva a ver que é exclusivamente europeia, portanto não se pode afirmar como direito universal. Vera Candau cita uma afirmativa de Santos, no qual ele afirma que os Direitos Humanos deveriam ser reconceitualizados como interculturais. Em sua afirmativa, ele enumera algumas premissas fundamentais para essa reconceitualização:
A primeira aborda sobre a superação do debate entre o universalismo e o relativismo cultural; que seria o fato de que não existe universalismo enquanto uma cultura predomine sobre outra e queira impor os seus valores culturai s. Ele diz também que todas as culturas são relativas, ou seja, nenhuma é melhor sobre outra. Ele também sugere que sejam feitos diálogos interculturais sobre preocupações convergentes, mesmo que fossem feitas a partir de um universo cultural diferente. A segunda premissa diz que todas as culturas possuem concepções da dignidade humana, mesmo que com culturas diferentes, todos possuem intrinsicamente uma noção do que é certo ou errado; a terceira revela que todas as culturas são incompletas e problemáticas nas suas concepções de dignidade humana e que ter noção disso é importante para uma concepção de ideia universal de direitos humanos.
A quarta premissa nos conta que todas as culturas portam versões diferentes de dignidade humana, isso quer dizer uma mesma cultura pode ter versões mais rígidase inflexíveis que outras; de tal forma é importante identificar e potencializar suas versões mais abertas, a fim de favorecer um diálogo com outras culturas. A quinta e últimapremissa relata que todas as culturas tendem a separar as pessoas entre dois princípios de atribuição hierárquica, o da igualdade e o da diferença.
Revela-se que essas premissas se referem, à relação entre igualdade e diferença . De uma
maneira resumida, o direito de possuir igualdade, mas reconhecer as diferenças de todos
os indivíduos é a chave para se entender toda luta da modernidade pelos direitos
humanos. Boaventura Sousa Santos diz que “temos o direito a ser iguais, sempre que a
diferença nos inferioriza; temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos
descaracteriza”.
A partir daqui Vera Candau aborda sobre as diferentes abordagens do multiculturalismo . Essas abordagens podem ser expressas de duas formas, de forma descritiva e de forma prescritiva. A forma descritiva seria enten der que as configurações multiculturais
dependem do contexto no qual está inserido, diferente da abordagem prescritiva, que entende que no multiculturalismo existem certos moldes para a construção de uma sociedade multicultural e só através de políticas públicas pode-se chegar a esse objetivo.
Ela descreve três parâmetros para uma construção de uma sociedade multicultural. O primeiro é o multiculturalismo assimilacionista que parte da afirmação de que “ não somos todos iguais e não temos os mesmos direitos”, todavia o objetivo é promover ações políticas para que haja igualdade. É preciso reconhecer que nem todos tem o mesmo acesso a bens e serviços que outros e dessa forma é impossível que haja igualdade sem a mesma oportunidade para todos os indivíduos. Essa visão também objetiva construir uma cultura comum, mas mesmo que implicitamente, acaba deslegitimando algumas culturas que são consideradas “inferiores”.
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