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Ritual e Performance 4 estudos Clássicos, A Dança.

Por:   •  23/3/2017  •  Resenha  •  1.163 Palavras (5 Páginas)  •  695 Visualizações

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Ritual e Performance 4 estudos Clássicos, A Dança.

O livro reúne uma coletânea de artigos sobre rituais que envolvem certas performances, sendo um deles “A Dança”, de Edward Evan Evans-Pritchard (1902 - 1973). Um antropólogo inglês que estudou os Azande por um bom tempo, escrevendo o livro “Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande”, onde ele trata de alguns costumes ritualísticos desse povo. No artigo em específico ele terá como fonte de estudo e pesquisa também os azandes, porém por uma outra perspectiva, agora não mais buscando entender o sentido místico de maneiras de ver a sorte ou possibilidades do futuro.

O artigo começa falando de como a dança às vezes é ignorada como a marca de um povo, “quase sempre sendo percebida como uma atividade independente, descrita sem referência a seu contexto de existência na vida nativa. Essa abordagem desconsidera muitas muitos problemas, como a composição e organização da dança, e oculta sua função sociológica” (pág. 21). A partir daí o antropólogo começa a explicar que uma breve da dança africana mostraria que sua estrutura é bem diferente da dança europeia. Coisas que podemos notar até em danças mais conhecidas, como o forró, o zouk, a bachata, o tango. Cada uma dessas traz características diferentes que, quando analisadas, contam um pouco da cultura de seu país de origem. No artigo em questão, Evans-Pritchard cita algumas danças azandes e quando e como elas costumam ocorrer, mas por não ter espaço para citar todas em um só artigo, irá se deter em um tipo de dança envolve o acompanhamento de tambores, da voz humana e movimentos musculares, conhecida como gbere buda (dança da cerveja).

Os elementos que compõem a gbere buda são a música, o canto e o movimento muscular. A música é feita pelos grandes tambores de fenda (tem a aparência de um búfalo e variam de tamanho, sendo feito de um único tronco e demoram em torno de dois a três meses para ficar pronto), que recebe esse nome por causa da fenda que é feita ao longo de seu topo ou parte traseira e ambos os lados da fenda são cavados desigualmente. E pelos tambores de couro que alcançam cerca de um metro de altura, onde uma tora de madeira é cavada por dentro e a pele de um animal é bem esticada sobre cada extremidade. O uso desses dois instrumentos musicais significa que há, desde o início, uma divisão bipartida de trabalho na dança. Deve haver um homem para o gugu (tambor de fenda) e outro para o gaza (tambor com a membrana) (pág. 24).

Quando estudamos um pouco sobre a música moderna e o que a compõem, descobrimos que alguns gostam de dividi-la em: melodia, que seria a parte instrumental e a letra, que se trata da parte cantada. A mesma divisão há na festa da cerveja, onde os tambores são a percussão que puxará o ritmo acompanhados pela voz do solista (undu) e pelo coro (bangwa). Evans-Pritchard não fez uma análise profunda da letra dos cânticos, não era de seu intuito entender e expressar no artigo o significado de cada canção e sim o comportamento, a divisão de tarefas e a forma que cantam e dançam, além do significado da dança em si para cada idade. Explicando um pouco sua escolha o autor fala que “todas as canções possuem significado, mas o grau de significado varia. Na mente do criador, seu significado é indubitável, pois refere-se a pessoas ou eventos que ele conhece. Para aqueles que cantam e escutam a canção, o significado expresso depende do quanto estão familiarizados com as pessoas ou os acontecimentos referidos” (pág. 25). Um ponto interessante que ele coloca no artigo é que “não devemos esquecer que a canção é, com frequência, uma arma dotada de algum poder. Um criador de canções perspicaz e popular é respeitado por seu talento e por sua habilidade em ridicularizar seus inimigos. A canção serve também como órgão de lei, no sentido amplo do termo, como parte de um conjunto de sanções coercitivas, pois ela repreende o homem que ofendeu a opinião pública, elogia os que se distinguiram e enaltece os chefes” (pág. 25). Voltando ao ponto observado, no caso a execução da melodia, Evans-Pritchard percebeu que os artistas produziam a melodia com as mãos em conchas e ele acompanhava

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