Resenha crítica sobre a uberização
Por: Thiago Lima • 18/5/2022 • Resenha • 513 Palavras (3 Páginas) • 310 Visualizações
Atualmente, muito se tem discutido sobre as condições de trabalho no Brasil após a
Reforma Trabalhista. Nesse sentido, produções como o documentário GIG: A Uberização do
Trabalho, produzido em 2019 pela Repórter Brasil - uma ONG de comunicadores que
trabalham principalmente com a questão do trabalho escravo; o documentário Pandelivery:
Quanto vale um frete grátis? e o filme Vidas Entregues também de 2019, discutem a
crescente tendência mundial do trabalho mediado pelos aplicativos e plataformas digitais e
suas relações com a intensificação e precarização do trabalho, o negligenciamento dos
direitos trabalhistas, além de como a pandemia da Covid-19 influenciou/influencia a rotina
desses trabalhadores que diariamente são explorados por esse regime de trabalho. Assim,
todas essas questões são abordadas a partir das vivências de personagens como motoristas de
aplicativos, motoboys e empregadas domésticas.
“Qual o risco que nós queremos assumir para que nossas necessidades básicas sejam
atingidas de uma forma mais barata?” Esse é o questionamento que perpassa as discussões de
ambos documentários. Tal problemática surge quando pensamos na situação do trabalho no
século XXI, onde um processo inerente ao nosso período é justamente a gig economy, ou
como conhecemos, a uberização - ou seja, é um processo no qual as relações entre
vendedores e consumidores são mediadas por aplicativos. Porém, esse não é um processo
simples, esse discurso é apenas retórica, justamente por que na prática, esse é mais um
mecanismo de exploração dos trabalhadores, que mediante ao desemprego, tem sua única
perspectiva de trabalho voltada à esses aplicativos de serviços/entrega (iFood, Rappi e Uber).
Esse fenômeno ao mesmo tempo que é algo arcaico, por conta que o trabalhador
precisa empregar sua força física na geração de valor, como no caso das entregas realizadas
de bicicleta, é também moderno, pois além de envolver algoritmos que reduzem o trabalhador
em apenas números, credenciais ou até mesmo “estrelinhas”, envolve também uma tendência
chamada gamificação do trabalho, onde as empresas passam a adotar estratégias para que o
trabalhador entenda o seu trabalho literalmente como um jogo, no qual deve sempre
progredir. Assim, de um modo muito cruel, a responsabilidade e os riscos em relação aos
serviços ofertados por esses apps recaem unicamente sobre o trabalhador, uma vez que,
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