Resenha crítica: O animal moral

Resenha crítica: o animal moral

O livro de Robert Wright, com o título de o Anima Moral, foi escrito no ano de 1994 e buscava trazer uma nova visão tanto da comunidade cientifica quanto dos leigos com relação a aplicação das leis evolucionistas de Darwin aos traços psicológicos comuns entre os seres humanos. Para isso o autor introduz o tema com uma breve análise da trajetória percorrida pela linha de pensamento em questão, desde a proposição da Teoria da Evolução, por Charles Darwin, até os dias atuais (no contexto histórico no qual o livro foi escrito). É neste ponto também que o autor defende sua percepção das similaridades psicológicas e comportamentais dos seremos humanos em diversos contextos sociais, para que se faça clara distinção entre os traços que podem ser atribuídos a construção social e aqueles que, devido a frequência com que se manifestam em contextos sociais muito diferentes, devem ser tratados como “natureza humana”, com o fim de averiguar a influência da seleção natural no comportamento humano em diversos contextos históricos. Esta contextualização é fundamental para a compreensão do que o autor vem a propor em seguida, pois visa não só a introdução do leitor ao tema, mas também o esclarecimento dos objetivos das assertivas feitas ao longo do livro, desvinculando a linha de pensamento da Psicologia Evolutiva em pauta na obra, de movimentos políticos que utilizaram o Darwinismo Social como pretexto para segregação, como o Nazismo, na Segunda Guerra Mundial. O autor disserta brevemente a respeito da própria essência do evolucionismo, pondo o mesmo em contraponto com o criacionismo e refletindo sobre as bases da corrente científica, ao mesmo tempo que destaca conceitos importantes para a compreensão de sua obra, como a distinção entre Darwinismo e o Darwinismo Social, entre seleção natural e seleção sexual, e destaca ainda que não visa com seu livro propor valores morais com base no argumento naturalizante da evolução, deixa claro que traços selecionados pela mesma não necessariamente devem representar o comportamento certo, apenas demonstra o instinto inerente do ser humano.

Após a introdução do tema, o autor parte para o que pode-se chamar de conteúdo prático, pois utiliza Charles Darwin como objeto de aplicação de suas teorias, argumentando que se coerentes, estas devem ser aplicáveis a qualquer ser humano, sendo Darwin um sujeito tão válido quanto qualquer outro. Disserta brevemente sobre o contexto histórico no qual cresceu e a vida pessoal e acadêmica de Darwin, e pontua traços psicológicos coerentes com a psicologia evolutiva, apesar da moral importa pela era Vitoriana.

(outros capitulos do livro)

A obra O Animal Moral é uma leitura prazerosa e informativa, por apresentar uma linguagem pouco técnica e de certa maneira até informal, é direcionada a qualquer leitor que queira compreender mais sobre as implicações da evolução para o ser humano, não apenas a profissionais e estudantes da área de biologia. As percepções do autor adicionam uma visão alternativa ao comportamento humano, expande os limites da percepção do mesmo e abre portas para novas analises por parte do próprio leitor, de forma que aqueles que realmente compreenderem e gozarem do que a obra tem a oferecer jamais terão o mesmo olhar sobre a psicologia evolutiva.