Weber e o Método Compreensivo de Análise
Por: Gabriela Rampazzo • 25/4/2019 • Monografia • 587 Palavras (3 Páginas) • 334 Visualizações
Max Weber foi um dos fundadores da sociologia alemã. Para ele, a melhor maneira de se estudar a sociedade é através do método compreensível, ou seja, é necessário interpretar a sociedade para assim conseguir analisá-la. Um dos seus métodos de compreensão é a comparação, onde ele defende que, ao estudar o passado, você consegue compreender o presente, já como, segundo Weber, tudo se mantém. Assim, analisar a ditadura militar brasileira é essencial para compreender o cenário político atual.
Foi com o Golpe de 1964 que os militares conseguiram tomar o poder do presidente da república na época, João Goulart, colocando em risco a democracia brasileira. Enquanto a ditadura da Coreia do Norte e da Síria foram originadas pela dominação tradicional, ou seja, pelo poder hereditário, e a ditadura na Alemanha pela dominação carismática, através da sedução de Hitler, a ditadura no Brasil foi instituída pela dominação legítima, já como haviam leis que legitimaram o poder autoritário do presidente. O Ato Institucional 1, por exemplo, dava ao governo militar o poder de alterar a constituição, cassar leis legislativas, cassar direitos políticos da oposição, além do fim das eleições diretas. Já a Lei da Anistia legalizava punições aos cidadãos brasileiros considerados criminosos políticos pelo regime militar.
Contudo, o Golpe só foi possível pois os militares tiveram o apoio da sociedade civil. A elite apoiadora possuía extrema importância no cenário institucional, já como elas influenciam a tomada de decisões econômicas, sociais e políticas. Enquanto a burguesia industrial paulista detinha poder de ordem econômica, a imprensa e a igreja o poder de ordem social e o governo dos Estados Unidos, também envolvidos no auxílio do golpe, de ordem política.
Enquanto os militares foram motivados a fim de tomar o poder e a valores “anticomunistas’’ e pró a família tradicional brasileira, a elite, além dos mesmos valores, também foi motivada por interesse econômico. Vale ressaltar a importância da influência religiosa conservadora no indivíduo.
Podemos observar que os valores conservadores dos militares se mantêm até os dias de hoje. O medo do comunismo e a onda tradicional-conservadora foram uma das piores heranças da ditadura militar brasileira. Atualmente, tal herança foi decisiva nas eleições presidenciais. O presidente eleito, por exemplo, já expressou sua ideologia e afirmou, em rede pública, que o erro da ditadura militar foi “apenas” ter torturado comunistas, não os matado. Vemos um indivíduo motivado pelos mesmos valores do que os militares na época da ditadura.
Além disso, analisando o cenário político atual através do método comparativo de Weber, podemos apontar semelhanças entre nosso passado ditatorial. Em ambos os cenários, o país sofre com uma crise econômica. Em 1964, a inflação chegava à 90%, e, hoje em dia, além da inflação, porém não tão alta, houve uma queda no PIB brasileiro. Hoje, é majoritariamente a classe média brasileira quem se revolta contra o governo, com o apoio de empresários - exatamente como há 54 anos. Em 64, um famoso protesto foi “Marcha da família com Deus pela liberdade”, e, em 2015, um protesto similar foi feito em “Não vou pagar o pato”, contra juros altos. Outra semelhança é a postura da imprensa: os grandes jornais sempre estiveram ao lado dos golpistas, tanto no golpe de 1964, quanto no golpe de 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff.
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